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Greve Nacional leva mais de 200 mil às ruas de BH contra os cortes na educação

Marcha e atos nas ruas do Centro da capital unem professoras, professores, estudantes, centrais sindicais e movimentos sociais na luta em defesa de universidades e aposentadorias , rumo à greve geral

Publicado: 10 Maio, 2019 - 10h57 | Última modificação: 16 Maio, 2019 - 10h57

Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Sindifes

Lidyane Ponciano
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Nesta quarta-feira, 15 de maio, Dia Nacional de Greve na Educação mais de 200 mil pessoas foram às ruas de Belo Horizonte para uma manifestação histórica por uma educação pública de qualidade e contra os cortes nas verbas das universidades e das pesquisas. Os manifestantes também protestaram contra a proposta de reforma da Previdência, as privatizações e os ataques do governo de Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, que levaram à redução de 80 mil vagas nas escolas de educação integral.

A paralisação unificou em todos os níveis os ensinos municipal, estadual e federal, Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), demais centrais, movimentos sindical, sociais e populares. Ato, um dos maiores de todos os tempos na capital mineira, e greve são um esquenta para Greve Geral de 14 de junho. O protesto também aconteceu no interior do Estado e em todo o Brasil e foi a primeira grande mobilização contra os desmandos do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL).

Em atividade que antecedeu as manifestações, os professores da rede municipal de ensino realizaram assembleia. Aos educadores se uniram, aos poucos, estudantes e professores das universidades estaduais, dos Centros Federais de Educação Tecnológica, dos Institutos Federais e da UFMG, que saíram das suas escolas em marcha. Da Praça da Estação, o protesto seguiu para Praça Sete, onde não puderam se concentrar pelo número de manifestantes. Por causa disso, a passeata foi para a Praça Raul Soares. A professora Rose Pimentel encerrou o ato cantando “Se se Calla el Cantor”, de Horacio Guarany, sucesso com a cantoria argentina Mercedes Sosa, e “O que é o que é?”, do Gonzaguinha.

“Hoje, com a Greve Nacional da Educação, temos mais de 200 mil pessoas nas ruas de Belo Horizonte. E também temos manifestações, mobilizações e atos em cidades do interior, como Juiz de Fora, Uberaba, Uberlândia, Ouro Preto, Pouso Alegre, Mariana, Lavras, Diamantina, Frutal, Viçosa e outras cidades Isso demonstra a união de estudantes, professoras, professores, trabalhadoras e trabalhadoras na defesa da educação e que, no dia 14 de junho, temos todas as condições de construir uma grande Greve Geral e parar o país. Educadoras e educadores de Minas Gerais também estão no enfrentamento com o governo Zema, que cortou 80 mil vagas na educação integral”, disse Beatriz Cerqueira, deputada estadual (PT), da Coordenação do Sind-UTE/MG e presidenta da CUT/MG.

“É um momento também para que nós, do Parlamento, mostremos o que é representatividade ativa. Existem deputadas e deputados que fazem todo dia luta pelas pautas de quem eles representam. Nossos mandatos estão a serviço do que fizemos aqui hoje. Nunca no Brasil se viu tanta violência institucionalizada contra as mulheres que ocupam o Parlamento. Mesmo com a menos compromissadas com as pautas progressistas e populares. Nas comissões, em defesa da educação e dos direitos, enfrentamos violências todos os dias. Bolsonaro, Zema e outros que enfrentamos vão se lembrar sempre deste 15 de maio. Que tem deputados que fazem a luta. Que os estudantes, educadoras e educadoras que estão aqui deram uma aula histórica. Estaremos sempre na luta por quem representamos”, acrescentou Beatriz Cerqueira.

Jairo Nogueira Filho, secretário-geral da CUT/MG, destacou a importância da mobilização conjunta pela educação, que resultou na greve e no ato histórico desta quarta-feira no Estado. Ele ressaltou, ainda, a necessidade de manter o povo nas ruas contra as pautas dos governos estadual e federal. “Seguiremos nas ruas contra os cortes na educação e a reforma da Previdência. Nosso próximo passo é a Greve Geral, no dia 14 de junho. Vamos parar o Brasil contra a reforma do governo Bolsonaro, que é uma continuação piorada da do governo Temer. Além de acabar com a possibilidade de aposentadoria, vai reduzir a remuneração dos que já se aposentaram, pois propõe reajustes inferiores ao índice inflacionário e  o sistema de capitalização”, resumiu Jairo Nogueira.

O diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG), Alexandre Finamori França Baptista, lembrou que sua categoria se uniu aos profissionais do ensino público na defesa do investimento dos recursos do pré-sal na educação. “Estamos juntos nesta pauta e contamos com eles na luta contra as privatizações, que visam também a educação pública”, disse Finamori.

