Emocionada, Beatriz Cerqueira se despede da presidência da CUT/MG
Jairo Nogueira Filho agradece o legado político e de estrutura e diz que vai dar continuidade ao projeto que foi ampliado pela ex-presidenta na Central em Minas
Publicado: 02 Dezembro, 2019 - 15h03 | Última modificação: 02 Dezembro, 2019 - 17h48
Escrito por: Rogério Hilário
Beatriz Cerqueira, deputada estadual eleita em 2018, se despediu da presidência da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), no encerramento do 13º Congresso Estadual – CECUT-MG – Lula Livre, Lula Inocente – Sindicatos Fortes = Direitos, Soberania e Democracia, domingo, 1º de dezembro, no Centro de Convenções do Sesc Ouro Preto. Emocionada, ela, que foi a primeira mulher a assumir o cargo no Brasil, fez um resumo dos sete anos à frente da Central. Agradeceu a toda base CUTista, os funcionários, valorizou o trabalho das Regionais e da Escola Sindical 7 de Outubro e desejou a todas e todos “saúde e fraternidade” para enfrentar a atual conjuntura no país e em Minas Gerais. O encerramento do 13º CECUT-MG aconteceu após aprovação de moções pelo plenário.
“Nos esforçamos muito na construção de uma chapa que pudesse responder ao próximo período. Desejo, fraternalmente, saúde e afetividade. Cuidemos umas das outras e uns dos outros. Isto faz falta no movimento sindical nos tempos em que estamos. Nossa gestão, à luz das fotos que fizemos no final do primeiro dia, buscou a valorização das Regionais. Quiçá teremos mais Regionais. Outras regiões têm capilaridade para cumprir a tarefa de organização da classe trabalhadora. Mas, saúde é importante nesta conjuntura. O nosso propósito é a luta de classe. Não podemos nos esquecer que a gente não se representa. Não podemos titubear, temos que gastar toda a energia para enfrentar um governo ilegítimo. Estamos em Minas e não podemos nos esquecer de fazer o enfrentamento com o governo. Temos que impedir que Bolsonaro e Zema destruam tudo o que temos”, disse Beatriz Cerqueira.
“Mando um abraço aos funcionários da CUT, que tanto me ajudaram nestes sete anos. Aos funcionários do Sind-UTE, que estiveram comigo o tempo todo. Todos vestiram a camisa. A caminhada não foi sozinha. Estou muito feliz por termos chegado até aqui. Nos fortalecemos com a solidariedade. Ninguém solta a mão de ninguém diz muito disso. Jairo tem uma característica importante para nos liderar. É um companheiro que constrói, com uma paciência que nunca tive. Continuemos fazendo as lutas que que forem necessárias. Mas não subestimemos o inimigo. Somente a tática eleitoral não dará conta de resolver. Fazer contagem regressiva para 2022. Se esperarmos a próxima eleição, com tudo o que fazem, teremos uma terra arrasada. Eles matam, fazem prisões políticas. A milícia está no Estado. A Marielle era a melhor candidata para o Senado. Eliminaram quem poderia estar representando o Rio de Janeiro. E vocês sabem quem é o senador? Eles assassinaram Marielle. Hoje temos um governo de milícias. Quando não fazemos o diagnóstico correto, temos grandes chances de errar. E nossa tarefa é sair da bolha, ficar nela não alterará a realidade, pois, enquanto isso, a Itatiaia, a Globo e as igrejas evangélicas seguem dominando a disputa opinião”, analisou.
“Viva a CUT. Termino a gestão entregando uma nova sede própria (no bairro Floresta. Me convidem para quebrar o champanhe, por favor. Se me citarem em uma plaquinha, eu agradeço. Deixei uma homenagem à CUT, pelos 36 anos de fundação, aprovada na Comissão de Trabalho da Assembleia Legislativa. Deixo um caminhão vermelho, muito importante para fazer as lutas e que não saiu das ruas nos últimos sete anos, tantos são os pedidos para atos, manifestações e mobilizações. Temos uma mulher na Secretaria Geral (Lourdes Aparecida de Jesus). É muito importante. Encontramos as mesmas dificuldades para compor a Direção Estadual com 50% de mulheres. Precisamos de mais mulheres na estrutura de poder e de comando de nossos movimentos. Este zelo é necessário, indicar homens e mulheres para a nossa Central”, defendeu Beatriz Cerqueira.
A presidenta que se despede da CUT/MG pediu zelo também com a Escola Sindical 7 de Outubro. “A Escola Sindical depende dos sindicatos para sobreviver. Não podemos abrir mão de uma importante estrutura que está ali para a formação. Nenhuma outra central tem uma estrutura como a Escola 7 de Outubro, que atende a Minas, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Forte abraço de lutas, viva a Central Única das Trabalhadoras e dos Trabalhadores de Minas Gerais. E viva a nova gestão”, concluiu.
Jairo Nogueira Filho, presidente eleito da CUT/MG, agradeceu Beatriz Cerqueira pelo seu legado. “Agradeço a Beatriz por tudo, por sete anos de convivência, pelo saldo político e de estrutura. Com ela, a partir de 2012, veio a lógica da luta de 2011, feita por educadoras e educadores. Queríamos ter o maior sindicato de Minas Gerais na presidência. Tinha que ser o Sind-UTE/MG, tinha que ser Beatriz. Mudou a lógica. Conseguimos ser resistência, referência nacional. Os maiores movimentos dos últimos tempos aconteceram em Minas Gerais. Conseguimos colocar 300 mil pessoas nas ruas. Colocamos nossas bandeiras em todos os momentos, permanecemos nas ruas o tempo todo”, disse.
“Nossa missão é dar continuidade a este projeto. Temos a Beatriz na Assembleia Legislativa. Sua eleição faz parte do projeto. Vamos aumentar o número de audiências públicas. Elas dão visibilidade para nossas pautas, pois são transmitidas pela TV Assembleia e passam nossa mensagem para todo o Estado. Vamos ampliar nossa luta com a comunicação, com jornal, programas de rádio e TV, para fazer o debate enquanto gestão. Vai ter inauguração da nova sede e a Beatriz será homenageada.”