MENU

Eletricitárias, eletricitários e apoiadores realizam ato e ocupam as ruas de BH

No segundo dia da greve na Cemig, movimento da categoria se fortalece com apoio da CUT/MG, movimentos sindical, sociais, populares e estudantis e de lideranças políticas

Publicado: 30 Novembro, 2021 - 17h58 | Última modificação: 03 Dezembro, 2021 - 10h48

Escrito por: Rogério Hilário | Editado por: Rogério Hilário

Rogério Hilário
notice

“Cemig: Esse ‘Trem’ é Nosso”. Tendo o tema da campanha salarial como principal palavra de ordem, trabalhadoras e trabalhadores da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), em greve desde a 0 hora de segunda-feira, se uniram, na manhã desta terça-feira (30), à Central Única dos Trabalhadores (CUT/MG) e a dirigentes de sindicatos que representam categorias do serviço público municipal, estadual e federal e movimentos sindical, sociais, populares e estudantis em ato em frente à sede estatal, no bairro Santo Agostinho.

Na manifestação eletricitárias e eletricitários reafirmaram a luta por uma Acordo Coletivo de Trabalho digno, denunciaram a tentativa da diretoria da empresa de retirar direitos da categoria e o processo de desmonte da Cemig pelo governo de Romeu Zema (Novo), uma estratégia em curso para privatização das estatais, aliada a uma política de Estado mínimo e entrega a empresários do patrimônio público do povo mineiro. Dos deputados estaduais Beatriz Cerqueira e Betão (PT) e as vereadoras por BH, Bella Gonçalves e Iza Lourença (Psol), participaram do ato.

Após o ato, categoria eletricitária e apoiadores tomaram as ruas de Belo Horizonte com uma passeata até o Centro da capital. Nem a chuva atrapalhou a mobilização. Na hora do almoço choveu forte e com ventos, mesmo assim, a passeata seguiu firme. No trajeto, os manifestantes dialogaram com a população sobre os motivos da greve, os desmandos do governo do Estado e da direção da empresa que, entre outras consequências, é responsável pelo alto valor da tarifa de energia e de um serviço essencial, com o objetivo de gerar mais lucro e beneficiar os acionistas, e também apresentaram as inúmeras irregularidades da gestão da estatal comprovadas pela CPI da Cemig na Assembleia Legislativa.

De acordo com dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro/MG), o movimento, apenas com o primeiro dia de paralisação, forçou a diretoria da empresa e marcar, para esta quarta-feira (1º de novembro), uma reunião de negociação com os representantes de eletricitárias e eletricitários. A mobilização na tarde de segunda-feira, com a ocupação na sede por militantes e dirigentes do MST, MTST, MAB, movimentos sociais e estudantis, que seguem acampados em frente à companhia, também contribuiu para que os meios de comunicação divulgassem o movimento para a população.

“Embora não sinalizem com um avanço na pauta, podemos dizer que direção atual sentiu a força do nosso movimento. Os diretores nem ao menos admitiam nos receber. Nunca sentaram com a gente para discutir o Acordo Coletivo de Trabalho. Ainda não temos um resultado concreto. Mas conseguimos, com o apoio dos movimentos sindical e sociais, a abertura de negociação”, analisou Geovan Aguiar Teles de Assis, secretário de Formação e Juventude e de Saúde e Segurança de Trabalhadoras e Trabalhadores do Sindieletro/MG.

“Quando construímos o tema da nossa campanha salarial, procuramos mostrar ao povo mineiro que, além da luta corporativa, o que está em jogo é a manutenção da Cemig como empresa pública. Optamos pelo mineirês para dialogar melhor com a população. Uma estatal criada por Juscelino Kubitschek para promover o desenvolvimento de Minas Gerais. Atuação gestão fez uma inversão deste objetivo. Zema quer colocar a companhia a serviço do capital. Isso resultou no aumento do valor da tarifa. A CPI mostrou a contratação de empresas sem licitação, favorecimento de aliados e o aparelhamento pelo partido Novo. O trem significa força. Uma locomotiva que impulsiona o Estado. A população mineira entendeu que quem comanda esta locomotiva somos nós, a classe trabalhadora. Cemig: Esse ‘Trem’ é Nosso”, disse Emerson Andrada Leite, coordenador-geral do Sindieletro/MG.

“A diretoria do Sindieletro está de parabéns por organizar este movimento. O governo Zema vem atacando servidoras, servidores e os serviços públicos com o objetivo de vender estatais. Ele deixou bem claro isso durante a campanha eleitoral. A classe trabalhadora tem que manter a unidade para que possamos parar esse desmonte do Estado. Vamos estar sempre na luta com vocês. Força na luta”, disse o deputado Betão.

