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Juarez Guimarães: será o 1º de Maio mais importante da classe trabalhadora

"A libertação de Lula só será possível se a campanha atingir um patamar incontornável de resistência à repressão”

Publicado: 16 Abril, 2018 - 12h30 | Última modificação: 08 Junho, 2018 - 01h40

Escrito por: Rogério Hilário, com informações da CUT Nacional e da Rede Brasil Atual

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No segundo dia, sábado (14), da Conferência Lula Livre – Vencer a Batalha da Comunicação, realizada em São Paulo, os comunicadores populares participaram do seminário Democracia e Comunicação, com a filósofa Marilena Chauí e o cientista político Juarez Guimarães. O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) enfatizou a importância de fazer o um 1° de Maio histórico, em função do aprisionamento político do maior líder popular da história do Brasil. Marilena Chauí falou a respeito de democracia no Brasil, neoliberalismo e novas formas tecnológicas informacionais.

Segundo Juarez Guimarães, a importância da figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para os direitos dos trabalhadores e contra o avanço dos ataques do neoliberalismo, ganhou dimensões globais.  “Nós devemos ser capazes de sair agora com a esperança de sermos algo em torno de um milhão de Lulas, soma de todas as manifestações em todos os recantos do Brasil e do mundo, neste 1º de Maio mais importante das classes trabalhadoras brasileiras em toda a sua história. Seremos capazes disso?”, desafiou Guimarães.

O professor pondera que nos governos do petista a ampliação de direitos e conquistas caminhou dissociada de um processo de construção de uma nova hegemonia política – sobretudo em virtude da necessidade de alianças com setores conservadores em nome da governabilidade. Mesmo assim, observa ele, não deixaram de representar uma referência histórica, dadas as possibilidades de alcance a partir de uma batalha democrática.

Guimarães ressaltou a importância da mobilização para assegurar a liberdade de Lula. "A libertação de Mandela só foi possível quando os movimentos de seu país resistiram à repressão. A libertação de Lula só será possível se a campanha atingir um patamar incontornável de resistência à repressão. Se é legitimo ter a esperança, será ilusão se não construirmos razão politica nas ruas e agora", pontuou. "A questão é sobre como construir a consciência e as vozes dessa campanha massiva, incontornável, irresistível, até a mais dura repressão. Ou teremos de nos conformar com Lula preso?", desafiou.

"Lula foi, desde a criação do PT, nosso maior comunicador político. Única liderança que fala para dezenas de milhões, que pode fazer contraponto à Globo", destacou. "Para a coalizão golpista, não era suficiente tirá-lo da eleição, prendê-lo, mas era necessário calar sua voz. E ele nos passou seu direito de voz publicamente. Tantos e tantas que falam por ele. Como entender e realizar tudo isso?"

Juarez Guimarães fez referência ao conceito de hegemonia, de Gramsci, contextualizando no atual cenário brasileiro. "A noção da formação de uma opinião publica democrática está no centro do coração da hegemonia", apontou. "Dar voz pública, direito de falar e ser ouvido. Ninguém pode falar em nome dos que buscam a liberdade. É preciso atualizar o conceito de hegemonia em sociedades midiatizadas."

Marilena Chaui ressaltou que a sociedade brasileira é "estruturalmente violenta", fazendo-se a diferenciação entre este conceito e a expressão associada à delinquência ou criminalidade feita pela mídia tradicional. "Violência é reduzir o outro da condição de sujeito para a condição de coisa. É isso o que a sociedade faz cotidianamente. Como é que vai haver democracia nisso?", questiona.

A filósofa relacionou esse tipo de violência produzida pelo capitalismo com a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O ódio e a violência vêm de cada um que tem no seu ser a ideia de que é pela competição que se vive a vida. É isso que o capitalismo produz. E este ódio vai escolher algo para se expressar, daí a perseguição a Lula."

Marilena falou a respeito dos efeitos da ideologia neoliberal na vida humana. "Neoliberalismo é o estreitamento do espaço dos direitos e o alargamento do espaço dos privilégios. O neoliberalismo define o indivíduo como capital humano, empresário de si mesmo, destinado a uma competição mortal que tem o nome de meritocracia", aponta. "É preciso compreender o papel econômico e político do neoliberalismo, mas também seu papel ideológico, que induz à competição, ao fracasso e ao ódio."

De acordo com ela, o direito à informação se choca com a narrativa hegemônica. "Os meios de comunicação de massa estimulam o narcisismo em detrimento da opinião pública", explica. "Você não tem mais fatos, mas versões associadas a suas preferências. É uma coisa sinistra", diz Marilena.

"A sociedade da razão coloca o conhecimento como uma força produtiva. Quem produz mais valia é o conhecimento, é o trabalho imaterial, o que é feito a partir da informação. Quem detém o conhecimento tem o direito de comandar quem não tem. Daí o poder do formador de opinião", aponta.  "O discurso competente define de antemão quem fala e quem deve ouvir. E define a forma e o conteúdo do que deve ser dito e ouvido."

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