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Educadores e educadoras ocupam a Assembleia Legislativa e fazem vigília

Categoria exige negociação com o governador de Minas Gerais sobre os problemas da educação e a situação dos efetivados pela Lei 100/2007

Publicado: 03 Abril, 2014 - 20h00

Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Sind-UTE/MG

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Beatriz Cerqueira cobrou do governo do Estado negociaBeatriz Cerqueira cobrou do governo do Estado negocia

Milhares de educadores e educadoras paralisaram as ativiades e ocuparam a Assembleia Legislativa de  Minas Gerais (ALMG) na tarde desta quinta-feira (3). Eles permaneceram em vigília no local até as 22h30, quando foram informados que uma reunião com o governo do Estado estava agendada para as 14h30 desta sexta-feira (4), na ALMG.  A categoria, organizada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), exige negociação sobre os problemas da educação, incluindo a situação dos efetivados sem concurso pela Lei 100/2007. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucional a efetivação de cerca de 97 mil servidores e servidoras, que estão com os empregos ameaçados.

Educadores e educadoras foram impedidos de realizar a assembleia estadual o pátio da Assembleia Legislativa, que estava interditado. Após ocupar o saguão principal da ALMG, uma comissão tentou negociar com o presidente da casa, deputado estadual Dinis Pinheiro, a reabertura do local ou mesmo a utilização do Plenário Juscelino Kubitschek. No entanto, como não houve, estrategicamente, sessão nesta quinta-feira, servidores e servidoras realizaram a atividade na entrada principal. No início da noite, seguranças tentaram impedir que trabalhadores e trabalhadoras usassem os banheiros e restringiram o acesso dos manifestantes apenas ao saguão principal.

“A decisão do STF, anunciada no dia 26 de março, atingiu quase 100 mil servidores e servidoras, efetivados pela Lei 100/2007. Queremos conversar com o governador sobre isto. A decisão do STF não será alterada e o governo de Minas Gerais promete algo que não pode cumprir. O governador precisa conversar com a categoria e com o sindicato sobre os problemas que afetam a educação em Minas Gerais”, disse Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT/MG e coordenadora-geral do Sind-UTE/MG.

Beatriz Cerqueira informou que nesta sexta-feira (4), o Sind-UTE/MG vai protocolar no Ministério Público Federal (MPF) um pedido de investigação sobre a implantação da Lei 100 e dos responsáveis pela efetivação, o ex-governador Aécio Neves, que assinou o decreto, e seus sucessor Antonio Anastasia.

O ato contou com a participação de integrantes dos movimentos estudantis - União Colegial do Estado de Minas (UCMG) e União dos Estudantes Secundaristas de Minas Gerais (UEE/MG), que levaram seus apoios ao movimento. “Os estudantes são os grandes afetados pela Lei 100, porque sem professores não tem educação”, defenderam os presidentes da UCMG, Francisco Faria e Paulo Sérgio de Oliveira, da UEE/MG, respectivamente.   

Beatriz Cerqueira afirmou que o governo Anastasia foi marcado pela ausência da negociação coletiva, pela judicialização e criminalização da luta sindical. ”O governo de Minas adotou essa estratégia, para tentar desarticular a organização sindical e diminuir a sua capacidade de luta e mobilização”, afirmou. 
 
Outra constatação foi a de que a Secretaria de Estado da Educação (SEE), atuou diretamente na abertura de processos administrativos-disciplinares contra lideranças do movimento sindical, além da punição aos trabalhadores que participaram da greve de 2011, já que foram impedidos de assumirem funções de direção ou foram sumariamente demitidos. 
 
“O legislativo estadual fechou as portas para os servidores. Nossa união fortalece o coletivo e vamos nos lembrar desses episódios nas eleições de 2014. Exigimos respeito e continuaremos na luta até sermos atendidos”, reforçou Beatriz Cerqueira. 
 
Na avaliação de Beatriz Cerqueira, foi um dia marcante e de surpreendente mobilização da categoria, com paralisação das escolas de todas as regiões do Estado e o apoio dos estudantes, que garantiram, com muita luta, a marcação da reunião com o governo. A direção do Sindicato considera lamentável a agressão sofrida pela educadora Mirtes, dentro da Assembleia Legislativa. Foi registrada ocorrência e o fato será apurado.
 
Coletiva de Imprensa
 
Enquanto os trabalhadores em educação de Minas Gerais iam ocupando o hall de entrada da ALMG, dirigentes de diversos sindicatos do funcionalismo público, entre eles o Sind-UTE/MG, concediam coletiva, na Sala de Imprensa. Representantes da Educação, Saúde, Polícia Civil, Eletricitários, Auditores Fiscais, Professores das Universidades Estaduais (UEMG e UNIMONTES) fizeram um balanço da gestão Anastasia e denunciaram, além da falta de investimentos, a existência de equipamentos sucateados e os baixos salários de todo o funcionalismo público. 
 
O ex-presidente do Sindifisco/MG, Lindolfo Fernandes, informou que a dívida do Estado passou, nos últimos oito anos, de R$34 para R$85 bilhões, além da redução de gastos com a área social. Disse ainda que o governo abriu mão de R$10 bilhões de renúncia fiscal e afirmou que Minas Gerais ocupa a 24ª posição no ranking nacional na aplicação de verba em saúde e na educação.
 
