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Atingidos pelo rompimento da barragem realizam marcha de Mariana a Vitória

Após três anos do crime da Samarco, milhares de atingidos fazem manifestações ao longo dos 650 km atingidos pela lama de rejeitos em luta por seus direitos

Publicado: 31 Outubro, 2018 - 17h47 | Última modificação: 31 Outubro, 2018 - 18h40

Escrito por: MAB

Lydiane Ponciano
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Paracatu de Baixo, uma das localidades destruídas pelo crime socioambiental da Samarco

 

No dia 5 de novembro completam-se três anos do maior crime socioambiental do Brasil: o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton. Desde então, a luta das famílias atingidas segue, mas sem resposta real da Justiça e sem punição das empresas criminosas. Nenhuma casa foi construída, milhares não são reconhecidos, e a população denuncia que a Fundação Renova “empurra” os problemas sem previsão de reparação real na vida dessas famílias.

Para denunciar os três anos sem respostas e fortalecer a luta nas regiões, os atingidos e atingidas pelo crime da Samarco/Vale/BHP, organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB, realizam a Marcha “Lama no Rio Doce: 3 Anos de Injustiça”, entre os dias 4 e 14 de novembro.

A Marcha tem início nos dias 4 e 5 de novembro, com um encontro de mulheres que debate as consequências do crime na vida das mulheres e crianças na Bacia do Rio Doce, em Mariana, em Minas Gerais, de onde os atingidos seguem para iniciar o mesmo trajeto feito pela lama, até Vitória no Espírito Santo.

“As mulheres não são reconhecidas pela Renova, somos 70% que não são atendidas por nenhum dos programas em toda a Bacia toda. Nós é que temos que lidar com os problemas de saúde, a falta do território que tínhamos antes, a perda de laços comunitários e familiares que o crime trouxe, devemos ser reconhecidas e respeitadas”, reafirma a atingida Márcia, de Colatina.

Com a mensagem “Do Rio ao Mar: Não vão nos calar!”, a Marcha realiza ações em outros dez municípios do trecho até o mar, com Feiras de Saúde, atos culturais, caminhadas, celebrações religiosas e assembleias. “Estamos fazendo uma marcha ampla, que vai unir nós atingidos de toda a Bacia do Rio Doce para lutarmos juntos, por que só assim somos ouvidas pela sociedade e atendidas pelas empresas criminosas”, afirma Letícia, do Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB.

Entenda

No dia 05 de novembro de 2015, a Barragem de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton, se rompeu e derramou 48,3 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos na natureza. A lama percorreu cerca de 650 km entre Mariana, em Minas Gerais, até a foz do Rio Doce no município de Linhares, Espírito Santo, espalhando-se por várias comunidades ao norte e ao sul da foz.

Atingiu, pela sequência, o córrego Santarém, o rio Gualaxo do Norte, o rio Carmo e todo o Rio Doce em um trajeto que compreende 43 municípios. Destruiu diversas casas, bens, modos de vida, fontes de renda, sonhos e projetos de vida. O rompimento matou 19 pessoas e provocou um aborto forçado pela lama no distrito de Bento Rodrigues. Destes, ainda há um corpo desaparecido de um trabalhador direto da Samarco.