Fetraf/MG-CUT entrega pauta a Beatriz Cerqueira, Rogério Correia e André Quintão
Agricultura Familiar apresenta demandas para candidatos em reunião na sede da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais
Publicado: 01 Agosto, 2022 - 17h19
Escrito por: Rogério Hilário | Editado por: Rogério Hilário
Dirigentes da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Minas Gerais (Fetraf/MG-CUT) entregaram aos candidatos à reeleição, a deputada estadual Beatriz Cerqueira e o deputado federal Rogério Correia e ao candidato a vice-governador de Alexandre Kalil, André Quintão, a pauta para o setor no Estado, tendo como pontos principais os polos agroecológicos e a educação do campo e no campo. Os três assumiram o compromisso de incluir a pauta nos seus programas. Beatriz Cerqueira e Rogério Correia também assinaram a carta-compromisso com a agroecologia. André Quintão assegurou que Alexandre Kalil já vem aprofundamento seus conhecimentos sobre a pauta da agricultura familiar e que, o assunto, está sendo debatido nas agendas do candidato a governador no interior do Estado.
O encontro aconteceu na manhã desta segunda-feira, 1º de agosto, no auditório da sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT/MG), em Belo Horizonte, com a participação de dirigentes e militantes de sindicatos, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Cáritas, da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), do Centro de Tecnologia Alternativa da Zona da Mata, do Movimento Teia dos Saberes, das vereadoras Maria Izabel de Souza (PT), de Espera Feliz, e Romilda Neto (PT), de Divino, e do vereador Derli Pinheiro, de Tombos (PT).
“Queremos que as demandas da agricultura familiar entre nos planos de governo, como o acesso à terra, a agroecologia e que a educação do campo entre nas grades curriculares. Hoje não temos Secretaria da Agricultura, políticas de crédito para a agricultura familiar, política de assistência técnica, fundamentais para o crescimento do setor. Não temos apoio ao cooperativismo, ao associativismo, essenciais para o desenvolvimento econômico da cadeia produtiva”, disse Joseleno Anacleto da Silva, diretor da Fetraf/MG-CUT.
Segundo Eder de Oliveira Fernandes, coordenador-geral da Federação, a pauta da agricultura familiar será entregue aos candidatos a governador. À frente da Fetraf desde novembro, o coordenador denuncia que houve um descaso com o setor. “Nós tínhamos uma subsecretaria no Estado e também apoio a nível federal. Mas, ao que parece, para o governo federal não cabe no mesmo pacote o agronegócio e a agricultura familiar, porque nós simbolizamos um ato resistência. Precisamos retomar o nosso lugar, pois fomos esquecidos no Estado e no governo federal. Quem alimenta o povo somos nós.”
“É um prazer receber vocês aqui, na nossa casa, que é um legado da Beatriz Cerqueira, que foi presidente da Central por dois mandatos e é um exemplo de luta. A agricultura familiar é muito importante. E, ao construirmos a nossa pauta, que será entregue aos candidatos, e a agricultura familiar faz parte dela tanto em Minas Gerais quanto no governo federal, ainda mais com Lula na Presidência”, disse Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT/MG.
“Estamos diante da representatividade da agricultura familiar no Estado. E viemos nosso compromisso com vocês. É uma honra receber uma pauta muito atacada no governo pós-golpe. O que começou com Temer (Michel) e seguiu com Bolsonaro foi o compromisso com o agronegócio. A agricultura familiar foi fortalecida nos governos Lula e Dilma. Nos regimes militares, com a revolução verde, o que prevaleceu foi o agronegócio. Na verdade um avanço contra o povo do campo, o que resultou foi a expulsão de 2 milhões de brasileiros do campo, que se transferiram para a cidade. Criou-se, posteriormente, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, políticas públicas, programas de incentivo e a aposentadoria rural. Só conseguimos impedir que esta aposentadoria fosse retirada da Reforma da Previdência, com muita luta no Congresso. Mas destruíram o Ministério do Desenvolvimento Agrário e programas como o Luz Para Todos, vital para manter homens e mulheres no campo”, analisou o deputado federal Rogério Correia.
