Nas ruas e nas redes, CUT faz mobilizações contra reforma de Bolsonaro
Demais centrais, movimentos sociais e parlamentares da oposição continuam pressão para barrar reforma. Ato nacional será dia 12 de julho em Brasília e outras mobilizações estão marcadas para os dias 10 e 12
Publicado: 10 Julho, 2019 - 15h00
Escrito por: Érica Aragão
Mesmo com algumas alterações no relatório da reforma da Previdência de autoria do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 006/2019), ainda é extremamemte prejudicial a milhões de trabalhadores e trabalhadoras.
Com as novas regras, se aprovadas, as pensões de viúvas podem ser menores de um salário mínimo, as aposentadorias especiais, que são benefícios para trabalhos em locais expostos a agentes nocivos à saúde, terão acesso dificultado, vai aumentar o tempo de contribuição para 40 anos para a obtenção da aposentadoria integral e diminuir de 90 para 60% o percentual de quem contribuiu por 20 anos – tempo mínimo que a reforma impõe aos trabalhadores para terem direito à aposentadoria. Além disso, não atacam privilégios, denunciam diversos parlamentares.
Para que este projeto não seja aprovado, a CUT, demais centrais, movimentos sociais e parlamentares contrários à reforma da Previdência, do governo de Jair Bolsonaro (PSL), estão nas ruas e nas redes sociais mobilizando a população para barrar a PEC, que foi debatida no Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, na terça-feira (9).
Nas redes, a hashtag #ReformaNão ficou em primeiro lugar nos Trends Topics do Twitter com ação organizada pela CUT, demais centrais e movimentos sociais.
No site napressão, a ferramenta online para pressionar os parlamentares, desde a última sexta-feira (6), após ser atualizada a campanha “Querem o fim da sua aposentadoria”, teve mais de 30 mil visualizações, com mais de 6 mil usuários, que assim, demonstraram aos parlamentares o seu posicionamento contrário à reforma da Previdência.
Pressão nas ruas
Nas ruas, a pressão foi feita junto aos parlamentares que saíram de suas bases rumo à Brasília.
Em São Paulo, a pressão dos trabalhadores sobre os parlamentares foi feita no aeroporto de Congonhas. Desde as 6 horas, sindicalistas e militantes dos movimentos sociais conversaram com a população, os deputados e deputadas que passavam pelo local.
“Houve apoio de muitos passageiros contra a reforma da Previdência. Foi um trabalho intenso, que nem o feriado nos fez desanimar”, disse a secretária de Comunicação da CUT de São Paulo, Adriana Magalhães.
A dirigente CUTista, que trabalhou intensamente na pressão aos parlamentares em Congonhas, disse que o deputado Ivan Valente (PSOL) alertou “que só com muita pressão nas ruas é que muda o placar da reforma da Previdência”.
Segundo o site UOL, uma pesquisa mostrou que a PEC 006/2019 tem apoio de 268 deputados. Desse total, 17 condicionam o voto favorável a mudanças no texto. O número de votos contrários aumentou de 97 para 105. Até a última segunda-feira se diziam indecisos 23 parlamentares. Outros 72 deputados não quiseram responder e 42 não foram localizados. Para aprovar o texto na Câmara são necessários 308 votos.
“Ainda dá tempo de virar este placar, com pressão nas ruas, nas redes, no napressão e com manifestações contrárias a este projeto”, afirmou Adriana.
Dia 10 de julho
Diretores da CUT e demais centrais participam da Vigília em Brasília, no dia 10 (quarta-feira). Em São Paulo, movimentos sociais chamaram a população para uma mobilização nesta quinta-feira (10), a partir das 17 horas, na altura do vão livre do Masp, na Avenida Paulista.
O Rio Grande do Sul também terá mobilização no dia 10. Em Porto Alegre será realizada uma vigília unificada da CUT e demais centrais, contra a reforma da Previdência às 17h, em frente à sede do INSS, na Travessa Mário Cinco Paus, no centro. Um trabalho de coleta de assinaturas para o abaixo-assinado contra a PEC 006/2019 também está previsto.
Dia 12 de Julho
A CUT e demais centrais sindicais reafirmaram a mobilização nesta sexta-feira (12), com um ato nacional em Brasília, contra o fim da aposentadoria, pela valorização da educação e por emprego, que será realizado em conjunto com a União Nacional dos Estudantes (UNE).
Em Belo Horizonte, Ato Público Unificado das centrais sindicais e dos movimentos sociais vai acontecer na Praça Afonso Arinos, região Central da capital mineira. A concentração começa às 17 horas, com marcha para a Praça Sete.
“Só tem um ato nacional marcado pela CUT e demais centrais sindicais contra a reforma da Previdência,que será no dia 12, sexta-feira, em Brasília. As demais mobilizações, marcadas tanto para o dia 10 quanto o dia 12, mesmo não sendo marcadas pelas centrais, a nosso ver são positivas”, afirmou o Secretário-Geral da CUT, Sérgio Nobre.
“Tem muita gente contra o fim da aposentadoria e as mobilizações nas ruas, nas redes e de pressão aos parlamentares devem continuar até que nenhum direito seja retirado do trabalhador e da trabalhadora”, diz Sérgio Nobre, ao ressaltar a importância das mobilizações.
Já estão marcadas para a data, o “Fórum Goiano contra a reforma da Previdência e Trabalhista”, vai se somar aos atos na capital Federal, em decorrência a proximidade com Brasília.
Em Porto Alegre (RS), haverá uma caminhada, com saída às 17h, da Faculdade de Educação (Faced), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), até a Esquina Democrática.
Outras mobilizações
Trabalhadores e trabalhadoras do Ceará, na madrugada do dia dois de julho, fizeram manifestação no aeroporto internacional Pinto Martins, em Fortaleza.No ato, dirigentes de diversos sindicatos abordaram passageiros e parlamentares que embarcavam para Brasília. Segundo os presentes no local, o deputado Heitor Freire (PSL), favorável ao projeto que quer acabar com a aposentadoria do povo, fez chacota ao passar pelo grupo.
Ceará
Em Santa Catarina, a ação no aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, foi organizada pela CUT e demais centrais. Na ocasião, o senador Esperidião Amin (PP) que disse que só vai se manifestar sobre a reforma quando ela chegar ao Senado.