Diretoria da CUT/MG garante ratificação da fundação do Sintraf de Prata
Organização de trabalhadores e trabalhadoras e diálogo com CTB e Fetaemg evitam confronto durante assembleia no Triângulo Mineiro
Publicado: 20 Outubro, 2010 - 15h45
Escrito por: Rogério Hilário
carlos_magno_e_tomaz_argumentam.jpgA atuação da Direção Estadual da CUT/MG, a organização e a mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras do campo evitou um confronto com representantes da CTB e da Fetaemg e garantiu a ratificação da fundação do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Prata e Região, que abrange 11 municípios do Triângulo Mineiro. A assembleia aconteceu no último dia 10 de outubro, no Acampamento Magno Milton Oliveira. A ratificação dá condições ao sindicato de ser registrado no Ministério do Trabalho e de se filiar à Central Única dos Trabalhadores.
“A CTB e a Fetaemg sempre levam gente para tentar impedir nossas assembléias, evitar a fundação dos sindicatos e a filiação à CUT. Eles fazem arruaças, difamação e encurralam os trabalhadores e trabalhadoras. Dessa vez, nos organizamos e também pedimos, com um ofício, a proteção da Polícia Militar e fomos atendidos pelo cabo Simões. Eles tentaram contratar todos os ônibus e os seguranças da região, pagando sempre o dobro que oferecíamos. Trouxeram oito ônibus, uma van e 28 carros pequenos, com gente até de Araguari e de Uberaba. Mas não adiantou. O sindicato já pode ser registrado no Ministério do Trabalho”, contou Tereza dos Santos.
tereza_l_ata_da_assembleia_1.jpg Segundo a vice-presidente da CUT/MG, o Sintraf de Prata e Região tem em sua base 3 mil assentados e 4 mil agricultores. Tereza dos Santos Silva revela que ainda faltam cerca de 70 sindicatos para ratificação de fundação em Minas Gerais. “Já fundamos sindicatos também em Francisco Sá, Carbonita, Janaúba, Januária, Almenara, Glaucilândia, Varzelândia e Montes Claros. Alguns têm comissões provisórias constituídas, mas a maioria já está registrada em cartório e depende apenas de publicação de edital de assembleia de ratificação e dissociação laboral, procedimentos para fazer a assembleia e conseguir o reconhecimento pelo Ministério do Trabalho”, diz Tereza dos Santos.
A coordenadora-geral da Fetraf considera a intervenção da comissão da CUT/MG, formada por Carlos Magno de Freitas e Reginaldo Tomaz de Jesus, impediu a invasão do acampamento e um confronto. “Os dirigentes da CUT tiveram um papel importante ao dialogar com a CTB e a Fetaemg”, avalia.
Para o secretário-geral da CUT/MG, Carlos Magno de Freitas, “há uma perspectiva de guerra no campo”. “No processo não tem espaço para o diálogo, não tem um mecanismo de transição. As centrais sindicais envolvidas têm que respeitar a vontade dos trabalhadores, têm que assumir a responsabilidade política de coordenar o processo. Devem buscar, efetivamente, as soluções negociadas, fortalecendo a liberdade de autonomia sindical, organizando entidades fortes, representativas da luta. O papel fundamental da CUT na assembleia foi de qualificação e sabedoria”, analisa Carlos Magno.
O secretário de Saúde do Trabalhador da CUT/MG, Reginaldo Tomaz de Jesus, lembra o clima de tensão que tomou conta do assentamento, com a chegada da caravana da CTB e da Fetaemg. “Eles criaram uma situação de conflito e a presença da Direção Estadual da CUT foi importante. Propusemos um acordo com as centrais envolvidas, para evitar o confronto entre trabalhadores. A CUT entende que, se é necessário haver um enfrentamento, que seja com o latifundiário, com o capital, não entre os trabalhadores. A CUT saiu fortalecida, enquanto Central, como propositora da política de classe. A CUT traduziu que a vontade do trabalhador é soberana e, num acontecimento pacífico, eles ratificaram o sindicato”, finaliza Reginaldo Tomaz de Jesus.