Greve dos trabalhadores e trabalhadoras da Telemont é vitoriosa
Com o apoio da CUT/MG, funcionários da empreiteira em Minas Gerais garantem 13% de reajuste e outros benefícios
Publicado: 19 Maio, 2011 - 15h38
Escrito por: Rogério Hilário
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A atuação da comissão de negociação, a mobilização e a paralisação dos trabalhadores, com a participação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), garantiu aos funcionários da Telemont Engenharia de Telecomunicações S.A. em Minas Gerais o reajuste de 13% sobre os salários e outros benefícios. Com o acordo entre a comissão de negociação e representantes patronais, assinado na manhã desta quinta-feira (19) em audiência na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-MG) e mediado pela doutora Alessandra Parreiras, os trabalhadores encerram a greve deflagrada na quarta-feira (18) e retornaram ao trabalho. Nesta quinta-feira, como apoio da secretária estadual de Formação da CUT/MG, Lourdes Aparecida de Jesus Vasconcelos, se concentraram na porta da SRTE-MG, na região Central de Belo Horizonte, e, depois, se reuniram em frente ao Mineirão, na Pampulha.

Das reivindicações apresentadas pela comissão dos trabalhadores, algumas foram atendidas na totalidade e, outras, parcialmente, mas o movimento é vitorioso. O piso salarial foi fixado em R$ 630 a partir de 1º de maio de 2011 para todas as funções, com exceção dos ajudantes, serventes e auxiliares de serviços gerais, cuja remuneração básica passará para R$ 560, na mesma data, e para R$ 699, a partir de janeiro de 2012. Para as categorias que recebem acima de R$ 630, o aumento é de 6,5%. O aluguel dos veículos, a partir de 1º de maio, sobe para R$ 530 e, em 1º de janeiro de 2012, será reajustado para R$ 540. O tíquete refeição, hoje fixado em R$ 8, passará a R$ 9, neste mês, e a R$ 10, em dezembro. O valor por instalação sobe de R$ 4 para R$ 4,50. Em janeiro, a comissão dos trabalhadores da Telemont voltará a sentar com os patrões para negociar todos os itens da pauta de reivindicações, em especial a comissão por instalação.
Os trabalhadores e trabalhadoras da Telemont pediram o apoio da CUT e do Sinttel-MG para organizar o movimento, por se consideraram abandonados pelo sindicato. Eles querem ser representados por um Sinttel, como já acontece em outros Estados do Brasil. O Sinttel-MG já entrou com ação na Justiça do Trabalho para representar as categorias da empresa. A sentença sobre o processo sai em agosto. Atualmente, a Telemont tem cerca de 7 mil funcionários em Minas Gerais.
Os integrantes da comissão de negociação elogiaram a atuação da CUT durante o movimento dos trabalhadores e trabalhadoras da Telemont. “Com a participação da CUT, a gente amadurece. A negociação ficou mais fácil, por termos o apoio da Central e também do Sinttel. Por isso, queremos ser representados pelo Sinttel. O pessoal do nosso sindicato nunca ajudou a gente em nada”, disse um dos trabalhadores.
Carreata
Na manhã de quarta-feira, os trabalhadores e trabalhadoras da Telemont, única empreiteira que presta serviços à operadora Oi em instalações e reparos em telefonia fixa em Minas Gerais, entraram em greve, após recusar a proposta da empresa de reajustes entre 6,5% e 7,5%. Centenas de instaladores, cabistas, ligadores e oficiais de puxamento estacionaram seus carros em frente ao Mineirão, na Pampulha, por volta das 8 horas de quarta-feira.
De acordo com eles, os salários pagos pela Telemont é uma miséria. “Um cabista ganha R$ 580, um oficial de puxamento, R$ 545 e, ligador e instalador recebem R$ 547. É uma mixaria. Em Brasília e no Rio de Janeiro o salário é de R$ 900. A empresa paga apenas R$ 483 por mês pelo aluguel do nosso carro, enquanto a Oi paga R$ 1.800. Somos obrigados a pagar quatro parcelas de R$ 63 do seguro do veículo e uma seguradora imposta pelos patrões. E é um seguro apenas para terceiros. O conserto do carro fica por nossa conta. Até em cima do tíquete a Telemont fatura. Nós recebemos R$ 8, mas a Oi paga para a prestadora de serviços R$ 16,50. O pior é que ganhamos apenas R$ 4 de comissão por instalação e, por dia, temos direito a apenas seis litros de combustível. Trabalhamos domingos e feriados para completar nossa renda, pois nesses dias a empresa oferece R$ 10 por instalação e paga R$ 100 pelo dia. E, com nossos uniformes, nós ainda fazemos propaganda de graça para a Oi”, denunciou um integrante da comissão de negociação.
Após sair em carreata até a sede da empresa, no Bairro São Francisco, na Pampulha, os grevistas buscaram, na tarde desta quarta-feira, o apoio dos trabalhadores de outros setores da Telemont. Eles denunciaram que alguns chefes impediram funcionários de descer e aderir ao movimento. “Estão ameaçando e até trancando as portas para impedir a adesão do pessoal”, disse um dos integrantes da comissão de negociação. No entanto, muitos trabalhadores, após encerrar o expediente, se uniram aos manifestantes, que ocuparam a portaria da empresa. A Polícia Militar, contudo, não permitiu que o carro de som dos grevistas permanecesse na porta da Telemont.