MENU

Gerência bolsonarista reduz ainda mais efetivo mínimo de segurança da Regap

Sindipetro/MG denuncia iminência de tragédia na refinaria da Petrobras em Betim. O sucateamento e a redução de efetivo, sob graves cenários de emergência, podem transformar a Regap em uma nova Vale

Publicado: 06 Janeiro, 2021 - 17h56 | Última modificação: 06 Janeiro, 2021 - 18h12

Escrito por: Sindipetro/MG

FUP
notice

O Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro/MG) recebeu denúncia de trabalhadoras e trabalhadores da Refinaria Gabriel Passos (Regap) sobre a redução do efetivo mínimo para a operação segura da refinaria, expondo os trabalhadores e a comunidade do entorno ao risco de uma tragédia. Na última semana, as unidades de Coque (CQ) e Destilação (DH) operaram com número desfalcado de técnicos de operação, reduzindo ainda mais o efetivo que já havia sofrido cortes nesses setores.

Na véspera da virada de 2020, diante do desfalque gerado por uma licença médica, a gerência do Coque autorizou a operação da unidade com apenas quatro técnicos de operação. A unidade operou, portanto, com um número inferior ao efetivo mínimo de segurança. A situação exigiu que o supervisor de turno acumulasse a função de um operador da área fria.

No último sábado (2), o setor DH contava com apenas cinco operadores na área operacional para atender três unidades (UDAV1, UDAV2 e HDS), dos quais três responderam à Brigada de Emergência pela equipe A. Em caso de atuação da Brigada, restariam apenas dois operadores para atender as três áreas operacionais do setor. Portanto, a unidade que deveria operar com 11 operadores contou com a presença de apenas nove técnicos de operação.

Os trabalhadores da Regap denunciam que a redução do número mínimo está sendo justificada por gerentes pela necessidade de redução de custo com horas extras. Essa situação se tornou ainda mais explícita no setor DH no dia 2 de janeiro, quando a cobertura programada de um operador que trabalharia na sua folga para compor o grupo de turno foi cancelada pela gerência do setor.

Para o coordenador do Sindipetro/MG, Alexandre Finamori, “em plena pandemia, os gestores da refinaria colocam em risco a vida de pessoas para cumprir metas de redução de gastos. Precisamos lembrar a todo momento que essa lógica de gestão, que economiza em de mão de obra e provoca sucateamento, levou a Vale a praticar o maior crime ambiental e trabalhista que o Brasil já vivenciou”, afirma o coordenador.

Desrespeito à vida

Desde o início da pandemia em 2020, o Sindipetro/MG está denunciando a redução de efetivo ordenada pela gerência local da Regap. Os setores de Hidrotratamento (HDT) e Destilação (DH) já haviam sofrido com a redução definitiva do número mínimo de segurança em plena pandemia, enquanto outros setores promoveram eventuais reduções diante da falta de pessoal.

Na HDT, a redução promovida pela gerência local em 2020 tem impactado na composição da Brigada de Emergência da refinaria. Diante do quadro enxuto, operadores tem se recusado a responder como brigadistas, já que a convocação em caso de emergência afetaria ainda mais a disponibilidade de trabalhadores para a operação segura da planta.

Além disso, houve setores em que postos de trabalho foram terceirizados, como verificado na unidade de Coque e no setor de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde) – responsável por coordenar a Brigada de Emergência da refinaria.

Risco iminente de mortes e destruição

A redução do número mínimo coloca em risco a operação das unidades operacionais da Refinaria, que envolvem grandes riscos e cenários de acidentes que podem ocasionar tragédias.

Cenários de emergência envolvendo setores como a Destilação e o Craqueamento Catalítico Fluidizado (CCF) podem ser catastróficos e atingir grandes áreas na proximidade. Acidentes envolvendo vazamento da mistura de gás combustível e sulfeto de hidrogênio (H²S) no setor HDT pode resultar em uma nuvem tóxica fatal que pode atingir um raio de 850 metros, afetando grande parte da força de trabalho e comunidades no entorno da refinaria, como é o caso dos bairros Petrovale, Petrolina e Cascata, em Ibirité.

Posicionamento

Para o Sindipetro/MG, a redução do número mínimo em unidades operacionais com alto potencial de risco coloca em perigo a vida dos trabalhadores e da comunidade do entorno. O sucateamento e a redução de efetivo, sob graves cenários de emergência, podem transformar a Regap em uma nova Vale.

A alteração é mais grave ainda por ter sido realizada seu qualquer negociação ou diálogo com a categoria e seu Sindicato. A Gerência da Regap está aproveitando o momento da pandemia para reduzir gastos financeiros, mesmo que isso envolva risco de morte de seus trabalhadores.

Os desfalques nas equipes também demonstram um verdadeiro desastre da gestão de Recursos Humanos da Petrobrás no atual governo. O plano da atual gestão de promover o enxugamento de pessoal em consonância com o processo de privatização tem entrado em colapso com o atraso das vendas. Após promover a demissão em massa de trabalhadores por meio de planos de demissão voluntária, as unidades operacionais agora têm sofrido com a falta de pessoal.

O Sindicato solicitará, por mais uma vez, esclarecimentos da gerência da Regap sobre as denúncias via ofício. Caso a gestão local insista nas ações, a denúncia será encaminhada aos órgãos competentes e a entidade buscará ações legais para garantir a segurança dos trabalhadores e moradores da região do entorno.

“Vamos botar a boca no trombone sobre mais essa grave denúncia envolvendo a gestão bolsonarista da Petrobrás. O lucro não vale mais que a vida dos trabalhadores da Regap e da população de Betim e Ibirité”, defende Finamori.