O coordenador do Sindieletro/MG, Jairo Nogueira, falou que no setor elétrico uma das maiores preocupações são as terceirizações. “Tememos o apagão técnico em função das demissões, já que os terceirizados, às vezes, não sabem operar as máquinas e equipamentos – não por desconhecimento, mas por falta de preparo e treinamento disponibilizados pela empresa. Este governo não vai deixar saudade.”
 
O presidente do Sindipol, Denilson Martins, também fez críticas à condução do setor de segurança na atual gestão. “Há oito anos, reivindicamos aumento do quadro efetivo e não temos sido atendidos. Fizemos 156 dias de greve e hoje foi aberto concurso para mil vagas. Neste período, os crimes no Estado aumentaram em torno de 600%.”
 
O presidente do Sindicato dos Professores da UEMG, Nelson Ribeiro, revelou uma situação preocupante. “Para nós, do ensino superior, após o julgamento do STF sobre a Lei 100, vivemos um quadro caótico, é preciso rever esta questão.” Ele informou será realizado um ato na segunda-feira (07/04), na Rua Paraíba, número 29, às 14h, para definir estratégias e buscar novos caminhos para a categoria. Afirmou ainda que semelhante situação vivem os servidores da UNIMONTES, onde mais da metade dos professores são efetivados e não há concurso público há 12 anos. 
 
O diretor do SindSaúde, Renato Barros, denunciou a arbitrariedade deste governo. “Os concursos na Fundação Ezequiel Dias (Funed), Fundação Hemominas e Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) só aconteceram por força de decisão judicial”. Falou da falta de investimento no setor e exemplificou com o recente episódio de descaso - o alagamento nos setores de Tomografia e Raio X do Hospital João XXIII.    
 
Durante a coletiva de Imprensa, a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, apresentou o Balanço do Governo Anastasia, sob o olhar dos trabalhadores em educação.
 
Perguntas sem respostas
 
De acordo com o Sind-UTE/MG, os anúncios midiáticos do governo na última semana não responderam muitas perguntas sobre o destino dos efetivados pela Lei 100/2007:

1)      Sobre a situação dos efetivados, o governo ignora os que estão em Ajustamento Funcional. Eles adoeceram no exercício da função. A decisão do STF foi de tornar vagos os cargos ocupados pelos servidores efetivados com a imediata nomeação para os cargos com concurso em vigor, o que inclui as vagas ocupadas pelos servidores efetivados em ajustamento funcional. Sabemos que a perícia médica do Estado tem atuado para excluir o maior número de servidores da nomeação. Então, como ficará a situação de quem está em ajustamento funcional?

2)      Sobre o concurso público, quando serão nomeados concursados para todas as vagas divulgadas no edital do concurso em vigor? O Estado continuará com a prática de nomear para aulas fracionadas, sabendo que há cargo completo? A perícia médica continuará perseguindo professores impedindo a sua posse desses trabalhadores através das inúmeras inaptidões no exame admissional?

3)      Ainda sobre o concurso, o Estado faz afirmações contraditórias: afirma que nomeará 11 mil efetivados, mas anuncia novo concurso público. O que de fato será feito?

4)      Ao afirmar que nomeará 11 mil efetivados, o Estado sugere que não respeitará a ordem de classificação no concurso? Ou fará nomeações até alcançar todos os efetivados que passaram no concurso em vigor?

5)      Considerando que o Supremo decidiu que os cargos são vagos e a contribuição previdenciária não é competência do Estado, os efetivados contribuíram para a Previdência do Estado e este dinheiro já foi gasto, uma vez que a contribuição ia para o Funfip, como ficará o período de novembro de 2007 a 2014?

6)      Uma vez que foi considerado inconstitucional o vínculo previdenciário criado com a Lei 100, como ficará o período anterior a lei?

7)      O Estado está prometendo manter os servidores efetivados como designados, contrariando a decisão do Supremo Tribunal Federal. Como ficam os critérios de designação e quadro de escola? Como ficará a situação dos atuais designados?

8)      Considerando as designações e os cargos de efetivados, quantos cargos vagos o estado de Minas tem na educação atualmente?

9)      As vagas que foram divulgadas no edital 01/11 e sumiram em 2013 aparecerão para nomeação dos aprovados?

10)    Como fica a situação dos professores de Educação Física, que tiveram o número de cargos no Estado diminuído em função da retirada do professor habilitado dos anos iniciais do Ensino Fundamental?

11)    O governo anunciou que, em 2014, não haverá qualquer alteração na carreira, ou seja, a educação permanecerá sem promoção por escolaridade?

12)    Considerando que, quando a Lei 100 foi criada, o governo prometeu a realização de concurso público para o ano de 2008, o que não aconteceu, qual o cronograma de um possível concurso publico?

13)   Como fica a situação do efetivado que teve movimentação na carreira?

14)   O atual concurso público será prorrogado?

15)   Como fica o período de carência exigido pelo INSS para aposentadoria?