“Zema tenta o tempo todo desqualificar servidoras e servidores públicos. Um representante dele disse, em uma audiência pública, que o nosso lanche está encarecendo a tarifa de água e saneamento. Zema tem uma política deliberada de acabar com a Cemig, a Copasa, a Codemig, a Gasmig. E tenta colocar a população contra nós. Diz, sempre, que custamos caro. A CPI da Cemig é um reflexo do que vem acontecendo na Copasa. Não aceitamos retrocesso. Estamos há três anos sem Acordo Coletivo. Não conseguimos avançar nas conquistas, mas nosso atual acordo vale até o próximo. Não podemos deixar este governo ser reeleito, senão sofreremos ainda mais. Contra isso, temos que estar sempre juntos nas lutas”, avaliou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos (Sindágua/MG), Eduardo Pereira de Oliveira.

“A luta do Sindieletro nos faz lembrar a greve que fizemos em 2011, e os movimentos sindical e sociais se uniram a educadoras e educadores. E dialogamos com a população. A Cemig sempre gerou lucro e os trabalhadores prestam um serviço de qualidade à população. Não podemos deixar que este governo desqualifique uma empresa tão importante e essencial para o povo mineiro”, disse Maria Mirtes de Paula, coordenadora do Departamento de Organização do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG).

“Todas e todos têm direito à água, à energia, à saúde, à educação, à mobilidade. Serviços públicos existem para garantir os direitos de todas as pessoas. Mas governos como o de Romeu Zema, uma cópia de Jair Bolsonaro, atacam seguidamente os direitos da classe trabalhadora. Precisamos seguir unidos, pois só assim vamos barrar tudo isso que está acontecendo em Minas e no país”, afirmou Pablo Henrique, do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG).

“Estaremos sempre nas lutas em defesa da Cemig, da Copasa, enfim, dos serviços públicos. O governo fez o aparelhamento escancarado da Cemig e, com isso, a empresa está a serviço do partido Novo. O partido determina as contratações. A CPI conseguiu comprovar isso. O governo arrebenta trabalhadoras e trabalhadores que prestam um serviço essencial ao povo mineiro, e têm uma luta importante a fazer. É possível termos uma conta de luz mais barata. Por estar nestas lutas, o partido e o governador me processaram. O governo de Zema é Bolsonaro, em especial na política de desmonte do Estado e nos ataques a servidoras, servidores e serviços público. E quer a aprovação de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, que será abrir as portas para toda e qualquer privatização. O governo Zema é elitista, negacionista. Vamos interromper esse ciclo em 2022, pelo bem do povo, da Cemig, da educação, que vem sendo privatizada. Parabéns a eletricitárias e eletricitários”, disse a deputada Beatriz Cerqueira.

“É com satisfação que vejo um ato unificado tão representativo e forte como o de hoje, com eletricitários, trabalhadores da Copasa, dos Correios, metroviários, educadores, representantes de várias categorias, tanto do serviço público quanto do privado e dos movimentos sociais. A união do Sindágua com o Sindieletro resultou num recuo da Copasa, que chamou o sindicato para negociar. Isso me fez lembrar de quando nos juntamos a educadoras e educadores em 2011, durante a greve de 112 dias. Estávamos em um ato na Praça Sete quando a secretária do Djalma de Morais, então presidente da Cemig, nos ligou chamando para uma reunião. Ele estava apreensivo, porque temia por um movimento com a mesma força na empresa. Com a união, ainda mais neste momento, nós fortalecemos a classe trabalhadora. Djalma sabia que, da mesma forma, professoras e professores nos apoiariam”, lembrou o presidente da CUT/MG, Jairo Nogueira Filho.

Para Jairo Nogueira, a CPI da Cemig é um bom momento para dialogar com a população e mostrar o que Zema faz para desmontar o Estado. “Com o lucro que tem, não há qualquer necessidade da Cemig retirar direitos de trabalhadoras e trabalhadores e não se justifica a privatização da estatal.  Zema vive desqualificando as empresas públicas. Diz que a Copasa e a Cemig são empresas privadas. O que é preciso mesmo é que elas tenham uma tarifa social.  Nosso papel, com as mobilizações unificadas, é conscientizar a população disso. Esse papel histórico está nas nossas mãos. Com a CPI da Cemig podemos mostrar ao povo quais serão as consequências desastrosas da política de Romeu Zema. Este movimento vai ampliar o debate. Força na luta e parabéns para todas e todos”, concluiu.

 Clique aqui para ver mais imagens da ocupação, do ato e da passeata