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Presidente da Cemig defende privatização em live e não descarta demissões

Reynaldo Passanezi disse que os trabalhadores não têm que ter medo da privatização no que diz respeito aos empregos, mas sinalizou que demissões podem acontecer se a empresa for vendida

Publicado: 11 Maio, 2020 - 11h30

Escrito por: ABCF - Associação dos Beneficiários da Cemig Saúde e Forluz  

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O presidente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Reynaldo Passanezi, defendeu a privatização da empresa  em uma live (transmissão ao vivo) pelo YouTube realizada na sexta-feira (8). Passanezi afirmou que era necessário ter transparência, um debate aberto sobre o tema e que não se poderia ter uma posição maniqueísta sobre o assunto.

O vídeo não está mais disponível no YouTube.

Segundo ele, a privatização poderia ser um grande motor de transformação da companhia e sugeriu: “Quem sabe colocar condições que aumentem em muito a chance de sucesso da privatização”. Passanezi disse que a privatização não só “ajuda na situação fiscal do governo de Minas Gerais”, mas ajudaria a Cemig a se estabelecer como “uma empresa melhor”.

Demissões

Ele disse que os trabalhadores não têm que ter medo da privatização no que diz respeito aos empregos, mas sinalizou que demissões podem acontecer se a empresa for vendida. “A experiência (das privatizações) é que quem tem compromisso, quem tem dedicação, quem trabalha bem, claramente continuará tendo seu emprego”.

O presidente da Cemig também deu a entender que a privatização não está nos planos de curto prazo. “Hoje, o meu objetivo é fazer essa transformação com o Estado de Minas Gerais como acionista controlador da empresa”.

Usinas

Reynaldo Passanezi disse que a Cemig tem interesse em renovar a concessão de usinas. “A minha visão é que a gente não pode perder as usinas”, disse. “Temos que preservar essas usinas na carteira da Cemig”, citando as usinas de Nova Ponte, Emborcação e Sá Carvalho.

Mas essa renovação dependeria da venda do controle dessas usinas, da possibilidade de privatização da companhia, de condições financeiras e da autorização da Assembleia Legislativa.

“O bônus de outorga tem que ter um valor razoável”, disse. E completou: “E a necessidade que existe de a Assembleia Legislativa autorizar a prorrogação”.

Queda no preço das ações

Sem levar em conta a importância da Cemig na indução do desenvolvimento econômico do estado sendo uma empresa estatal, e pensando apenas do ponto de vista financeiro, a privatização hoje traria sérios prejuízos ao estado de Minas Gerais.

A queda nos preços das ações da Cemig com a crise da Covid-19 fez valor da empresa despencar mais de 40% (veja matéria da ABCF aqui https://www.portalabcf.com.br/valor-da-cemig-cai-quase-50-e-privatizar-agravaria-mau-negocio-em-vende-la/) em março. Em fevereiro, a ação ON (a qual o Estado detém 50%) valia R$ 16,85 e caiu para R$ 9,21 em março. Uma queda de 46%. Hoje, dia 8 de maio de 2020, a ação ON da Cemig (CMIG3) está valendo ainda menos: R$ 8,55.

Aposentados e PDV

O presidente da Cemig prometeu para terça-feira, 12 de maio, uma nova transmissão ao vivo para falar sobre aposentadoria e PDVP (Programa de Desligamento Voluntário Programado).

Posição da ABCF

A fala do presidente da Cemig gerou indignação em trabalhadores da ativa e aposentados ouvidos pela ABCF. Afinal, por que vender uma empresa eficiente e lucrativa como a Cemig? Privatizar a Cemig, hoje, é o Estado abrir mão de receita. Acaso o Estado está com tanto dinheiro assim em caixa?

A empresa tem um papel essencial no desenvolvimento econômico do Estado. Além disso, a Cemig gera receita para o Estado em forma de dividendos. Como a privatização transformaria a Cemig numa “empresa melhor”? Aliás, melhor para quem? Para quem comprar, é claro.

O modelo de empresa que o governador Romeu Zema (Novo), a goiana ENEL, tem os piores índices de serviço e de satisfação dos consumidores do Brasil. É isso que o governador e o presidente da Cemig querem?

Na live, o presidente ainda dá a entender que demissões serão inevitáveis. Ora, a Cemig é uma empresa que vem perdendo trabalhadores ano após ano. Os que estão lá se desdobram para manter o grau de excelência da empresa. E ainda querem cortar se privatizar?

A ABCF é contra a privatização da Cemig por trazer prejuízos para a população e para a categoria. O que o povo de Minas vai ganhar com a privatização? A tarifa vai aumentar tanto quanto em Goiás? Os serviços vão ficar tão ruim quanto os de lá.

Ninguém pode aceitar passivamente que seja colocado um presidente com o único propósito de privatizar a Cemig. Que a fala desse presidente fortaleça a nossa luta contra a privatização.