CUT e Sind-UTE viabilizam Carnaval de blocos de BH impedidos se desfilar
Central e sindicato disponibilizam dois trios elétricos que atendem às novas exigências do governo do Estado
Publicado: 21 Fevereiro, 2020 - 14h47 | Última modificação: 21 Fevereiro, 2020 - 19h32
Escrito por: Rogério Hilário
Representantes de 18 blocos, o presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Jairo Nogueira Filho, e a coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), Denise Romano, se reuniram na sede da Central, no Bairro Colégio Batista, e acertaram os detalhes para disponibilizar os caminhões de som das entidades e viabilizar os desfiles dos blocos nos cinco dias de folia. Eles contaram com o apoio de Robson Gomes Silva, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios (Sintect-MG), que fez os ajustes finais na agenda para o Carnaval e que todos fossem atendidos, e do jornalista Kerison Lopes, representante da Santa Tereza Independente Liga (SE LIGA) e do Volta Belchior.
Os dois caminhões de som, com documentação e condições técnicas exigidas pelas autoridades, vão atender, a princípio, aos blocos Fita Amarela (nesta sexta-feira, dia 21), Bloco Fúnebre (no mesmo dia), Embriagalo (dia 22, sábado), Emoções (dia 23, domingo), Românticos São Loucos (23), Bloco dos Valetes (23), Fofoca (23), Alô Abacaxi (23), Pena de Pavão de Krishna (23), Velobloco (23), Daquele Jeito (dia 24, segunda-feira), Bethania Custosa (24) Sergipando (24), Bloco Sinara (24), Pescoção (dia 25, terça-feira), Esperando o Metrô (25), Pisa na Fulô (25), Filhas de Clara (1º de março). Em solidariedade a outros blocos, que poderiam ser incluídos, e por terem recursos para buscar alternativas, Alô Abacaxi e Pena de Pavão de Krishna abriram mão dos carros e agradeceram à CUT e ao Sind-UTE/MG pela iniciativa.
Diante da intransigência do governo de Romeu Zema, surgiu uma nova exigência para carros de som e assim impediu o desfile de dezenas de blocos de Carnaval, a CUT/MG e o Sind-UTE/MG decidiram colocar seus trios elétricos à disposição de blocos. As entidades receberam, na quinta-feira (20), o pedido de Kerison Lopes, que apesar de já ter resolvido o caso do seu bloco, resolveu prestar solidariedade aos blocos que ainda estavam com os desfiles pendentes por falta de som.
“Ontem, quando conversamos sobre a cessão dos caminhões, tivemos que acelerar o processo. Entramos em contato, também, com outras entidades para que nos ajudassem a atender os blocos. Os documentos que passaram a exigir é um procedimento contra o Carnaval, que em Belo Horizonte cresceu a partir de um movimento de protesto, a Praia da Estação. E se tornou um dos maiores carnavais de rua do país. Mesmo assim, acontece esta arbitrariedade do governo do Estado”, afirmou Jairo Nogueira Filho.
“Quero dizer que que tudo isto foi encomendado. O chefe é que comanda, e é o governo do Estado o responsável por tudo isso que está acontecendo. O Carnaval de Belo Horizonte já é garantia de renda para pessoas que estão desempregadas ou precarizadas. É o momento de ter renda. O Carnaval tem função social. É Carnaval de protesto. Por isso disponibilizamos nossos caminhões. A festa rendeu para a cidade, em 2019, R$ 700 milhões. São mais de 15 mil ambulantes, milhares de artistas, produtores. A economia é movimentada. E o que estão fazendo é um atentado contra a economia e contra a cultura. Os hotéis estão lotados. E, mesmo assim, por disputa política com o prefeito da capital, pelas eleições municipais, o governo do Estado tenta inviabilizar o Carnaval. O Carnaval é político, mas não podemos esquecer do 8 de março, que vem pouco depois. Quando vamos unificar as lutas com as pautas do Dia Internacional da Mulher”, declarou Denise Romano.
“Conseguimos os caminhões da CUT e do Sind-UTE e estamos conversando com sindicatos dos metalúrgicos de Betim e de Divinópolis, além de outros, para disponibilizar novos trios elétricos. Desde ontem (sexta-feira) estamos, eu e Jairo tentando adequar os carros às datas e horários em que os blocos vão se concentrar e desfilar. O governo do Estado contra o Carnaval. Não tem qualquer justificativa o que está sendo feito. As exigências surgiram em cima da hora, quando impediram, na semana passada, o uso de um caminhão por um bloco. Sempre foram aceitos caminhões adaptados e, agora, vem a exigência que tenham documentos como trio para liberar. Ora, para conseguir isso no Detran demora cerca de oito meses”, disse Kerison Lopes, da SI LIGA e do Volta Belchior.
“Não podíamos perder este espaço político, assim caracterizado desde o seu nascedouro. Todos devemos levar a bandeira da importância das estatais, como a Cemig, a Petrobras, ameaçadas pela privatização. O Carnaval é uma festa do povo e os sindicatos sempre estiveram com o povo. Carnaval é de contestação e os enredos são de contestação contra o governo federal. É o momento ideal para dialogar com a população sobre a importância das estatais, da educação, da saúde”, disse Robson Silva.