Política de lucro acima da vida coloca a Regap sob iminência de tragédia
Em processo de parada de emergência, um vazamento foi o foco de incêndio em uma torre. Para o controle da situação, foi necessário acionar a Brigada e evacuar a área
Publicado: 25 Julho, 2022 - 11h26
Escrito por: Sindipetro/MG | Editado por: Rogério Hilário
No decorrer da noite da última quinta-feira, 21 de julho, petroleiros e petroleiras da Refinaria Gabriel Passos (Regap), passaram por mais um caso que colocou suas vidas sob risco. Relatos recolhidos pelo Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro/MG) indicam que, após a ocorrência de trip na unidade de resfriamento de água industrial (U-123), na Unidade de Utilidades (UT), foi registrado um princípio de incêndio na torre de destilação 102C01 da U-102. A unidade foi evacuada e, por sorte, o fogo não se alastrou fazendo vítimas.
Responsável pelo envio de água para diversas unidades da Regap, o trip da U-123 foi responsável por ocasionar a parada de emergência na Unidade de Destilação Atmosférica e Vácuo (UDAV-2), no Craqueamento Catalítico Fluidizado (CCF-2) e na unidade de unidade de Hidrodessulfurização (HDS). As paradas de emergência afetaram a produção de toda a refinaria, uma vez que a perda no balanço de carga causou distúrbio nas demais unidades. Mais grave, porém, foi o incêndio na 102C01, torre de destilação da U-102.
Em processo de parada de emergência devido ao ocorrido na U-123, um vazamento na 102C01 foi o foco de incêndio na torre, pertencente à U-102. Para o controle da situação, foi necessário acionar a Brigada e evacuar a área. Durante o atendimento da ocorrência foi constatado pelos trabalhadores do local que a Brigada estava trabalhando abaixo do número calculado. O motivo, segundo os relatos, é de que o supervisor da Unidade de Hidrotratamento (HDT) não autorizou a saída do petroleiro brigadista da área, uma vez que ele era o único trabalhador na gasolina.
“Já enviamos ofícios, que não foram respondidos, para a refinaria sobre o problema que podemos ter por operar abaixo do número mínimo. Estamos falando de uma refinaria que, depois de abandonada pela Petrobrás, com cortes de investimentos absurdos, está cada dia mais sujeita a emergência, colocando em risco a vida de todos” afirmou o coordenador-geral do Sindipetro/MG, Alexandre Finamori.
Sucateamento levará à tragédia
O ocorrido demonstra as consequências da política do lucro sob a vida, posta em prática pela atual gerência geral da refinaria e pelos diretores da Petrobrás. O sucateamento dos equipamentos da Regap, assim como a degradação das condições de trabalho e o desrespeito ao número mínimo de operadores, têm colocado a petroleira e o petroleiro da refinaria à iminência de uma tragédia de grandes proporções. Ainda nesta semana a U-102 já havia passado por uma parada não programada causada pela não manutenção de uma linha de resíduos de vácuo, que deveria ter sido trocada ainda na parada de manutenção de 2019.
O Sindipetro/MG cobra da gerência local retorne ao número mínimo historicamente praticado, visto que a redução deste tem acarretado no aumento do risco operacional e gerando transtornos resultantes do trabalho sob pressão. Assim como a recomposição do efetivo, a fim de que as saídas definitivas, os afastamentos motivados por férias ou mesmo por questões médicas, não causem o aumento de riscos operacionais.
O Sindicato dos Petroleiros alerta que as más condições de manutenção da refinaria têm transformado a Regap em um ambiente propício para uma tragédia de grande porte, colocando em risco a vida da categoria petroleira e das comunidades do seu entorno. É urgente que a gerência geral abandone o projeto de sucateamento da refinaria e por fim, cumpra a sua obrigação de produzir com segurança.
“Vamos cobrar respostas da Gerência Geral, do gerente de produção, do gerente de SMS e todas outras gerências uma solução para esse descaso com a segurança que vivemos na Regap. As vidas das pessoas estão em risco e isso não pode ser negligenciado” enfatizou Alexandre Finamori.