Metalúrgicos e metalúrgicas do Vale do Aço e Juiz de Fora em luta
Categoria rejeita propostas das empresas em Timóteo, Coronel Fabriciano e João Monlevade
Publicado: 19 Janeiro, 2016 - 12h56
Escrito por: Rogério Hilário

Metalúrgicas e metalúrgicos do Vale do Aço continuam em luta por conquistas e contra a retirada de direitos na campanha salarial de 2015, iniciada em outubro. Em Timóteo e Coronel Fabriciano e em João Monlevade, a categoria rejeitou, por unanimidade, as propostas dase empresas e aguarda nova rodada de negociação nesta quarta-feira (20). Tendo a crise como pretexto, as empresas tentam fechar acordos com reajustes abaixo da inflação e divididos em três parcelas.
De acordo com Gildásio José Ribeiro, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Timóteo e Coronel Fabriciano (Metasita), a “campanha está travada”, porque as empresas aguardam as negociações com a Aperam, que serve de referência por ser a principal da região. “A Aperam fez uma proposta de 5% de reajuste para uma inflação de 10,33%, mais abono de R$ 700. O INPC sempre foi pago naturalmente. As empresas tentam se aproveitar da crise para reduzir os salários. Não mexem nas demais cláusulas do acordo. Não vamos aceitar a perda do nosso poder de compra. Estamos mobilizados, fazemos manifestações e panfletagem nas portarias das fábricas, enquanto o processo de negociação está em andamento”, afirmou Gildásio José Ribeiro.
Em torno de 6 mil trabalhadoras e trabalhadores compõem a base dos metalúrgicos em Timóteo e Coronel Fabriciano. Três propostas da Aperam já foram rejeitadas. A categoria, que tem data-base em 1° de novembro, pede reposição das perdas salariais, com ganho real, retorno de férias de um salário para todos e fim da jornada fixa, com revezamento de 36 horas semanais.
Em João Monlevade, a ArcelorMittal ofereceu os mesmos 5% de reajuste, divididos em três parcelas (2% em outubro; 2%, em fevereiro; e 1%, em março), sem retroativo, e abono de R$ 1.050. Já o Grupo 19, formado por serralherias, usinagens, empresas de informática, propôs 5%, divididos em duas vezes (outubro e março), sem retroativo. Metalúrgicas e metalúrgicos, que rejeitaram por unanimidade as propostas das empresas e aprovaram estado de greve, exigem 11,5% - 7,5% em outubro; 2,5%, em feveiro; e 1,2%, em março), todos retroativos a outubro.
“Temos uma reunião de negociação agendada para quarta-feira (20). A categoria está mobilizada e não vai aceitar uma proposta inferior à inflação”, disse José Quirino dos Santos, diretor de Administração e Finanças do Sindicato dos Metalúrgicos de João Monlevade (Sindmon-Metal). Segundo José Quirino, não está prevista nova rodada de negociação com o Grupo 19. São cerca de 6 mil trabalhadoras e trabalhadores na base e a data-base é 1° de outubro.
“As empresas querem reduzir os salários. Alegando o efeito China e a concorrência, dizem que não têm condições de dar reajuste, que estão reduzindo a produção nas unidades. Além disso, tentam impor o banco de horas, positivo e negativo. O que pretendem mesmo é reduzir o quadro nas unidades e recompor o revezamento com horas extras”, acrescentou o dirigente do Sindmon-Metal.
Juiz de Fora e Região
Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora e Região (Stim-JF) se reúnem às horas desta quarta-feira (20) com representantes do sindicato das indústrias metalúrgicas em audiência de mediação na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE). As negociações com as empresas, que começaram em setembro de 2015, não a avançaram porque os patrões insistem em parcelar o reajuste pelo INPC, mas sem pagar o retroativo. “Sem retroativo, não queremos acordo. Exigimos que paguem o total, que o pagamento contemple o período todo”, disse o presidente do Stim-JF, João César da Silva. Segundo o dirigente, as empresas querem pagar 7% sobre o salário de setembro, mas os 2% restantes seriam aplicados em janeiro, sem pagamento do retroativo. “Trabalhadoras e trabalhadores que ganham o piso deixariam R$ 400 para os patrões”, avaliou.
De acordo com o dirigente, a intransigência do sindicato patronal é localizada: as empresas Votorantim e Módulo Metal são contra o pagamento do retroativo. “Pelo que acompanhamos, sabemos que o problema é localizado.” Para João César da Silva, as empresas não podem alegar dificuldades. Ele explica que faltam apenas acordos com a ArcelorMittal e o sindicato patronal, pois negociações com outras empresas já foram encerradas. “Os patrões estão sem argumento. Se existisse crise, as empresas não estariam fechando acordo com PLR. Mais de 90% dos metalúrgicos e das metalúrgicas tiveram os acordos renovados com PLR. Nos acordos, também, houve melhora no tíquete-alimentação. Na reunião de amanhã (quarta-feira) vamos apresentar uma série de documentos que comprovam isto.
O presidente do Stim-JF lembrou que o Sindicato negocia acordos em separado com sindicato patronal, ArcelorMittal, Mercedes-Benz e demais empresas. “Algumas datas-base são diferenciadas. A da ArcelorMittal é outubro, a da Mercedes, maio. Para as demais a data-base é setembro”, revelou. No total, são 7 mil trabalhadores e trabalhadoras na base.