Pesquisa: saúde mental de jornalistas pós-pandemia e pós-reforma trabalhista
Fundacentro e Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) vão conduzir pesquisas que subsidiarão políticas sindicais e de negociação com entidades patronais
Publicado: 10 Abril, 2024 - 14h30
Escrito por: Cida de Oliveira, da RBA | Editado por: Rogério Hilário
A Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lançaram nesta terça-feira (9) a pesquisa nacional sobre a saúde mental de jornalistas. O projeto tem apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT).
O objetivo é identificar os impactos da pandemia de covid-19 e dos novos arranjos a partir da “reforma” trabalhista de 2017. De 2019 a 2022 o governo de Jair Bolsonaro (PL) desferiu ataques diretos à categoria, em especial às mulheres. E aos que trabalham para grandes empresas de comunicação, jornais, TVs e portais, com ações trazendo consequências à saúde mental da categoria em todo o país.
“A pesquisa é essencial para a gente avançar na defesa da saúde mental de jornalistas”, disse o vice-presidente da Fenaj, Paulo Zocchi. “Obviamente todos os trabalhadores estão em situação de pressão a partir da reforma trabalhista, da desregulamentação, da precarização. E o jornalismo está fortemente sob o impacto das mudanças tecnológicas.”
Saúde mental engloba diversos fatores para o bem-estar
Conforme frisou Paulo Zocchi, os profissionais da comunicação não são contrários ao avanço tecnológico, embora isso tenha prejudicado a prática jornalística. “No nosso caso, há redução de postos de trabalho, o acúmulo de funções se torna mais comum e o ritmo de trabalho se intensificou. Vieram as plataformas digitais e os profissionais passaram a fazer vídeo, áudio, texto. Passaram então a ser constrangidos a atender a várias demandas, sejam eles pejotizados ou contratados. Esse é o quadro do assédio moral. E não tem RH que dê jeito”, resumiu Zocchi, destacando que o jornalismo é essencial para a democracia.
O termo saúde mental engloba um conjunto de fatores que contribuem para o bem-estar geral do ser humano e seu equilíbrio físico e emocional. A ausência ou limitação dessas condições tende a causar sofrimento mental. E a acarretar consequências tanto no desempenho profissional como nos diversos aspectos da vida social e privada, com reflexos psicossociais.
Com esse projeto, a Fenaj e seus 31 sindicatos filiados pretendem identificar os impactos. E, a partir de seus resultados, formular políticas sindicais e de negociação com as entidades patronais. O objetivo principal é contribuir para a melhoria das condições do trabalho. E incentivar a criação de leis que protejam os trabalhadores do assédio e da pressão.