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Enfermagem de todo o país se mobiliza em Belo Horizonte pelo PL 2.564

Organizada pelo SEEMG, com apoio da CUT/MG e entidades de todo o país, categoria participa de atividades pela carga horária de 30 horas e o Piso Salarial e vai parar no dia 30 se projeto não for aprovado

Publicado: 14 Junho, 2021 - 20h53 | Última modificação: 16 Junho, 2021 - 11h34

Escrito por: Rogério Hilário

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Profissionais da enfermagem viveram um dia intenso e histórico nesta segunda-feira, 14 de junho, em Belo Horizonte para apresentar à imprensa, à população e aos parlamentares, principalmente ao senador Rodrigo Pacheco (DEM) suas pautas. A categoria exige valorização e anunciou que se não forem atendidas suas reivindicações vai paralisar as atividades no dia 30, quando está programado um ato nacional. Representados pelo Sindicato dos Enfermeiros de Minas Gerais (SEEMG), entidades de várias regiões do país e apoiados pela Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) e toda a base CUTista, todas e todos se desdobraram em atividades na capital mineira na luta pela aprovação do Projeto de Lei 2.564, que institui o piso salarial nacional do enfermeiro, do técnico de enfermagem, do auxiliar de enfermagem e da parteira. Minas Gerais foi escolhida para acolher a mobilização por ser o Estado pelo qual Rodrigo Pacheco, embora seja natural de Porto Velho, Rondônia, foi eleito. E, por isso, ser emblemático e estratégico. Os profissionais da saúde buscaram apoio para pressionar o presidente do Senado a colocar em pauta, urgentemente, o PL.

Pela manhã, dialogaram com a imprensa em coletiva virtual realizada na Sala Ametista do Hotel Dayrrell. No início da tarde, entregaram à vereadora Macaé Evaristo, na Câmara Municipal, Moção de Apoio e solicitaram que fosse enviado um requerimento ao Senado pedindo urgência na aprovação do PL. Depois, realizaram ato na Praça da Estação e, no final da tarde, fizeram uma manifestação na entrada principal da Assembleia Legislativa. Após a entrega do texto da moção aos deputados estaduais na Assembleia Legislativa, onde a mobilização seria encerrada com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da pandemia de Covid-19. Mas parte dos manifestantes seguiram para o escritório de Rodrigo Pacheco, próximo ao local, para levar os pedidos. Como o parlamentar não estava no local e não puderam deixar os documentos, eles afixaram faixas em frente ao prédio.

Na Assembleia Legislativa, os manifestantes foram recebidos pelos deputados Doutor Jean Freire (PT), João Vítor Xavier (Cidadania) e pela vereadora Duda Salabert (PDT), que se comprometeram a se empenhar pela aprovação dos documentos para que sejam enviados ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Participaram das atividades desta segunda-feira dirigentes dos Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal Manhuaçu-MG, Sindicato dos Servidores Públicos de Juiz de Fora,  Sindicato dos Enfermeiros no Estado do Espírito Santo, Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, Sindicato dos Enfermeiros do Estado da Bahia, Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro-DF), Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Rio Grande do Norte, Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul, Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Sergipe, Sindicato dos Trabalhadores de Estabelecimentos de Saúde de Pouso Alegre, que contaram com apoio do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel), Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (Sindifes), do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG), entre outras entidades CUTistas. Todas e todos já se preparando para a paralisação nacional da enfermagem no Brasil no dia 30 de junho.

Dignidade e igualdade

A enfermagem está esgotada e desvalorizada.  Isto se agravou ainda mais com a pandemia de Covid-19, que já levou à morte quase 800 profissionais de enfermagem. “Notificamos a Assembleia Legislativa através da sua Comissão de Saúde e também o escritório do deputado federal e presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Queremos que o senador cumpra o Regimento da Casa e coloque o nosso PL 2.564/20 em votação já!”, disse do presidente do SEEMG, Anderson Rodrigues, coordenador das atividades desta segunda-feira

Segundo Anderson Rodrigues, o projeto vem no sentido de fazer justiça para uma categoria que há anos clama por ajuda e que mostra a sua importância, enquanto trabalhadoras e trabalhadores da saúde, sobretudo nessa pandemia da Covid-19. “Estamos trabalhando com uma carga horária elevada, muitas vezes desumana, para salvar vidas. Merecemos respeito e valorização para também cuidarmos da nossa saúde,” afirmou o presidente do sindicato.

“Estamos 24 horas por dia a beira dos leitos, cuidando, zelando. Do nascimento até o apagar das luzes. A enfermagem está e lá e hoje precisa que os deputados nos abracem. Porque a enfermagem está sangrando. Que os senhores deputados assinem esta moção já. Precisamos que cuidem de nós como cuidamos da população. Somos a categoria que mais perdeu vidas nesta pandemia”, acrescentou Anderson Rodrigues.

