Greve de servidoras e servidores públicos municipais de Ipatinga completa 22 dias
Categoria exige recomposição das perdas inflacionárias acumuladas. Salários estão congelados desde 2014
Publicado: 05 Julho, 2021 - 14h25 | Última modificação: 05 Julho, 2021 - 14h43
Escrito por: Rogério Hilário
A greve por tempo indeterminado de servidoras e servidores públicos municipais de Ipatinga, no Vale do Aço, completou nesta segunda-feira, 5 de julho, 22 dias. A categoria, que paralisou as atividades no dia 14 de junho e exige, entre outras reivindicações, a reposição salarial com base na inflação. Segundo a presidenta do SINTSERPI, Sindicato dos Servidores, Marcione Menezes, duas reuniões já foram realizadas com representantes da prefeitura, mas nenhum índice foi apresentado e que, por isso, sem acordo, o movimento continua. O prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes (PSL) era esperado em uma das negociações, mas não compareceu. O movimento tem como palavras lema “Estamos exaustos, não queremos aplausos. Reajuste já”.
De acordo com a diretoria do Sindicato, a exigência se baseia na lei complementar 173/2020, que impede eventual ganho real, mas não veda a recomposição inflacionária no funcionalismo público. Outra reivindicação é a recomposição das perdas dos auxílios alimentação e vale lanche, que estão congelados desde 2014.
”Em resumo, nossas reivindicações são a recomposição das perdas inflacionárias nos salários, no auxílio alimentação dos servidores efetivos, e no vale-lance dos celetistas. Nossos salários estão congelados desde 2014. As perdas acumuladas, segundo estudo Dieese, desde 2015, são de 11,75%. Só o acumulado em 2020 e 2021 chega a 8,06%. Isto significa a perda anual de um salário. Seria como se estivéssemos recebendo 13 meses, levando-se em consideração que, anualmente, são 12 salários, 13%, mais férias”, denunciou Marcione Menezes.
Segundo a dirigente sindical, o prefeito Augusto Nunes (PSL) se comprometeu, em encontro realizado no dia 11 de janeiro, a se reunir mensalmente com o Sindicato, servidoras e servidores, mas nunca cumpriu a agenda. “Na última reunião para discutir nossa pauta, no dia 30 de abril, os representantes da prefeitura pediram 30 dias para avaliar as reivindicações e apresentar uma proposta. Até hoje nada disso aconteceu. O prefeito alegou problemas financeiros para não recompor as perdas. Só que a publicação da aplicação da execução orçamentária do primeiro quadrimestre deste ano apresentou superávit de R$ 27 bilhões. Ele não quer nos pagar mais concedeu ao procurador, que ganha R$ 10 mil, R$ 6 mil de bônus, garantidos pelos cofres públicos, que serão reajustados pela unidade fiscal do município. Enquanto quem ganha apenas um salário mínimo, perde um mês de pagamento por ano”, disse a dirigente sindical.
Marcione Menezes revelou, também, que a greve está judicializada desde o dia 25 de junho por liminar do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). “Participamos de uma audiência no dia 29 de junho. Como não houve conciliação, a decisão foi mantida. A greve foi declarada ilegal e o Sindserpi está sujeito a multa de R$ 1 mil por dia, limitada a R$ 100 mil, se servidoras e servidores não suspendessem a paralisação. Nós estamos recorrendo em greve. A Prefeitura, para pressionar ainda mais e desmoralizar o sindicato, está cortando salários dos grevistas. Mas não podemos ceder”, afirmou a presidenta do SINTSERPI.
O movimento de servidoras e servidores públicos municipais de Ipatinga, segundo a dirigente sindical, conta com o apoio da vereadora Cima Lima (PT), que vem discutindo as questões da categoria com os demais vereadores. “Hoje, às 16 horas, vamos nos reunir com a Mesa Diretora da Câmara Municipal. Os vereadores querem realizar uma audiência pública sobre o tema e mediar uma negociação com o prefeito, para que sejam pagos os valores cortados dos salários e que a recomposição das perdas inflacionárias seja feita ainda neste ano. Contamos com o apoio dos vereadores para garantir nossos direitos.”