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Oposição a Zema aciona STF para suspender fim do referendo em venda da Copasa

Sem desistir de barrar privatização da companhia, legendas buscam instância máxima judicial para reverter efeitos de proposta que retirou consulta popular

Publicado: 25 Novembro, 2025 - 14h58

Escrito por: Leticya Bernadete / O Tempo

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Em mais uma tentativa de barrar a venda da Copasa, os partidos PT e PSOL acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar a emenda constitucional que retira a obrigatoriedade de realização de referendo para privatização da companhia. A Ação Direta de Inconstitucionalidade tem como argumento uma “tentativa de retirar da população mineira o direito constitucional” por parte do texto protocolado pelo governo Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

A petição é direcionada ao presidente do STF, ministro Edson Fachin. Para os partidos, a derrubada da consulta popular para venda da companhia de saneamento, anteriormente prevista na Constituição Estadual, vai contra o “princípio da soberania popular”.

“Suprimir essa exigência equivale a subtrair do povo mineiro o poder de decidir sobre o destino do patrimônio público, transferindo para o poder político ocasional uma prerrogativa que pertence à coletividade”, argumentam as legendas.

Na ação, o PT e o PSOL ainda citam o princípio de vedação do retrocesso, em que não há a possibilidade de retirar direitos. “A supressão ou mitigação de políticas e normas voltadas à participação popular, à igualdade e à cidadania ativa — pilares do Estado Social e Democrático de Direito — configura inequívoca violação à vedação ao retrocesso”, afirmam.

Por fim, após argumentação, os partidos pedem uma medida liminar para suspender a vigência da Emenda Constitucional, promulgada pela Assembleia no último dia 20 de novembro. O acionamento do STF acontece em meio aos movimentos para concretizar a privatização da Copasa.

Na Casa Legislativa, está em tramitação o processo de efetiva venda da companhia. Além disso, a gestão de Zema também tem tomado medidas para a desestatização, como a contratação de uma consultoria para venda da Copasa. O governador também já se reuniu com investidores antes mesmo do aval da Assembleia - fato também citado na ação movida pelo PT e pelo PSOL.

Tramitação da PEC

A tramitação da proposta sobre o referendo teve forte tentativa de obstrução por parte da oposição de Zema na Casa. A sessão em que ocorreu a votação do projeto em primeiro turno, por exemplo, teve mais de dez horas de duração, começando na noite de 23 de outubro e se encerrando na madrugada do dia 24.

Já o segundo turno foi marcado por discussões, brigas e até mesmo “VAR” por conta de um voto de última hora que virou o placar. Para avançar, a proposta precisava do aval de ao menos 48 deputados estaduais. O presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB), abriu a votação após horas de debate. Quando foi encerrada, o placar da Casa mostrava apenas 47 votos a favor da PEC.

Enquanto a oposição já comemorava o resultado, o deputado Bruno Engler foi ao microfone para pedir à Mesa Diretora o registro de seu voto “sim”. Houve questionamentos se Engler estaria em plenário na hora da votação e se a escolha dele poderia ser considerada. A reunião foi temporariamente suspensa para que a Mesa Diretora analisasse as imagens da Casa, em uma espécie de “VAR”. Após avaliação, o voto do parlamentar foi computado, o que levou à aprovação da PEC.

Por conta disso, a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) protocolou na Justiça um mandado de segurança contra a Assembleia sobre o que considerou supostas irregularidades no processo de votação da proposta. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais não acatou a limitar. A parlamentar, então, entrou com recurso da decisão e aguarda o andamento da ação.

Agora, a oposição de Zema busca, através dos partidos do PT e do PSOL, a instância máxima judicial com a Ação Direta de Inconstitucionalidade protocolada no STF, enquanto o projeto que efetiva a privatização da Copasa segue avançando na Assembleia.