Para Helberth Souza, da Direção Executiva do Sindicato dos Bancários, “Bolsonaro mexeu com um vespeiro”. “Hoje foi um dia muito importante, em que demostramos nossa capacidade de reação. Vamos impedir o retrocesso com uma grande Greve Geral. A classe média tem que se unir nas lutas senão vai sentir o que Bolsonaro pretende trazer ao país: o retrocesso. Ele não se contentou em atacar os aposentados, os trabalhadores, mas agora visa a educação. Não podemos abrir mão do que do avanço que construímos. O Bolsonaro quer acabar com os avanços da educação. Se não lutarmos, se não continuarmos unidos e nas ruas, tende a piorar ainda mais. O Paulo Guedes (ministro da Economia) já falou em acabar com a isenção das despesas com a educação privada no Imposto de Renda.”

“O Sind-UTE/MG, educadoras e educadores de Minas Gerais se unem nesta luta como aconteceu em 2017, quando derrotamos a proposta de reforma da Previdência de Michel Temer. Para isso, fizemos uma greve de mais de 30 dias. E estamos juntos na luta contra os cortes nas verbas da educação, feitos por Jair Bolsonaro, e no enfrentamento contra o ‘tesourão’ Zema, que corta na educação integral como se administrasse uma das suas lojas. Ensinamos hoje, aos governos, que quem mexe com a educação está ferrado. Têm que respeitar professoras, professores, estudantes, trabalhadores administrativos, estudantes, pais e filhos. Nas escolas a gente constrói, se produz o conhecimento e elas se tornaram um local de resistência contra o retrocesso”, disse Denise Romano, coordenadora do Sind-UTE/MG.

“Eu, uma das poucas deputadas negras de Minas Gerais, estou aqui para trazer minha solidariedade às lutas de professoras, professores, estudantes e todos os educadores. Além de ser uma educadora, também senti na pele o que é, todo ano, dormir na fila para conseguir uma vaga em uma escola pública. Com muita luta, isso mudou. Mas, no momento, enfrentamos os ataques do governo Zema que significam o retrocesso. Ele tem que acordar, pois não tem esta história de que tanto faz ensino público ou privado. No serviço público tudo foi construído pelo povo. Não queremos cota de 30% para os negros, queremos paridade. Nós construímos as políticas educacionais nas ocupações. Não vamos retroceder com este ajuste fiscal. Estaremos lá para dizer não. O Parlamento vai ter que ouvir muito de nós sobre educação. Não estamos lutando por permanência, mas por ampliação”, ressaltou a deputada estadual Andréa de Jesus (Psol).

“Trouxemos para as ruas, num dia histórico, não apenas a luta de educadoras e educadores, mas também transmitimos a união de todos os que defendem a educação, sejam bancários, eletricitários, metalúrgicos, petroleiros. Todos estamos juntos neste esquenta para a greve geral no dia 14 de junho. Fiquei sabendo de algo que nos dá ainda mais disposição: Bolsonaro disse no Texas que quem foi para as ruas hoje são um bando de idiotas. Somos os idiotas que não vamos deixar que ele acabe com nossos direitos, com a educação pública de qualidade, com a saúde e com a aposentadoria”, afirmou Valéria Morato, do Sinpro-MG e da CTB.

“Ele não vai conseguir manter os cortes nas verbas da educação. A greve e as manifestações de hoje comprovaram nossa força. E, no dia 14 de junho, vamos parar todo o país pelos direitos de todas e todos e em defesa da aposentadoria. Vamos barrar todo este projeto golpista”, falou Robson Gomes da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Minas Gerais (Sintect-MG).

“Hoje demos um passo histórico para dar um recado ao Bolsonaro: não vamos aceitar cortes nos investimentos em educação. Não voltaremos aos anos 60 e 70, quando a elite é que comandava a pesquisa. O que incomoda o governo e a elite é que o filho do pobre, o indígena, o negro conquistaram o direito de frequentar a universidade pública e de qualidade. O governo federal é contra o modelo de inclusão, quer acabar com isso. Ataca a pesquisa, a ciência e a tecnologia”, definiu Maurício Vieira Gomes da Silva, do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições de Ensino Federais (Sindifes).

Seminário

À tarde foi realizada a sexta edição do Seminário sobre Reforma da Previdência no auditório do CAD 1, no Campus Pampulha da UFMG, em  Belo Horizonte. A atividade faz parte da Greve Geral da Educação e teve a participação de técnicos-administrativos, docentes, educadores e estudantes das redes municipal, estadual e federal. A atividade também integra a Campanha de Filiação, Recadastramento e Conscientização do Sindifes, que pretende enfatizar a importância do Sindicato para os trabalhadores das Instituições representadas por este Sindicato.

O Seminário teve como objetivo informar a Categoria sobre os impactos da reforma da Previdência, principalmente para os servidores públicos federais, e apresentar o futuro do sistema previdenciário caso a reforma seja aprovada. A atividade também faz parte das mobilizações contra a reforma da Previdência do governo Bolsonaro. Para apresentar o tema, foi convidado o economista e técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), Frederico Melo. 

 

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Seminário sobre a Reforma da Previdência no Dia Nacional de Greve da Educação