Dia Nacional de Luta leva 10 mil às ruas de Belo Horizonte
Categorias paralisam atividades, manifestação para a cidade e protesto termina na Rede Globo Minas
Publicado: 11 Julho, 2013 - 19h57
Escrito por: Rogério Hilário
ManifestaPelo menos 10 mil pessoas participaram, na quinta-feira (11), de atos e passeata organizados pela Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), demais centrais, movimentos sociais e estudantis para o Dia Nacional de Luta, com Greves e Mobilizações. Os manifestantes se concentraram pela manhã na Praça Sete, na Região Central de Belo Horizonte, e saíram em marcha pelas ruas da capital mineira no início da tarde. Atos públicos foram realizados em pontos de protesto e a passeata foi encerrada, por volta das 18h, em frente à Rede Globo Minas, no Bairro Caiçara, na Região Noroeste da cidade. O protesto parou o trânsito de Belo Horizonte e fechou o comércio, tanto do Centro quanto das vias em que passou. Apesar da presença maciça da Polícia Militar, a manifestação foi pacífica e sem incidentes.
Durante o dia, várias categorias paralisaram as atividades, total ou parcialmente. Os metroviários, que aprovaram greve de 24 horas em assembleia na noite de quarta-feira (10), paralisaram o serviço a partir da 1h desta quinta-feira ( 11). Trabalhadores em educação e da saúde do Estado, profissionais da educação de Contagem, servidores municipais, eletricitários, bancários, petroleiros, técnico-administrativos da UFMG, metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem e de outras cidades também pararam. Às manifestações se uniram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Levante Nacional da Juventude, movimento estudantil, Marcha Mundial das Mulheres, Assembleia Popular Horizontal, entre outros.
Segundo a presidenta da CUT/MG e coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, as mobilizações do Dia Nacional de Luta em Minas Gerais superaram a expectativas. “Hoje foi um dia histórico. Aconteceram protestos, mobilizações e paralisações em praticamente todo o Estado. Onde não houve greves, foram organizadas manifestações. Os trabalhadores e os movimentos sociais colocaram mais pressão sobre o Legislativo e o Executivo. Os manifestantes deixaram claro que exigem respostas mais rápidas às suas reivindicações. Saímos às ruas para pressionar e os políticos que não nos atenderem não merecerão o nosso voto”, disse Beatriz Cerqueira.
A presidenta da CUT/MG fez questão de agradecer a todos que participaram das manifestações, em especial a juventude. “O sucesso deste dia histórico se deve ao fato de não ter gente apenas das centrais. E isso se deve à presença de movimentos sociais e da juventude, especialmente a Assembleia Popular Horizontal, o Comitê Popular dos Atingidos pela Copa, o Levante Nacional da Juventude e muitos outros. A união na luta é importante e que sozinho não se conquista nada. O dia de hoje é o que é graças a todos nós. A Assembleia Popular Horizontal nos ensinou nova forma de organização, nas manifestações de rua de junho e na ocupação da Câmara Municipal, e nos trouxe mais criatividade aos movimentos”, enalteceu Beatriz Cerqueira.
Concentração
Durante a concentração, na Praça Sete, dezenas de dirigentes sindicais se pronunciaram antes da marcha. Shakespeare Martins de Jesus, da Direção Executiva da CUT Nacional, revelou que os metalúrgicos fecharam a BR-381, em Contagem, num protesto que começou por volta das 4h, e paralisaram fábricas. Ele lembrou que uma das pautas mais importantes no momento, para a classe trabalhadora, é o combate ao Projeto de Lei 4.330/2004, que permite a terceirização sem limites. “Com a nossa pressão, a Comissão de Constituição e Justiça adiou para agosto a apreciação do projeto. Mas nós queremos é a sua retirada e, para isso, as mobilizações precisam continuar.”
José Maria dos Santos, secretário de Meio Ambiente da CUT/MG e presidente do Sindágua-MG, condenou as parcerias público-privadas (PPPs). “Por causa de uma PPP, os trabalhadores não podem mais entrar no Mineirão. Com as PPPs, a tendência é o preço da água subir, sem que a qualidade melhore. Hoje, com as mobilizações e paralisações, demos o primeiro passo para um grande vitória.”
