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Grito das Excluídas e Excluídos ecoa com “Fora, Zema” e pautas da população de rua

Ocupação das ruas de Belo Horizonte denuncia que há fome e sede de justiça social, de vida digna, de trabalho com direitos e de políticas sociais para moradores em situação de rua

Publicado: 07 Setembro, 2023 - 16h54 | Última modificação: 07 Setembro, 2023 - 17h06

Escrito por: Rogério Hilário | Editado por: Rogério Hilário

Rogério Hilário
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Em sua 29ª edição, o Grito das Excluídas e dos Excluídos ecoou nesta quinta-feira, 7 de setembro, Dia da Independência, em Belo Horizonte e em outros 97 locais. Com o tradicional lema “Vida em Primeiro Lugar” e, neste ano, o tema “Você fome e sede de quê?”, a ocupação das ruas foi para denunciar que há fome e sede de justiça social, de vida digna, de trabalho com direitos e de saúde de qualidade.  A manifestação contou com a participação da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), sindicatos, movimentos sociais, estudantis e populares e entidades religiosas.

Na capital mineira, a mobilização encampou a luta contra as privatizações, a defesa do serviço público, em meio às tentativas do governador Romeu Zema de privatização da Cemig e Copasa, contra a mineração predatória e as demandas da população em situação de rua. O tema propôs reflexões e ações em busca de alternativas para as dificuldades de acesso a alimentos e à água. No Grito foi lançada a Frente em Defesa de Direitos da População em Situação de Rua.

Após concentração por duas horas na Praça Vaz de Melo, os manifestantes saíram em marcha pela Rua Itapecerica até a Ocupação Pátria Livre, na Rua Pedro Lessa, na entrada da Pedreira Prado Lopes. O bloco Sou Vermelho se apresentou na praça e durante o trajeto. Na Ocupação, que completou seis anos justamente no Dia da Independência, aconteceram as apresentações do bloco Meninos do Morro e do grupo Cavalo Marinho.

“O Grito está denunciando uma série de situações como algo que pode prejudicar os mais pobres. Como aumento das tarifas, a volta do Brasil ao mapa da fome e a importância de política de moradia para a população de rua, que cresceu muito em Belo Horizonte. E hoje tem sido agredida pela extrema direita, que levou um projeto (PL 340) que atacava as políticas de assistência social e legitimava a retirada dos pertences dos moradores de rua. A Praça Centenário (Vaz de Melo) simboliza a população de rua, que encontrou nela um lugar para se alojar”, afirmou Frederico Santana Rick, do Vicariato Episcopal e um dos organizadores do 29º Grito das Excluídas e dos Excluídos.

“A população de rua é a mais excluída, principalmente em termos de território.  Até para ser atendida por políticas públicas, ela tem que migrar muitas vezes. A população de rua é carente de direitos sociais, previdenciários, cultura, abrigamento, políticas socioeducativas, não tem política estruturante de moradia, trabalho ou renda”, pontuou Samuel Rodrigues, coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, ele que também foi um sem-teto.

Rodrigues revelou, também, que a população em situação de rua sempre cresceu, mais o número foi ampliado, assim como os problemas, com a pandemia. “Com a pandemia, a crise econômica e as crises sociais ela cresceu ainda mais. E este ano, sede e fome é um diálogo muito próximo desta população, excluída do direito à água por exemplo. Você está no centro da cidade e você não tem direito à água. Onde a água é mais tratada a esta população é negado este direito. Não tem banheiro público, não tem espaço para cuidar dos seus pertences e não tem água potável. E hoje estamos mais próximos dos catadores de materiais recicláveis e da população LGBTQIA+, que tem encontrado a rua como espaço, em virtude do preconceito.”

Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT/MG, ressaltou a luta contra o projeto de privatizações de Romeu Zema. “É importante a nossa luta para desconstruir e fazer a resistência contra o governo Zema. Ele levou à Assembleia Legislativa um projeto que ainda não foi apreciado. É que para privatizar a Cemig e a Copasa ele tem um empecilho na Constituição Mineira. Ela fala que para vender precisa de votos de 3/5 dos deputados e de um referendo popular. Tem que consultar todos nós. Mesmo se os deputados votarem a favor do projeto de privatização, se a população votar contra o projeto não passa. E vejam o que ele enviou para a ALMG: retira o referendo popular, retira o nosso direito de votar e ainda coloca no texto que nós mineiros e mineiras não temos a capacidade técnica de entender e votar se deve ou não privatizar a Cemig e a Copasa. E coloca também, no projeto, proposta de redução do quórum para maioria simples. Ele sabe que a população não quer a privatização.”

“Um ponto importante para debater. O Zema durante a campanha deixou claro: ia vender Cemig, Copasa, privatizar a educação e a saúde. Em momento algum, durante a campanha, nem no projeto dele de governo, ele colocou que retiraria o nosso direito ao voto. É importante a gente colocar que o Zema tenta enganar a população mineira, com a conversinha que o referendo é caro, não pode ser feito. Não tem nada disso. Nós queremos decidir, caso passe um absurdo desses na Assembleia. É o Fora, Zema! É a nossa unidade aqui em Minas para desconstruir Zema,, que pensa em ser presidente em 2026, para a gente construir de fato um projeto que devolva Minas Gerais para o povo mineiro. Cemig, esse trem é nosso. Vamos reconstruir Minas Gerais”, concluiu o presidente da CUT/MG.

“A gente tem mais fome e sede é se justiça. De um governo que defende o seu povo não queira privatizar. Zema quer destruir o nosso Estado, a nossa educação, a UEMG a Unimontes. Não deixaremos que este governo de morte se consolide para a disputa de 2026. Nós que lutamos e contribuímos para eleição de um presidente que voltou com a democracia, trouxe uma conjuntura em que podemos discutir as nossas pautas, sem medo de ser feliz”, afirmou a deputada estadual Beatriz Cerqueira que também fez referência às eleições municipais. “Rogério Correia nos dá esperança em um futuro melhor, de uma capital melhor.”

“Penso que o Brasil tem que ter uma independência completa. Durante muito tempo tivemos um 7 de setembro de ódio. O Brasil voltou e a Independência é a nossa bandeira. E estamos aqui comemorando uma decisão do Supremo, que demonstrou o que fizeram na Operação Lava-Jato. Em Belo Horizonte, dois pontos são centrais. A luta pelo futuro está nas eleições. Precisamos de uma educação que tenha tempo integral, um SUS mais potente, mais moradias populares. A área do Aeroporto Carlos Prates serviria para isso. Viva a Independência, viva o Grito, viva Belo Horizonte”, disse o deputado federal Rogério Correia (PT).

A deputada federal Duda Salabert (PDT) enfatizou o engajamento político como alternativa ao tema da mobilização. “Precisamos de uma frente ampla de esquerda para desbolsonarizar Belo Horizonte. Muita articulação e mobilização nas eleições do ano que vem. Precisamos de um prefeito que defenda a Serra do Curral, por exemplo. E que nos ajude a derrubar o projeto de Romeu Zema, um office-boy das mineradoras. A governabilidade se constrói nas ruas.”