Greve na Petrobras Biocombustível começa com 90% de adesão da categoria
Na Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, em Montes Claros, em um ato com participação de movimentos sindicais e sociais nenhum trabalhador entrou, inclusive todos os supervisores
Publicado: 20 Maio, 2021 - 17h20 | Última modificação: 20 Maio, 2021 - 17h32
Escrito por: Federação Única dos Petroleiros
Com adesão de cerca de 90% dos trabalhadores próprios e terceirizados, a greve na Petrobrás Biocombustível (PBio) começou forte na manhã desta quinta-feira (20) paralisando as atividades nas usinas de Montes Claros, em Minas Gerais, e de Candeias, na Bahia. O movimento é por tempo indeterminado e conta também com a participação dos trabalhadores do escritório da subsidiária, no Rio de Janeiro.
O objetivo da greve é denunciar os prejuízos da privatização da PBio e abrir negociação com a gestão da Petrobras para manutenção dos empregos de todos os petroleiros que, mesmo sendo concursados, estão sob ameaça de serem demitidos, se a venda das usinas for concretizada.
“A privatização da PBio é mais um ataque do governo Bolsonaro às políticas ambientais, pois significa a saída da Petrobras do setor de energias renováveis. A subsidiária é uma das maiores produtoras de biodiesel do país. Abandonar o setor de biocombustível, além de impactar a agricultura familiar, desempregando mais brasileiros e brasileiras em plena pandemia, é condenar o futuro da Petrobrás, que vem sendo apequenada pelas últimas gestões, caminhando para se tornar uma empresa suja, sem compromisso com o meio ambiente”, alerta o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.
O Brasil é o terceiro maior mercado de biodiesel do mundo, mas a despeito de sua importância, a PBio está sendo desmontada desde 2016, quando a gestão indicada pelo governo de Michel Temer fechou a usina de Quixadá, no Ceará, interrompendo a produção de cerca de 100 mil metros cúbicos de biodiesel por ano.
Além disso, a Petrobras abriu mão da participação em diversas outras usinas. A gestão bolsonarista intensificou o desmonte da subsidiária e colocou à venda as usinas de Montes Claros (que tem capacidade produtiva de 167 mil metros cúbicos de biodiesel por ano) e de Candeias (que pode produzir 304 mil metros cúbicos), anunciando a saída da Petrobras do setor de biocombustíveis, na contramão das grandes empresas de energia.
Greve tem participação de todos os supervisores
Na Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, em Montes Claros, um ato com participação de movimentos sindicais e sociais da região reuniu dezenas de pessoas na entrada da unidade. Nenhum trabalhador entrou e a greve começou forte com forte adesão da categoria, inclusive todos os supervisores da usina. Na Usina de Candeias, na Bahia, a greve também começou forte, com participação de todos os supervisores e a tendência é que a produção seja interrompida, já que a categoria aderiu integralmente ao movimento.
O coordenador do Sindipetro Minas Gerais, Alexandre Finamori, ressaltou a importância da greve começar forte, destacando que a luta dos petroleiros é também em defesa da agricultura familiar e pelo desenvolvimento da região de Montes Claros, que já está sendo afetado pelo desmonte da Petrobras Biocombustível. “Mais uma vez, estamos em greve em defesa de um projeto nacional que a Petrobrás faça parte. Nossa luta é em defesa dos empregos de todos os trabalhadores da PBio e da cadeia produtiva que as usinas de biocombustível movimentam no país”.
O ato em Montes Claros contou com a participação do coordenador da FUP e de dirigentes da Federação de outras bases da Petrobras, como a petroleira de São Paulo, Cibele Vieira.