Eletricitárias e eletricitários buscam apoio contra privatização da Cemig
Diretoria do Sindieletro-MG entrega carta aos 77 deputados estaduais na Assembleia e solicita posicionamento público sobre o assunto
Publicado: 05 Fevereiro, 2019 - 16h42 | Última modificação: 05 Fevereiro, 2019 - 16h49
Escrito por: Sindieletro-MG
Nesta terça-feira (5), a direção do Sindieletro buscou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) buscando apoio parlamentar na luta contra a privatização da Cemig. Os dirigentes entregaram carta aos 77 deputados estaduais solicitando que, diante das sucessivas manifestações do governador Romeu Zema sobre a privatização da Cemig, cada parlamentar se posicione publicamente sobre o assunto. O documento destaca que o que "está em jogo é o futuro da maior empresa pública do nosso Estado".
A carta cita a pesquisa encomendada pelo Jornal O Tempo e divulgada em junho de 2018 que revela que 62,5% das mineiras e dos mineiros são contrários à privatização da Cemig. Também alerta os deputados que a venda da Cemig e de outras empresas públicas do nosso Estado é vedada pela Emenda à Constituição nº 50, aprovada por unanimidade pela ALMG em 2001.
Privatização já causou estragos
Para mostrar o equívoco que o governador poderia tentar fazer, a carta relata que, historicamente, a experiência de privatizações no setor elétrico demonstra a ocorrência de aumentos sucessivos na tarifa de energia elétrica, e não sua redução, como argumenta o governador. De acordo com dados do Dieese, o aumento da tarifa acumulado entre os anos de 1995 a 2015 (pós-privatizações), foi de 751,7%, enquanto a inflação acumulada no mesmo período foi de 342%. Nas quatro usinas da Cemig privatizadas em 2017 (Miranda, Jaguara, Volta Grande e São Simão) também ocorreram reajustes na tarifa de energia, passando de R$ 66 para cerca de R$ 142 MW/h gerado.
Outro exemplo relevante sobre o impacto da privatização, destaca o doumento, está relacionado à gestão das águas das barragens. Um ano após a privatização da Usina de Jaguara, a comunidade do entorno da represa denunciou o rebaixamento - sem justificativa - do nível do reservatório, prejudicando um importante balneário turístico da região e comprometendo a atividade econômica do município de Rifaina. O fato, destacaram os ribeirinhos, jamais havia acontecido enquanto a usina era operada pela Cemig.
Na carta o sindicato ressalta que nenhum desses acontecimentos é uma coincidência. "O sucateamento das empresas privatizadas é parte de uma estratégia de maximização dos lucros. Empresas do setor elétrico que foram vendidas à iniciativa privada promoveram cortes de orçamento nas atividades correlacionadas à cadeia produtiva, realizaram demissões em massa e agressivos programas de desligamento visando reduzir drasticamente seus custos operacionais. Como resultado, trabalhadores altamente qualificados foram substituídos por empregados menos experientes, recebendo salários inferiores e menos direitos trabalhistas, gerando alta rotatividade nas empresas, diminuição do know-how das atividades e perda de qualidade nos serviços prestados," mostra o documento.