Para a presidenta da Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), Shirley Marshal Diaz Morales, as mobilizações são um reflexo da luta dos profissionais da enfermagem. “A centralidade da luta está em saber de que lado vão ficar os parlamentares. Somos a categoria profissional que mais morre no mundo com a pandemia. Precisamos da garantia de direitos e só vai haver a paralisação se o PL não aprovado. Várias câmaras municipais e assembleias legislativas já assinaram moções e requerimentos. As assinaturas de vocês em uma moção representam um apoio importante. Os senadores vão ouvir os representantes do povo. A reparação desta categoria depende de vocês, contamos com o apoio dos parlamentares mineiros.”

“Nos sentimos bem acolhidos em Minas Gerais. Pautar nosso projeto é exigir que trabalhadoras e trabalhadores da enfermagem sejam tratados com igualdade. Terem direito a um salário digno e carga horária que lhe dê o mínimo de conforto. Construímos uma grande aliança para que nos ouçam, nos atendam. Que reconheçam, enfim, que a enfermagem é essencial. Sem ela não se faz saúde. Lamentavelmente, temos que repetir isso sempre. Quem cuida do outro é o profissional de enfermagem. Não basta nos aplaudir, precisamos de reconhecimento. Sem enfermagem não funciona hospital, nem clínica. O mínimo que nos podem garantir é salário e carga horária dignos. Respeitem a enfermagem, respeitem o SUS, quem está em todos os hospitais públicos e privados”, afirmou durante o ato na Praça da Estação José Antônio da Costa, Toni Costa, da Associação Nacional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (Anaten).

“Esta união é importante para pressionar e fazer com que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, coloque em pauta o PL 2.564. Este projeto existe desde o ano 2000. Não é possível que ainda não tenha sido colocado em votação. Só com união vamos conseguir avançar. Nossa luta é histórica e, com a pandemia, se transformou numa guerra pela vida. Nossos companheiros estão morrendo por estar na linha de frente, por assistir aos pacientes. É muito fácil para a imprensa dizer que somos heróis, mas não falar nada sobre a necessidade de aumentar os repasses para a saúde, que é a solução para salvar vidas da população e dos profissionais que cuidam de todas e todos. A enfermagem ganha fortalecimento novo com a unidade das entidades sindicais para fazer a paralisação do dia 30”, disse, durante a coletiva virtual Ilda Aparecida de Carvalho Alexandrino, vice-presidente do Sindibel e técnica em enfermagem.

“Conheço as agruras da categoria em todos os níveis. Já trabalhei no setor privado, como precarizada e estatutária. Na minha trajetória como profissional de saúde enfrentei todos os problemas, como pressões psicológicas, políticas e outras mazelas. Agora, tentam usurpar a causa da enfermagem. Não podemos permitir que a categoria sirva de palanque para oportunistas. Os sindicatos e entidades que aqui estão precisam organizar trabalhadoras e trabalhadores. Precisou-se de uma pandemia para que nossa pauta ser colocada em evidência. Precisamos estar unidos e fortalecidos em uma luta principal, que é a aprovação do PL 2.564. A pandemia é segura por nossas mãos, nosso suor, nosso sangue”, enfatizou, na coletiva virtual Leide Fernandes, do Sind-Saúde/MG.

“Um terço da categoria compõe o quadro de pessoal do Hospital das Clínicas. E 70% são profissionais da enfermagem. Nós do Sindifes e da Fasubra estamos juntos com vocês. Aprendemos a gostar da área de saúde e da enfermagem, em especial. A luta só vai parar com a vitória. Ou é a aprovação do PL 2.564 ou tem a greve no dia 30”, disse Cristina Del Papa, coordenadora-geral do Sindifes.

Compromisso dos parlamentares

O deputado estadual João Vitor Xavier (Cidadania), que faz parte da Comissão da Saúde, se comprometeu a levar ao Plenário e trabalhar para que os deputados assinem a Moção de Apoio e para que seja aprovado o requerimento, o mais rápido possível, a ser enviado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. “Assumo o compromisso. Sou amigo dele, que é um homem de diálogo. Sei da sensibilidade dele e levaremos este pedido o mais rápido possível, quem sabe ainda nesta semana. Vamos enviar pelos meios oficiais e vou entregar pessoalmente o requerimento ao senador.”

“Vamos levar para a Comissão de Saúde a Moção de Apoio e solicitar que os deputados assinem e ao mesmo tempo faremos o requerimento que também será enviado ao Senado. Precisamos empoderar  a enfermagem. O lugar da enfermagem é no orçamento público. Ainda mais com os índices de contaminação e recontaminação registrados nos profissionais. Não há arte mais bonita no  mundo do que a de cuidar das pessoas. Uma alma cuidando da outra. O presidente da Assembleia (Agostinho Patrus – PV) é sensível às pautas da categoria. A mulher dele é enfermeira. Vocês não têm apenas nossa solidariedade. Contem com nosso total apoio”, disse o deputado Doutor Jean Freire (PT)

Para a vereadora Duda Salabert (PDT), todo o empenho será feito pelo requerimento da Câmara Municipal que será levado aos senadores em apoio à aprovação do PL 2.465/20. “Conheço muito a luta de vocês. Os patriotas dizem que o verde e o amarelo simbolizam o patriotismo. Para mim é o branco, a cor da enfermagem. A enfermagem se valoriza no orçamento e esta demanda vai chegar ao Senado.”

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