Banco do Brasil: quando o assédio vira rotina
Publicado: 19 Julho, 2022 - 14h49
Escrito por: Sindicato dos Bancários de BH e Região | Editado por: Rogério Hilário
No último fim de semana, funcionários de uma agência Estilo do Banco do Brasil passaram por momentos de apreensão em função do desaparecimento de um colega da agência após um desentendimento com o gerente geral, na última sexta-feira, 15, ao final do expediente. O colega foi localizado na noite de sábado, bem e com vida, mas o caso acabou trazendo à tona a questão do assédio moral e como ele encontra-se institucionalizado na nossa empresa.
O Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região esteve na agência na segunda-feira, 18 de julho, cedo e os relatos dos colegas (que não serão colocados aqui como forma de preservar a identidade dos mesmos) chamaram atenção pela sua recorrência e pela forma “natural” como a prática é vista por alguns.
Muitos conhecem um mito popular que diz que se você colocar um sapo numa água fria e ir esquentando aos poucos, ele morre cozido por não perceber a variação da temperatura. E é assim que se vê quando colegas normalizam o assédio. Seja por medo da retaliação, por instinto de preservação, ou porque o sistema os fez pensar que é normal, ao fazê-lo acontece o mesmo que com o sapo na água quente: esse Funci vai morrendo aos poucos e essa “morte” aparece no formato do adoecimento psíquico, com crises de choro, crises de pânico, doenças auto-imunes, Burnout etc.
E a solução? Dá-lhe medicação… Quinze dias é o tempo, em média, para um antidepressivo fazer efeito, e é normalmente o tempo de afastamento inicial de um funcionário com algum distúrbio de ordem psíquica. É o tempo do funcionário, já medicado, voltar a produzir e tornar suportável algo que jamais deveria ser suportado por nenhum ser humano: o assédio e as cobranças sem medidas.
E esse assédio não está restrito à gerência média, assistentes ou escriturários. Ele vem lá de cima, como uma reação em cadeia. Mas são eles o elo “mais fraco” dessa cadeia e os que mais sofrem com isso. E, como qualquer reação em cadeia, se alguém não der um basta, ela nunca cessa, vai se retroalimentando e levando todos a um estado de adoecimento coletivo e permanente.
O Sindicato já está atuando junto à GEPES e à Superintendência para mediar o problema, e reafirma sua posição no combate ao assédio moral e sexual, orientando que funcionárias e funcionários não se deixem intimidar e busquem ajuda enquanto é tempo.