Metroviárias e metroviários mantêm greve em Belo Horizonte
Categoria aprova continuidade do movimento com 100% de paralisação e volta a se reunir em assembleia na manhã desta quinta-feira
Publicado: 15 Fevereiro, 2023 - 16h30 | Última modificação: 15 Fevereiro, 2023 - 16h48
Escrito por: Rogério Hilário | Editado por: Rogério Hilário
O Metrô de Belo Horizonte vai seguir totalmente parado. Em assembleia realizada na Estação Central na noite de terça-feira, 14 de fevereiro, com cerca de 250 pessoas, metroviárias e metroviários manter a paralisação por pelo menos mais dois dias. Os profissionais são contrários à privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos em Minas Gerais (CBTU-MG) e defendem 1.600 empregos de trabalhadoras e trabalhadores concursados. Uma nova assembleia vai ocorrer às 10 horas desta quinta-feira, 16 de fevereiro, na Estação Central.
A reivindicação da categoria é pela revogação do leilão do Metrô de BH, realizado em 22 de dezembro do ano passado e que foi vencido pela Comporte Participações S/A, de São Paulo, pelo valor de R$ 25,7 milhões.
Uma nova audiência de conciliação entre Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos (Sindimetro/MG) e a direção da CBTU-MG está programada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT-3) para as 14h30 desta quarta-feira, 15 de fevereiro.
Na assembleia, convocada e coordenada pelo Sindimetro/MG, o movimento de metroviárias e metroviários de Belo Horizonte recebeu o apoio incondicional da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Sintect/MG) e do Movimento Luta de Classes, entre outras entidades.
“A presença de tantos profissionais da categoria presentes nesta assembleia e a adesão maciça à greve me deixaram muito emocionada. Agradeço a quem aderiu à paralisação. Somos a categoria metroferroviária. Não somos qualquer categoria. Temos que nos manter unidos. Demos o nosso recado. Queremos mais emprego, queremos nossos salários. Queremos respostas para as propostas que fizemos. E recebemos da direção da CBTU práticas antissindicais. Eu acredito na categoria e vamos dar o nosso recado, com os trens parados até que negociações sejam oficialmente abertas. Vamos mandar o recado para Brasília”, afirmou Alda Lúcia Fernandes dos Santos, presidenta do Sindimetro/MG.
“Sabemos que a privatização do Metrô de Belo Horizonte, processo construído pela gestão Romeu Zema e o governo federal anterior, faz parte do projeto do governador de chegar à Presidência da República. E as privatizações estão entre as principais pautas políticas dele, que já tem em seus planos a estatização do Metrô, que passará a ser dele e seus amigos. Mas, esta venda passará pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). E vamos nos reunir, no dia 28, com presidente do BNDES, Aloisio Mercadante. A Comporte, com certeza, terá que buscar os R$ 25 milhões no BNDES para comprar o Metrô e pagar a perder de vista”, disse Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT/MG.
“A greve de vocês é muito importante, para que a população conheça as suas demandas e reconheça a importância do transporte público. Mas é preciso estar atento aos inimigos. Vejam o que está acontecendo com o Sind-UTE. O Zema quer acabar com o maior sindicato de Minas Gerais, segundo do Brasil e terceiro na América Latina. O governador insiste na Justiça em aplicar uma multa de R$ 3,2 milhões pela greve do ano passado, cujos dias paralisados já foram compensados pela categoria. Com isso, tenta bloquear as contas para inviabilizar o funcionamento do Sind-UTE, que precisa do nosso apoio político e financeiro para não fechar. Não vamos deixar que isso aconteça”, assegurou Jairo Nogueira.
“Nós também passamos pelo mesmo processo de privatização no governo que saiu. Mas, apesar do projeto ter passado na Câmara dos Deputados, teria que passar pelo Senado. Com a mudança de governo, o presidente Lula disse que não haveria privatização. Vamos continuar vigilantes, mobilizados, para garantir que a privatização não seja concretizada”, João Evangelista do Nascimento, secretário de Formação e Política Sindical do Sintect/MG).