LIVE Trabalho escravo contemporâneo
O Lamparina, canal de divulgação científica de temas rurais convida a todas e todos para a LIVE. Debate tem a participação de Jorge Ferreira dos Santos, da Adere e da Direção Estadual da CUT/MG
Publicado: 07 Fevereiro, 2022 - 12h15 | Última modificação: 07 Fevereiro, 2022 - 14h08
Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Brasil de Fato Minas | Editado por: Rogério Hilário
Diante dos dados recentemente divulgados pelo Ministério do Trabalho sobre o trabalho escravo contemporâneo e das notícias sobre resgates de trabalhadores já em 2022, é urgente falar sobre a permanência do trabalho escravo nos dias atuais. Principalmente o trabalho escravo no meio rural; 89% dos resgatados se dedicavam a atividades rurais em grandes cadeias produtivas (café, carvão vegetal, cana de açúcar, bovinocultura de corte), contrariando a imagem idealizada do agronegócio brasileiro.
Para falar sobre esse tema, contaremos com a participação Profa Claudilene da Costa Ramalho (Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri) e de Jorge Ferreira dos Santos, da Articulação dos Empregados Rurais do estado de Minas Gerais (Adere), e integrante da Direção Estadual da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG).
DIA: 9 de fevereiro - quarta-feira
HORÁRIO: 18 horas
Para acompanhar, acesse o link: https://youtu.be/_eiKE66xFro
Na última semana de janeiro, em Minas Gerais, aconteceu um resgate de trabalhadores em situação análoga à escravidão. Uma operação do Ministério Público do Trabalho (MPT) resgatou 271 pessoas em três fazendas de produção de cana de açúcar na região de João Pinheiro. O resgate foi o mais numeroso dos últimos anos.
Os funcionários da usina viviam em condição degradante, sem refeitório (faziam refeições sentados no chão), sem acesso a sanitários e abrigados em alojamentos superlotados. Segundo o MPT, alguns trabalhadores estavam, inclusive, com teste positivo para covid-19.
A equipe de fiscalização integrada pelo Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais, a Auditoria Fiscal do Trabalho (AFT) e agentes das Polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF), trabalharam no local de 24 a 28 de janeiro, colhendo depoimentos e apurando os valores devidos a cada um dos 271 trabalhadores.
O valor das verbas rescisórias de todos os trabalhadores, calculadas pelos fiscais, deve ultrapassar R$ 5 milhões. “Cada trabalhador vai receber indenização a título de reparação de danos morais individuais e a empresa vai pagar também indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 400 mil”, informou nota do MPT.
Os trabalhadores eram da Paraíba, Piauí, Pernambuco, Maranhão e Bahia.
Resgate é maior que todos de 2021
Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), no ano passado 1.937 pessoas em situação de trabalho escravo contemporâneo foram resgatadas. O número é 106% maior que o de 2020, quando foram resgatadas 936 pessoas.
Minas Gerais, mais uma vez, foi o Estado com o maior número de trabalhadores resgatados, 768 vítimas. Porém, o maior número de pessoas resgatadas em um só estabelecimento foi no Distrito Federal, em que 116 pessoas estavam trabalhando em condições degradantes.
Minas Gerais foi o Estado com o maior número de operações de combate ao trabalho escravo em 2021, com 99 empregadores fiscalizados. Desde 2013, o Estado vem se mantendo em primeiro lugar em resgates por conta da ação da Superintendência no Estado.
Em Minas, por exemplo, duas crianças de 9 e 10 anos e uma adolescente de 13 foram encontradas, junto com seus pais, em condições análogas às de escravo em fazenda de café e eucalipto em Minas Novas, na região do Vale do Jequitinhonha, em fevereiro. De acordo com a fiscalização, eles passavam fome. No momento da fiscalização, foi constatado que um pouco de arroz, de macarrão, sal e feijão e açúcar misturado com pó de café. Questionado sobre a razão dessa mistura, o trabalhador explicou que era para evitar que as crianças comessem o açúcar. Elas iam atrás do produto porque estavam com fome.