“Não existe uma política específica para a agricultura familiar. O Pronaf não foi excluído porque virou lei. Mas houve um massacre da estrutura. Nosso compromisso é retomar todos os programas. Vocês resistiram no campo. Nos comprometemos em prosseguir o combate à mineração, que é muito ofensiva para a agricultura familiar. E, como comprovamos na CPI de Brumadinho e Mariana, o crime é continuado. Nós sabemos da importância da agricultura familiar. Com a eleição de Lula, é possível reerguer esse programa. E precisamos eleger Kalil aqui e formar uma bancada forte na Câmara Federal para garantir governabilidade para Lula. Não tem como o Lula governar com Arthur Lira na presidência do Congresso. Só assim poderemos rever a política de taxação da agricultura familiar, que paga mais imposto que o agronegócio. Dia 16, começaremos nossa caminhada e vamos com força para as ruas”, disse o candidato.
Para Beatriz Cerqueira, um dos pontos fundamentais na conjuntura estadual, no que se refere à pauta da agricultura familiar, é o combate à mineração. “É evidente o quanto as mineradoras avançaram em Minas Gerais no governo Zema. Logo em 2019, depois do assassinato pela Vale de 272 pessoas, algumas delas quando estavam comendo, era esperado um controle mais rigoroso. Não foi o que aconteceu. As mineradoras encontraram no governo do Estado um aliado estratégico. Olhem o que tentaram fazer na Serra do Curral, que não está protegida como Zema alardeando. O Zema tem uma aliança com a Fiemg, onde se reúne semanalmente. Onde a mineração avança, não tem agricultura familiar, não tem água. Já tentam estabelecer um processo de mineração na Serra da Moeda. E, na Assembleia Legislativa, existem propostas para flexibilizar a atividade das mineradoras. Pelo avanço do setor na Serra do Curral, se uniram empreendedores minerários e empreendedores imobiliários, numa tentativa de loteamento de um patrimônio do povo mineiro.”
A deputada estadual define o governo de Romeu Zema de “bolsonarismo mineiro”. “Agora, ele tenta se afastar de Bolsonaro. Mas não nos enganemos. Teve postura negacionista desde o início da pandemia de Covid-19, quando disse que o vírus precisava circular. Não tem parâmetros, muito menos limites para o empreendimento minerário. Tem uma agenda ultraneoliberal, com as organizações sociais (OS) na educação, na saúde, com isenções fiscais, que alcançaram R$ 14 bilhões e retornam como financiamento de campanha. Está entregando hospitais para a iniciativa privada, municipalizando as escolas. Fechou escolas no campo. É um modelo devastador. As entidades são criadas para isso, com editais direcionados. Oficializou o aparelhamento do Estado pelo partido Novo. Para nós é o Estado mínimo, para o Novo é o Estado todo. A CPI da Cemig comprovou o aparelhamento gigantesco. A questão eleitoral é ainda mais grave. Está em curso um processo de fazer Zema presidente em 2026. Nós temos lado e fizemos a nossa parte. Impedimos muitos avanços na política de desmonte do Estado. É uma disputa de sobrevivência. Nossa pauta é propositiva e reativa.”
O candidato a vice-governador, André Quintão, foi enfático: “Vivemos uma encruzilhada. Não é apenas uma eleição. O Brasil não suporta mais o bolsonarismo, pandemia, aumento da miséria e da fome. A desconstrução deste país foi muito rápida. Ela começou com Temer e cresceu com Bolsonaro. A esperança é com Lula. Todo o processo que ele sofreu foi escancarado. Mas precisamos ter cuidado com a violência. Fomos atacados em atos e um companheiro foi assassinado em Foz do Iguaçu.”
“Zema é um Bolsonaro disfarçado. É um ultraneoliberal. Muita coisa que tentou fazer não conseguiu por causa da atuação da Beatriz Cerqueira na Assembleia. Apostamos na associação de Lula ao Kalil que, com isso, cresce muito. E Kalil propõe a diversidade econômica, para que o Estado não continue dependente das mineradoras. Ele tem captado as demandas, as temáticas. Sabe que é importante a gente ouvir e receber os documentos dos diversos setores. A agricultura familiar faz parte da pauta de Kalil. O governo não pode ser mandado pelas mineradoras, temos que inverter essa lógica. Kali assumiu o compromisso de cuidar dos mais pobres e ele vai cumprir”, acrescentou André Quintão.