26º Grito das Excluídas e dos Excluídos une movimentos e dialoga com povo de BH
Com o “Vida em primeiro lugar – Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação!”, manifestação tem ato simbólico e intervenções na capital mineira
Publicado: 07 Setembro, 2020 - 16h20 | Última modificação: 08 Setembro, 2020 - 11h03
Escrito por: Rogério Hilário
O 26º Grito das Excluídas e dos Excluídos, em Belo Horizonte, uniu, no final da manhã e início da tarde desta segunda-feira, 7 de setembro, movimentos sindicais, sociais, populares, população em situação de rua e lideranças políticas em intervenções e ato simbólico, por causa da pandemia de Covid-19. O tema da mobilização, neste ano, foi “Vida em primeiro lugar – Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação”. Os manifestantes, que se reuniram em cinco locais na capital mineira, respeitaram as orientações dos órgãos de saúde: distanciamento social, uso obrigatório de máscaras, álcool em gel e demais cuidados.
No protesto na Praça da Estação, Região Central de Belo Horizonte, além de faixas com as pautas de excluídas e excluídos, foram instaladas cruzes pretas e demais cores do arco-íris, que simbolizaram a diversidade do povo brasileiro, como os homossexuais, transgêneros, negras e negros, que vêm sendo atacados e reprimidos pelo governo neofacista e de extrema direita de Jair Bolsonaro.
As intervenções e manifestações também aconteceram na Igreja São Francisco – Pampulha; Viaduto da Avenida Antônio Carlos na Pedreira Prado Lopes/Ocupação Pátria Livre; Viaduto da Avenida Antônio Carlos, com a Avenida Abrahão Caram e Avenida Amazonas, em frente ao Mercado Central.
“Estamos aqui na Praça de Estação, em Belo Horizonte. É uma manifestação que se faz todo ano e neste ano com um ritual é diferente. Estamos em plena pandemia. Vemos aqui um ato que é simbólico, muito importante. Não se trata de nenhuma comemoração de Independência do Brasil, até porque a independência se faz a cada dia. E mais ainda nesta perspectiva de pandemia é o que sentimos, isso por parte da população“, disse William Santos, vice-presidente do Sindicato dos Advogados.
Cristina Del Papa, coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (Sindifes), enfatizou, em sua fala, que os temas da manifestação são contra a discriminação, a exclusão, em favor da vida e do respeito à diversidade. “Estamos aqui na organização do 26º ato do Grito das Excluídas e dos Excluídos, que nós temos como tema a defesa da vida. Estamos realizando este ato de hoje para mostrar a população que, mesmo com o isolamento social, na pandemia, temos que manifestar o que está acontecendo no nosso país. Não podemos aceitar que um saco de arroz esteja a mais de R$ 20, que um saco de feijão a R$ 15. Como que o pobre vai comer, a mulher e o negro se continuar deste jeito. O Grito dos Excluídos é exatamente para mostrar que a população da periferia, que é excluída, tem a necessidade de dizer não a este governo que está aí: Fora, Bolsonaro.”
“Colocados cruzes na Praça da Estação, durante a manifestação. As pretas estão aqui para simbolizar as quase 130 mil pessoas, quantidade de vidas que foram perdidas no Brasil e, aqui, em Belo Horizonte, mais de 2 mil pessoas. E também trouxemos as cruzes coloridas para poder representar a diversidade, porque o Brasil é um dos países onde mais se mata homossexuais no mundo. Então, as coloridas são para mostrar que também temos que ter respeito pela diversidade no nosso país”, afirmou Cristina Del Papa.
Para Soniamara Maranho, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Minas Gerais, a pauta é “basta de exclusão e preconceito, defesa da vida, democracia, soberania, fora Bolsonaro, fora Zema”.
“Hoje, no 26º Grito, estamos aqui enquanto MAB e Frente Brasil Popular, dizendo basta de exclusão, basta de preconceito. E que nos propomos a discutir um projeto que sirva, principalmente, para a classe trabalhadora, que produz toda a riqueza de nosso país. Então, em defesa da vida e dos nossos direitos historicamente conquistados, da democracia e da soberania do povo brasileiro, nós falamos também fora Bolsonaro, fora Zema. Que têm feito hoje um papel de entrega de um patrimônio histórico dos trabalhadores e do povo brasileiros para os acionistas, rentistas e bancos. Nós queremos construir uma alternativa ao sistema capitalista. E nosso sistema tem a vida em primeiro lugar. A vida, a solidariedade, a paz e distribuição da riqueza sobre controle popular, é a melhor herança que podemos deixar para o povo brasileiro e nossos filhos. Por isso: pátria livre, venceremos.”
“Este é um Grito que acontece desde os anos 1990, trazendo às ruas os diversos gritos, diversos movimentos e pessoas que lutam. Hoje foi muito importante, porque conseguimos aglutinar aqui, unificar nesta praça movimentos diversos: tanto sindicais, partidários, populares, dos diferentes partidos. Todos estão aqui unificados gritando contra esta exclusão, esta violência e contra este governo genocida”, disse Dirlene Marques ,do Movimento 8 de Março Unificado.
As vidas de milhares de mulheres e homens vêm sendo empurradas para uma fronteira de condição desumana e miserável em nosso país. Perdas de direitos e garantias sociais, conquistas que ofereciam um mínimo de Estado de bem-estar, avanço predador sobre territórios tradicionais e sobre nossos biomas, colapso das grandes cidades e pauperização das periferias; descuido com a casa comum, com as maiores populares e persistência de uma mentalidade escravocrata e preconceituosa que torna em alvo a vida e corpos de negras e negros, das mulheres, dos povos indígenas e das pessoas com gêneros e sexualidade diversos.
A pandemia do Covid-19 tem escancarado aquilo que muitos movimentos populares, comunidades eclesiais, povos tradicionais, acadêmicos e militantes já denunciavam: nosso modelo de desenvolvimento econômico mata! Por isso, o nosso grito é para afirmar: dignidade não se negocia!
O 26º Grito das Excluídas e dos Excluídos é o terceiro Dia Nacional de Mobilização da Campanha Fora Bolsonaro.
26º GRITO DAS EXCLUÍDAS E DOS EXCLUÍDOS! VIDA EM PRIMEIRO LUGAR!
BASTA DE MISÉRIA, PRECONCEITO E REPRESSÃO!
QUEREMOS TRABALHO, TERRA, TETO E PARTICIPAÇÃO!