Ato em homenagem aos trabalhadores mais antigos da Inconfidência demitidos por Zema
Publicado: 01 Março, 2023 - 15h38 | Última modificação: 01 Março, 2023 - 15h50
Escrito por: SJPMG | Editado por: Rogério Hilário
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) realiza nesta quarta-feira, às 13h30, Ato de desagravo aos mais antigos trabalhadores da Rádio Inconfidência demitidos pelo governo Zema, com o aval do secretário de Cultura, Leônidas Oliveira, sem indenização trabalhista pelos anos de dedicação à emissora pública mineira. A manifestação será na porta da emissora, na Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Bairro Barro Preto.
Além do apresentador e jornalista Ricardo Parreiras, 95 anos, 74 de Inconfidência, a emissora pública também demitiu a radialista mais antiga, Maria Lúcia Carneiro (Lucinha), 84 anos, 35 na casa, e outros três trabalhadores com anos de rádio sem conceder ao menos aviso prévio. Os trabalhadores receberam uma carta de agradecimento e o resumo de uma decisão do STF de repercussão geral envolvendo o Estado do Acre. Nada mais.
Ricardo Parreiras de Oliveira, apresentador mais antigo da Rádio Inconfidência, apresentava o programa “Clube da Saudade” há 25 anos na emissora pública mineira. O jornalista foi demitido sem direito a verba rescisória e sem poder se despedir dos seus ouvintes. O funcionário mais antigo da empresa, José Parreiras de Oliveira, começou a carreira como cantor em 1936, pouco após a fundação da emissora.
Após a demissão, Lucinha foi aconselhada pelo RH, em áudio obtido pelo (SJPMG), a vender empadinhas na emissora para seu sustento. Segundo a gravação, concluída a demissão, a rádio poderia autorizar a entrada na emissora da trabalhadora, que não é aposentada e não terá direito a nenhuma indenização pelos anos trabalhados, para vender empadinhas.
Justo ela que trabalhava de fato e diariamente na seleção das músicas que eram tocadas nos programas mais importantes da Inconfidência AM. Com sua saída e de outros trabalhadores, como Miguel Rezende, coordenador do AM, muitos programas estão sendo reprisados por falta de mão-de-obra. Miguel, também demitido, tinha 35 anos de Inconfidência.
Lucinha, que ganhava cerca de R$ 2.700 mensais, vendia salgados de vez em quando na emissora para completar o orçamento, pois os salários dos trabalhadores com anos de casa e concursados são baixos, em torno de R$ 4 mil no geral, em contraponto a dos indicados pelo governo Zema que chegam a receber R$ 15 mil. Atualmente, cerca de 60% dos trabalhadores da Inconfidência são comissionados e o plano emissora é terceirizar para a iniciativa privada toda mão-de-obra.
O projeto do governo Zema e do secretário de Cultura é acabar com a Inconfidência AM e terceirizar a operação da emissora pública mineira para a iniciativa privada. No aplicativo recém lançado pela Rádio Inconfidência os ouvintes podem escutar os programas da FM, mas nenhum do AM, única frequência que chega em todos os rincões de Minas. No começo da gestão Zema houve uma tentativa de extinguir a Inconfidência AM, mas a pressão feita pelo movimento Fica Inconfidência, com ajuda do Legislativo, freou a tentativa. Agora, em seu segundo mandato, o governador, com ajuda do secretário de Cultura, retomou o projeto de acabar com a mais antiga rádio de Minas, que em setembro completa 86 anos de existência.
Zema e Leônidas, tirem o pé da nossa #rádio. E da nossa serra.