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Ato Político-Cultural relembra 25 anos do Massacre de Eldorado do Carajás

Atividade integra a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária de abril, com ações simbólicas por todo país contra os massacres e na defesa da Reforma Agrária Popular

Publicado: 16 Abril, 2021 - 11h38

Escrito por: Fernanda Alcântara / Da Página do MST

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Um mês de luto e luta camponesa internacional em defesa da Reforma Agrária. Durante o mês de abril, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) organiza todos os anos a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária (JURA), com uma série de atos em homenagens aos 21 trabalhadores Sem Terra assassinados em Eldorado do Carajás, em 17 de abril de 1996, no sul do Pará.

As mobilizações da Jornada Nacional, feitas tradicionalmente de forma massiva, pelo segundo ano consecutivo serão realizadas à distância por causa da pandemia da Covid-19, mas sem perder jamais seu caráter de luta e resistência. Um delas é o Ato Político-Cultural Internacional, que resgata a memória dos trabalhadores Sem Terra vítimas de um dos maiores massacres já realizados no campo, o Massacre de Eldorado do Carajás, e denuncia os 25 anos de sua impunidade. A atividade ocorre no próximo sábado (17/4), às 10h, com a previsão de participação de cerca de mil pessoas de várias partes do país e do mundo. Também será um momento para celebrar as batalhas enfrentadas pelo campo popular, refirmar a importância da luta pela Reforma Agrária Popular e debater os principais desafios da classe trabalhadora para este ano.

O ato será realizado no Dia Internacional da Luta Camponesa, o dia “D”, que também contará com um conjunto de ações simbólicas pelos país a partir das 9 horas, vigília em homenagem aos mártires de Eldorado do Carajás e ações nas redes sociais com twittaço. Durante o ato cultural do dia 17 também será lançada a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), que desde 2014 vem mobilizando várias instituições de ensino superior na defesa da Reforma Agrária e da educação pública como bases para construção de um projeto popular para o país.

A JURA tem como objetivo reconhecer os movimentos populares do campo como sujeitos coletivos de produção do conhecimento e a legitimidade de suas lutas em defesa da qualidade da alimentação do povo brasileiro e da democratização da terra, da educação, da cultura e da comunicação.

Este ano as homenagens e denúncias de impunidade dos 25 anos do Massacre são marcadas pela dor no peito pelos outros massacres atuais, da pandemia, do vírus e da fome. Ao mesmo tempo, o MST se mantém no desafio da  transformação social e da tarefa histórica de manter viva a chama da luta pela terra, da Reforma Agrária Popular e da memória dos 21 mártires de Eldorado do Carajás.

Ações

As mobilizações que integram a programação da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária do MST também reafirmam a importância da luta pela Reforma Agrária. Diante do governo Bolsonaro, os atos pelo país levantam ainda a reflexão acerca dos retrocessos e da violência no campo.

Várias atividades estão sendo realizadas desde o dia 10 de Abril na 15ª edição do Acampamento Pedagógico da Juventude Oziel Alves. O acampamento, que tradicionalmente é realizado na Curva do “S”, em Eldorado do Carajás onde ocorreu o massacre, abre a Jornada Nacional de Lutas do Movimento Sem Terra. A programação segue até o dia 17 com informações, oficinas, atividades culturais e de memória sobre os assassinatos e terá ainda a visita ao cemitério de Curionópolis, onde as vítimas do massacre foram enterradas. Também será realizada a revitalização do Monumento das Castanheiras e do Memorial de Carajás, entre outras ações simbólicas.

No dia 18/4 (domingo), ações de solidariedade realizadas em todo o país ressaltam a importância da produção de alimentos saudáveis, principalmente nesta pandemia em que homens, mulheres, crianças, jovens e idosos estão caminhando à margem da pobreza e sem perspectiva de ter o básico para sobreviver. As ações dão continuidade à campanha de doação de alimentos do MST.

O encerramento das atividades da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, será no dia 21 de abril e terá a perspectiva da luta pela vida, a partir da recuperação de áreas degradadas por meio da campanha “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”. Lançada em 2019, a proposta é que em 10 anos as famílias acampadas e assentadas da Reforma Agrária e a sociedade em geral plante 100 milhões de árvores em todo o país. Durante o dia 21, serão plantadas e distribuídas mudas para construir no MST, e na sociedade o entendimento de que Reforma Agrária é sinônimo de alimentação saudável e de cuidado com os bens comuns da natureza.

25 anos do Massacre

No dia 17 de abril deste ano completará 25 anos do fato que deu origem ao Dia Nacional e Internacional da Luta pela Reforma Agrária. A data demarca a Jornada de Lutas do MST pela Reforma Agrária Popular, conhecida como “Abril Vermelho”, que relembra a memória do Massacre da Polícia Militar do Pará, que ocorreu no local conhecido como Curva do “S”, no final da tarde de 17 de abril de 1996, vitimando 21 trabalhadores Sem Terra do MST, no município de Eldorado dos Carajás.

Cerca de 1.500 Sem Terra que estavam acampados na região seguiam em marcha de Curinópolis até Belém do Pará, pela estrada estadual PA-150, reivindicando a desapropriação da fazenda Macaxeira, a qual o governo do estado já havia se comprometido a negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e com os órgãos federais competentes. A Polícia Militar, recebeu ordens do governador do Pará na época, Almir Gabriel para “tirar” os trabalhadores Sem Terra do local, e começou a atirar contra as pessoas que participavam do protesto por terra e justiça na beira da rodovia.

Dos mais de 100 policiais que participaram da ação e foram a julgamento, todos foram absolvidos dos crimes. Em 25 anos que se passaram, o sangue derramado não cessou e continua a cair em mais duas décadas de impunidade. Mas o sangue daqueles que tombaram ainda pulsa nas veias dos Sem Terra do MST, que seguem lutando por uma sociedade justa, livre e igualitária.

Por isso, as atividades que relembram o massacre, mesmo realizadas à distância e de forma virtual, procuram mantêm vivo o sonho pelo direito à terra, ao alimento saudável e à justiça.

Confira o calendário de lutas da Jornada de Abril

10 a 17/4 – 15º Acampamento Pedagógico da Juventude da Sem Terra Oziel Alves Pereira;

16/4 – Ação nas redes sociais;

17/4 – Dia Internacional da Luta Camponesa. Ato Político-Cultural às 10h (virtual). Dia “D”, com ações simbólicas às 9h. Ação nas redes sociais com twittaço;

18/4 – Ações de solidariedade por todo o país;

21/4 – Ações do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”