Contratos continuam suspensos em Divinópolis Sindicato e Gerdau sem acordo.
Publicado: 09 Março, 2009 - 01h00
Escrito por: Eficaz Comunicação
LUCIANE LISBOA
O Sindicato dos Metalúrgicos de Divinópolis não conseguiu anular a suspensão dos contratos de trabalho dos funcionários da unidade da Gerdau, instalada no município da região Centro-Oeste do Estado. Apesar de a entidade ter sido contrária à medida, o acordo foi aprovado pelos trabalhadores em assembleia realizada recentemente, após longa negociação. Ontem, representantes do sindicato e da siderúrgica participaram de uma audiência no Ministério Público estadual, em Belo Horizonte, mas nada ficou definido.
Desde que a crise financeira começou, o setor de ferro-gusa foi um dos mais atingidos no Estado. Houve forte queda na demanda, a maioria dos fornos foi abafada e as indústrias praticamente pararam a produção nos últimos meses, tendo sido registradas mais de 3 mil demissões em Minas. Só em Divinópolis, segundo o sindicato, até agora, a Gerdau teria cortado 480 postos de trabalho.
O impasse, de acordo com o coordenador político do sindicato, Anderson Willian Santos, é que a Gerdau não ofereceu uma contrapartida que garantisse os direitos legais para que tais acordos fossem firmados.
"Por isso, na quinta-feira nós protocolamos denúncia no MP pedindo a readimissão dos funcionários, já que houve demissões em massa na categoria e os acordos foram feitos sem seguir os requisitos legais. Além disso, a empresa está nos pressionando a aceitá-los de qualquer forma", disse.
No entanto, o MP prometeu apenas investigar o caso para descobrir se a Gerdau cometeu algum tipo de infração na elaboração do acordo. No acordo, os contratos de trabalho ficam suspensos por cinco meses. Nesse período os trabalhadores receberão Bolsa Qualificação com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Além disso, a empresa pagará 40% do salário líqüido dos funcionários suspensos.
Contrapartida - Como contrapartida, a Gerdau prevê o pagamento de duas vezes o valor da multa no momento da rescisão dos contratos de trabalho dos funcionários com salário líqüido de até R$ 1,350 mil e o fornecimento de cestas básicas para os suspensos, conforme informou o sindicato. "A empresa deixou de fora pontos importantes, como a manutenção dos empregos por 12 meses depois de assinados os contratos", disse.
Ainda de acordo com Santos, a empresa já começou a suspender os contratos. "Ontem (quinta-feira) a Gerdau enviou uma lista com 38 trabalhadores que serão incluídos no acordo." A siderúrgica emprega cerca de 612 pessoas na unidade de Divinópolis.
Um acordo semelhante foi fechado pela Gerdau em Barão de Cocais, na região Central. Em fevereiro, os trabalhadores daquela unidade aceitaram em assembleia a suspensão dos contratos para evitar demissões no município. A medida afetou 98 funcionários.
A cidade de Itaúna, assim como Sete Lagoas, onde estão instalados os principais polos guseiros do Estado, também foi fortemente atingida pela crise financeira. De acordo com estimativas do Sindicato da Indústria de Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG), cerca de 80% dos altos-fornos em Minas ainda estariam paralisados.
Fonte: Diário do Comércio