MENU

Bancárias e bancários lutam por direitos e denunciam a ganância dos patrões

Categoria realiza ato de protesto em frente ao Bradesco, em Belo Horizonte, um dia antes de nova rodada de negociação da Campanha Salarial de 2018

Publicado: 18 Julho, 2018 - 15h46 | Última modificação: 18 Julho, 2018 - 15h50

Escrito por: Rogério Hilário

Rogério Hilário
notice
Bancárias e bancários durante ato de protesto em frente a agência do Bradesco, no Centro de BH

 

Trabalhadoras e trabalhadores, organizados pelo Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, participaram, na manhã desta quarta-feira (18), de Ato público de protesto contra a ganância dos banqueiros e para defender a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e todos os direitos da categoria. A manifestação aconteceu em frente à agência do Bradesco, na Praça Alberto Deodato, entre as ruas da Bahia, Goitacazes e Goiás, no Centro da capital mineira, e fez parte da Campanha Salarial 2018, realizada nacionalmente e antecipada para julho.

A mobilização antecede mais uma rodada de negociação, que terá em pauta saúde e condições de trabalho, programada para esta quinta-feira (19), na Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), em São Paulo. Bancárias e bancários  realizarão outras manifestações na próxima semana, antes de mais uma reunião com os patrões, agendada para o dia 27. De acordo com a agenda de negociações, no dia 1° de agosto os banqueiros se comprometeram a apresentar uma proposta, que incluirá todos os itens. Depois disso, vão ser convocadas assembleias para avaliação da resposta às reivindicações. No ato desta quarta-feira (18), os dirigentes do Sindicato dos Bancários de BH e Região também dialogaram com os belo-horizontinos e denunciaram que os banqueiros foram um dos maiores financiadores do golpe, que atualmente castiga a classe trabalhadora e a população.

Diante das graves ameaças em consequência da reforma trabalhista, é fundamental que todos estejam mobilizados para pressionar os bancos e cobrar que atendam às reivindicações da categoria. “Todos os direitos que temos hoje são fruto de muita luta, resistência e unidade. Nossa campanha nacional unificada e a mesa única de negociação garantiram importantes avanços e a construção da Convenção Coletiva de Trabalho válida para todos os bancários do Brasil. Temos que ocupar as ruas em defesa de nossos direitos. Essa luta é de todos nós”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de BH e Região, Eliana Brasil.

Apesar de acumular lucro superior a R$ 77 bilhões em 2017, os cinco maiores bancos do país fecharam 17.905 postos de trabalho no ano passado. Desta forma, o atendimento aos clientes torna-se a cada dia mais precário e a redução do quadro de pessoal provoca sobrecarga de trabalho para bancárias e bancários, com estresse, adoecimento e, mesmo, suicídios. As demissões ainda contribuem para o aumento da taxa de desemprego no país. As tarifas bancárias foram reajustadas em mais de 25%, acima da inflação, e os juros são exorbitantes – ultrapassam 600%, o que leva a um crescimento do endividamento da população, que está nas mãos dos bancos. Como, em função da obtenção de maior lucratividade, os patrões investem pouco em segurança, clientes e funcionários são ameaçados, constantemente, pela violência.

“Os bancos vêm lucrando à custa da exploração dos clientes e dos funcionários. Até expulsam os clientes das agências, mandando-os para as casas lotéricas. Financiaram o golpe e são os articuladores da reforma trabalhista, pois querem retirar os direitos históricos da categoria. A ganância dos banqueiros está destruindo o país. O Itaú teve uma dívida de R$ 27 bilhões perdoada.  Nossa campanha diz o que queremos e exigimos: todos por tudo. Nenhum direito a menos”, disse Rogério Tavares, da Diretoria Executiva da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Minas Gerais (Fetrafi-MG).

“Antecipamos a campanha porque a reforma, na verdade, deforma trabalhista acabou com a ultratividade. O que garantia a manutenção das cláusulas do acordo coletivo anterior e dos direitos dos trabalhadores foi destruído pelos golpistas. Hoje, precisamos estar atentos a estas questões, e lutarmos não apenas para avanças, mas para manter direitos e conquistas. Temos mais uma negociação amanhã com a Fenaban. Desta vez estão na pauta saúde e condições de trabalho. Segundo estudos e pesquisas, a categoria é uma das que mais adoece no país. Em primeiro lugar estão os motoristas de ônibus. Mas eles não trabalham sob o efeito de remédios tarja preta. Bancárias e bancários estão estressados, enfartando e cometendo suicídio. E tudo isso entra nas estatísticas como acidentes naturais. Chamamos a classe bancária e a população para engrossar a nossa luta contra as reformas do governo golpista, que ameaçam a todos. É o Sindicato dando o seu recado na rua, conscientizando trabalhadores bancários e toda a população sobre a importância desta luta”, afirmou Luciana Duarte, diretora de Saúde do Sindicato dos Bancários de BH e Região.

Carlos Augusto (Mosca), diretor regional, reiterou as perdas que as reformas do governo golpista e ilegítimo podem provocar. “A reforma trabalhista nos fará morrer de trabalhar e, da Previdência, trabalhar até morrer. O governo golpista e ilegítimo aprovou a PEC 95, que congela investimentos em saúde e educação. Mas, o absurdo, é que não congela os juros. O país tem 14 milhões de desempregados. O governo Temer anunciou que, com a reforma trabalhista, o emprego aumentaria. Mentira. Nós estamos retrocedendo. As políticas sociais estão sendo extintas. O Brasil está na bancarrota, sem perspectiva. Os paneleiros, que diziam que lutavam contra a corrupção, onde estão? Temos um dos governos mais corruptos da história. Enganaram o povo brasileiro.”