Plenária define ações do Dia Nacional do Basta e mobilização em Brasília
Dirigentes e militantes CUTistas de Minas Gerais e Espírito Santo articulam com movimentos sociais paralisações e manifestações para os dias 10 e 15 de agosto
Publicado: 19 Julho, 2018 - 19h38 | Última modificação: 20 Julho, 2018 - 15h12
Escrito por: Rogério Hilário
Dirigentes e militantes de entidades CUTistas de Minas Gerais e Espírito Santo participaram, nesta quinta-feira (19), da Plenária Interestadual na Escola Sindical 7 de Outubro, em Belo Horizonte. Na pauta, novas estratégias para dar continuidade às ações Lula Livre e uma grande mobilização em Brasília para garantir o registro da candidatura do ex-presidente no dia 15 de agosto. Para a construção do Dia Nacional do Basta, 10 de agosto, também chamado de Dia Nacional de Paralisações e Manifestações, foram definidos encaminhamentos para mobilizar as bases CUTistas e dialogar com a população sobre a defesa da democracia e dos direitos. As entidades vão se unir às outras centrais em um grande ato pela manhã. Os dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios anunciaram greve nacional, a partir do dia 8, e os grevistas reforçaram os protestos do dia 10. Também foi lançada, na Plenária, a Plataforma da CUT para as eleições.
A Plenária Interestadual foi aberta com mesa formada pelo secretário-geral da Central Única de Minas Gerais (CUT/MG), Jairo Nogueira Filho; a secretária de Comunicação, Rosângela Costa; Milton dos Santos Rezende, da CUT Nacional; Silvio Netto, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); a pré-candidata a deputada federal Cristina del Papa, coordenadora geral licenciada do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (Sindifes) e licenciada da Diretoria da CUT/MG; e o diretor licenciado do Sinpro-JF, Roberto Cupolillo, pré-candidato a deputado estadual.
Cristina del Papa enfatizou que a resistência da classe trabalhadora é que tem impedido o avanço do golpe. “A temos a compreensão de que o companheiro Lula vai ter a candidatura inscrita. Eleger Lula é a única forma de desfazer o golpe e também para convocar uma Assembleia Constituinte, para a reforma política, a reforma no Judiciário, da reforma tributária a democratização da mídia. Lutamos contra a PEC 95, que congela por 20 anos os investimentos em educação e saúde. O Brasil retrocedeu 50 anos quando foram cortados os investimentos em tecnologia.”
Milton dos Santos Rezende destacou a importância da construção de um grande Dia Nacional do Basta e da garantia da candidatura de Lula, mas avaliou que outra agenda política é fundamental para a classe trabalhadora e os movimentos sociais: a 3ª Conferência Nacional da Frente Brasil Popular, nos dias 24 e 25 de novembro, após o segundo turno das eleições. “Vamos analisar o quadro nacional e organizar as próximas tarefas e construir o Congresso Nacional em fevereiro. É importante estar nesta frente de luta, onde se encontram todos os movimentos sociais, para organizar a unidade da esquerda no país. Faço um convite para que todos e todas estejam envolvidos nestas tarefas.”
Silvio Netto, do MST, também considerou prioritária a unidade da Frente Brasil Popular como instrumento para o enfrentamento que a classe trabalhadora e os movimentos sociais têm feito nos últimos dois anos, principalmente. “Conseguimos impedir que a rota do golpe chegasse a Minas Gerais. O processo eleitoral tem uma importância grande na nossa conjuntura e o que nos coloca desafios importantes. Não podemos permitir a volta do tucanato ao governo de Minas Gerais. Temos que entender que estas eleições não vão ter o mesmo formato das outras. Por isso o dia 10 tem um papel fundamental. Ao demonstrar nossa capacidade de fazer o enfrentamento, daremos um recado claro de que não vamos permitir a consolidação do golpe, colocar toda nossa energia à disposição do dia 10”, declarou o dirigente do MST.
Segundo Silvio Netto, os sem-terra já estão prontos para o segundo desafio: e chegada a Brasília, no dia 15 de agosto, para garantir a inscrição da candidatura de Lula à Presidência da República. “Estamos dispostos e chegaremos a Brasília no dia 15, numa grande marcha que começará no dia 9, mostrando a disposição, a organização e o sacrifício do povo. Isto está na ordem do dia para garantir a candidatura do companheiro Lula.”
Da segunda mesa, de conjuntura nacional, participaram Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT Nacional; e Frederico Melo, técnico da Subseção do Dieese da CUT/MG. Após sua apresentação, Frederico Melo apontou quais seriam as próximas demandas da classe trabalhadora e dos movimentos sindicais e sociais para reverter os efeitos do golpe. “É necessário elaborar estratégias para enfrentar a desigualdade. Para isto, é preciso restaurar a democracia e radicalizá-la. Para chegar a este objetivo temos que democratizar o Estado; lutar pela revogação da PEC 95; promover as reformas política, do Judiciário e tributária; democratizar os meios de comunicação de massa; recompor os direitos e direitos do trabalho; e acabar com a criminalização dos movimentos sociais.”