Segundo Carlos Magno de Freitas, vice-presidente da CUT/MG, as manifestações que antecederam o Dia Nacional de Luta colocou o mundo do trabalho na pauta política e a grande mídia não pôde ignorar isso. “Depois das grandes manifestações de rua, que incorporaram pautas da classe trabalhadora, a grande mídia é obrigada a nos dar voz. Os protestos refletem que o mundo do trabalho não está satisfeito e o quanto é importante a nossa unidade política neste momento em que todos cobramos mudanças no país.”
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de BH, Contagem e Região, Geraldo Valgas, o Dia Nacional de Luta vai ficar marcado na história. “Conseguimos unificar as centrais e os movimentos sociais e levar para a população pautas importantíssimas como a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas, sem redução dos salários, e o fim do fator previdenciário.”
Prefeito
Assim como fizeram pela manhã na Assembleia Legislativa, quando protocolaram a pauta da classe trabalhadora ao presidente da Casa, o deputado estadual Dinis Pinheiro, as centrais tentaram entregar o documento ao prefeito Marcio Lacerda, que se recusou a receber uma comissão do movimento. Por isso, o protesto em frente à Prefeitura de Belo Horizonte foi um dos mais contundentes.
De lá, a marcha passou pelo sede do Banco Central, no Bairro Santo Agostinho. Dezenas de manifestantes entraram uma área próxima à portaria e hastearam bandeiras do MST e de outros movimentos sociais nos mastros. O protesto, na porta do BC, além de simbolizar as demandas do governo federal, condenou a alta de 0,5% da taxa de juros, anunciada na quart-feira (10).
No trajeto para a Assembleia Legislativa, a marcha recebeu o reforço de milhares de trabalhadores e trabalhadoras em educação do Estado de Minas Gerais, que se uniram ao movimento após realizar assembleia estadual. O ato seguinte aconteceu em frente à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Nas falas, os manifestantes lembraram que, por causa da terceirização, morre um trabalhador a cada 45 dias na empresa em acidente de trabalho, que a companhia cobra a maior tarifa do Brasil e transfere bilhões de reais para acionistas,como a Andrade Gutierrez. Todos foram convocados a participar do Plebiscito sobre a tarifa de energia, que será realizado em outubro.
Num dos momentos mais emocionantes da mobilização, os manifestantes ocuparam o Elevado Castello Branco, que dá acesso à Região Noroeste de Belo Horizonte. Eles exigiram a mudança do nome do viaduto para Dona Helena Greco, ex-vereadora e ativista dos direitos humanos, falecida em 2011. De acordo com os manifestantes, o elevado deveria simbolizar a vida e não a morte, por lembrar um dos generais que presidiram o Brasil durante a ditadura militar e responsável por assassinatos e desaparecimentos de opositores do regime de exceção.
No protesto em frente à Rede Globo Minas, os manifestantes defenderam a democratização da comunicação e criticaram o monopólio da informação no país. “Não dá mais para seis famílias, que detêm o monopólio dos meios de comunicação, dizerem para os brasileiros o que eles podem ver. Esta empresa representa todo o conservadorismo no Brasil. A Globo está à margem da sonegação. Vocês sabiam que a emissora não paga ICMS, enquanto nós pagamos o imposto nas contas de telefone, de luz e de TV a cabo”, denunciou Lindolfo Fernandes, presidente do Sindifisco.
“Esta emissora significa muito para os governos de Minas e para o poder econômico. Não vou me esquecer nunca os 20 segundos que davam aos educadores nas greves e as gravações de estúdio com o governador Antonio Anastasia e a secretária de Administração Renata Vilhena, para que eles pudessem mentir para a população. Queremos a democratização da comunicação, que os meios de comunicação nos respeitem, não manipulem as informações, passem a ouvir o povo. O recado está dado e tem outros veículos que merecem a nossa visita. O recado está dado também ao PSDB. Quem acordou agora não vai dormir até 2014”, afirmou a presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira.
Repercussão na mídia do Dia Nacional de Luta em Minas Gerais
G1 - Dia Nacional de Luta tem protestos pacíficos em Belo Horizonte