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Com a privatização, metroviárias e metroviários sofrem assédios e cortes de direitos

Práticas antissindicais, desrespeito ao acordo coletivo e demissões em massa são outras mazelas impostas pelo grupo Comporte

Publicado: 20 Julho, 2023 - 17h40

Escrito por: Sindielerto/MG | Editado por: Rogério Hilário

Rogério Hilário
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Após a privatização do metrô de Belo Horizonte, no final de 2022, os trabalhadores e trabalhadoras metroviários acumulam assédios, corte de direitos, práticas antissindicais, desrespeito ao acordo coletivo e demissões em massa, entre outras mazelas impostas pelo grupo Comporte.

Já a população sofre com o desmonte do serviço público e o reajuste de 18% na tarifa do metrô, que foi, em 1º de julho, de R$ 4,50 para R$ 5,30. O aumento foi liberado pelo governador privatista Romeu Zema, através da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias do Estado de Minas Gerais. Vale lembrar: no primeiro mandato de Zema, a tarifa do metrô de BH foi de R$ 1,80 para R$ 4,50.

A direção do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG) está empreendendo uma luta hercúlea no enfrentamento aos ataques da gestão do metrô privatizado. O mais recente ataque é a demissão em massa.

A presidenta do Sindimetro/MG, Alda Lúcia Fernandes dos Santos, conta que o grupo Comporte lançou um PDV e faz tantas pressões e assédios contra os trabalhadores e trabalhadoras que tem conseguido adesão de centenas de empregados. Em sua maioria, são trabalhadores novos que entraram por meio dos últimos concursos (2014 e 2016) e não agüentam mais os assédios, os cortes de direitos e as perseguições. Muitos que aderiram disseram preferir ser motorista de Uber do que continuarem no quadro de pessoal do Metrô. São cerca de 1.600 trabalhadores do metrô BH e, segundo Alda, a adesão chega a aproximadamente 600 empregados.

Política da Comporte é cortar tudo, de direitos a empregos

“A situação é muito ruim, um desafio e tanto para a nossa luta, a empresa está cortando direitos, cortando periculosidade, está impondo mudanças na jornada, como a alteração na escala e aumento da jornada. Para as trabalhadoras, a situação é pior, estão forçando a redução da licença maternidade e da licença amamentação”, revela.

Alda conta também que a negociação do ACT foi para dissídio coletivo; a empresa reconheceu a data-base em primeiro de maio, mas desconsiderou o atual Acordo Coletivo de Trabalho. Ou seja, os trabalhadores estão sem Acordo e enfrentando a intransigência e a falta de diálogo da Comporte.

Há também as práticas antissindicais, que são ferrenhas. A direção do Sindicato foi proibida de acessar a empresa. Quando há necessidade de entrar, a presidenta do Sindimetro é acompanhada por alguém, sob vigilância acirrada, ficando proibida de circular nas dependências da Comporte.

Várias ações judiciais já foram movidas para garantir os direitos dos trabalhadores e dos dirigentes sindicais, além dos processos contra a privatização. A conexão com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego e com parlamentares, membros do governo Federal e lideranças dos movimentos sindicais, sociais e populares é permanente, buscando a solidariedade e o reforço à luta dos metroviários por seus direito, contra a privatização e peloo retorno dos metroviários ao emprego público.

Entenda a luta dos metroviários

O metrô de Belo Horizonte foi privatizado sob protestos da categoria, dos usuários e dos movimentos sindicais, sociais e populares. O preço de venda foi uma pechincha oferecida pelo governo Bolsonaro: R$25,7 milhões. Em dezembro, o governo atual realizava a transição e, segundo o Sindimetro, poderia ter impedido a privatização devido ao dinheiro público garantido à empresa que comprasse, além de recursos repassados pelo governador Zema, adquiridos pela multa da Vale pelo crime de Brumadinho.

Alda diz que os trabalhadores também foram “privatizados’ junto com o metrô e isso poderia ter sido evitado se o atual governo se interessasse em preservar os empregos públicos dos concursados. A luta, hoje, é também pelo retorno dos trabalhadores à CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) ou para outra empresa pública. A própria CBTU informou ao Sindimetro que pode receber os empregados da CBTU-BH.

A luta foi para Brasília, onde o Sindicato cobra insistentemente para que o governo federal resolva o imbróglio, garantindo que todos os trabalhadores concursados tenham de volta o emprego público.