Outra pauta defendida por Frederico Melo é a “resistência ao desmonte da organização sindical e reinvenção do sindicato”. “Para isto seria preciso repensar a organização sindical em função dos interesses e fortalecimento da classe trabalhadora; ampliar a representação sindical por categoria; ampliar os interesses dos representados e o campo de ação; resistir à reforma antitrabalhista e elaborar estratégia propositiva; promover a lógica da solidariedade e da identidade de classe; incorporar a juventude, suas demandas e características; aliar as lutas específicas às gerais. E, em terceiro lugar, os outros desafios seriam ações internacionais e ambientais”, afirmou.
Sérgio Nobre enfatizou a importância das plenárias no Brasil inteiro. “As plenárias nasceram nos três dias que Lula esteve em São Bernardo do Campo. Quando ele resolveu se apresentar, houve especulação as redes sobre pressões para ele não se entregar, mas a decisão foi de Lula, que disse: ‘Vou me apresentar para não dizerem que sou foragido. Ao eu me apresentar viro uma bandeira de luta para vocês, que vão andar pelo país para organizar minha campanha, porque eu vou ser candidato’. Eu vim do Mato Grosso do Sul. O povo saiu animado para implementar a nossa agenda.”
Para o secretário-geral da CUT, o grande desafio é derrotar o golpe. “O golpe vive uma encruzilhada, ele se deu numa articulação entre os partidos de direita a grande mídia, a cúpula do Judiciário e o capital. Controlam as instituições , mas não controlam a vontade popular. Todas as pesquisas mostram a força que Lula tem. Temos potencial extraordinário de vencer as eleições, porque o povo está começando a perceber os efeitos do golpe. Precisamos conversar com trabalhadoras e trabalhadores. Eles veem agora que foram enganados. Disseram que bastava tirar a Dilma e fazer a reforma trabalhista para o emprego melhorar. Isso não aconteceu. O desemprego já bateu em todas as portas. Nós falamos: se vocês não entrarem na luta, o desemprego vai chegar a sua casa. Em São Paulo é visível o número crescente de famílias inteiras dormindo nas calçadas. A pobreza está chegando.”
Segundo Sérgio Nobre “o povo já percebeu que as coisas estão ficando muito ruins”. “Quando denunciamos a reforma da Previdência, a população entendeu e por isso a reforma não foi aprovada. Mas a reforma trabalhista foi mais difícil de explicar. Agora o povo está entendendo. Quem trabalha no comércio já sentiu, com trabalho intermitente, a terceirização, o processo do golpe. Vimos como virar o jogo. Na greve dos caminhoneiros, 80% apoiou a mobilização da FUP e os petroleiros. As pesquisas mostram 80% dos brasileiros são contra a privatização da Petrobrás, são contra a compra da gasolina no exterior. O mundo está se dividindo sobre aqueles que são produtores e os outros são compradores. Este é o projeto que os golpistas e as multinacionais têm para o Brasil. “
“Lula está preso há mais de 100 dias e lidera as pesquisas. O Dia do Basta é um fator fundamental. Se ficarmos apenas no enfrentamento, as pessoas ficarão na defensiva, porque a população tem o que nos dizer. A gente precisa dialogar entre nós nesta conjuntura de acirramento de classe. Com uma forte aliança vamos derrotar o golpe e as direitas. Temos que fazer esta disputa, dialogar com a população. Dia 10 está logo ali e precisamos fazer um grande trabalho de base. Não duvide da capacidade de fazer maldade deste pessoal que está no poder. Se ficarem mais quatro anos, não vai sobrar nada. Eles estão se preparando para vir para cima da gente. Temos tudo para fazer uma grande mobilização, sempre colada com a libertação do nosso companheiro Lula, pois sem ele não há condição de conter o golpe. Vamos registrar a candidatura de Lula no dia 15, percorrer o país e tornar o Brasil melhor para nossos filhos”, concluiu Sérgio Nobre.
Dia Nacional do Basta
Durante a tarde desta quinta-feira (19), dirigentes e militantes definiram os encaminhamentos para do Dia Nacional do Basta e da mobilização para garantir a inscrição da candidatura de Lula. Na coordenação do debate, Jairo Nogueira Filho e Rosângela Costa, secretário-geral e secretária de Comunicação da CUT/MG, e outros dirigentes consideram essencial o diálogo com a população sobre os motivos das paralisações e manifestações do dia 10. “Vamos às ruas a partir da próxima semana para conversar com as pessoas e entregar elas panfletos e informes com uma linguagem direta e simples, que chame a atenção das pessoas. A população precisa entender que é basta de crise, basta de congelamento de salário, basta de desemprego, basta de privatização, basta de entrega do patrimônio do povo. Que se não entrar nesta luta, a reforma da Previdência vai passar”, afirmou Rosângela Costa.
“No dia 15 faremos uma grande atividade em Brasília, no primeiro dia de registro das candidaturas. A expectativa é levar 100 mil pessoas a Brasília. O MST sairá em marcha no dia 9 e Minas Gerais terá uma caravana, para realizarmos um grande ato em defesa da democracia, o início de um movimento de campanha eleitoral para mudar o país. Nós vamos comprovar nossa capacidade de luta, nossa força e a nossa união”, disse Jairo Nogueira Filho.