MENU

Primeira mulher a assumir o Ministério da Saúde anuncia “revogaço”

Nísia Trindade revogará portarias e normas técnicas negacionistas do governo Bolsonaro. Sind-Saúde/MG espera investimento na saúde, carreira e salários e a retomada da Mesa Nacional de Negociação do SUS

Publicado: 04 Janeiro, 2023 - 16h10

Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Sind-Saúde/MG e Correio Braziliense | Editado por: Rogério Hilário

Marcelo Camargo/Agência Brasil
notice

A socióloga e pesquisadora Nísia Trindade, que presidiu até 2022 a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é a primeira mulher a assumir o cargo de ministra da Saúde no Brasil. Nísia Trindade, com trajetória sanitarista, tem um grande desafio de reconstruir o SUS após a política de caos instalada pelo último governo e tantos ataques à saúde pública.

Além disso, o Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG) espera que o governo Lula invista na força de trabalho na saúde com educação continuada, carreira e salários e que retome a Mesa Nacional de Negociação do SUS.

Nísia Trindade se formou em Ciências Sociais pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) em 1980. Nove anos depois, concluiu mestrado em ciência política pelo atual Iesp (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, e em 1997 se tornou doutora em Sociologia.

Para ela, o ministério tinha perdido a capacidade de diálogo, de cooperação por conta de uma gestão que "nos trouxe um período de obscurantismo, de negação da ciência, da cultura, dos valores que não gosto nem de denominar civilizatórios, como muitos denominam". Por causa disso, ela anunciou que, ainda esta semana, fará um "revogaço" de portarias e notas técnicas consideradas anticiência.

“Serão revogadas, nos próximos dias, as portarias e notas técnicas que ofendem a ciência, os direitos humanos, os direitos sexuais reprodutivos, e que transformaram várias posições do Ministério da Saúde em uma agenda conservadora e negacionista", afirmou.

Nísia Trindade deixou claro que combaterá o racismo estrutural, seja aquele percebido na execução de programas voltados para a população preta, seja nas relações dentro do ministério. "Em muitos casos, políticas nacionais bem definidas e bem fundamentadas, a exemplo da política de saúde para população negra, esbarram em dificuldades institucionais que precisam ser encaradas. No nosso ministério, trabalharemos de forma assertiva no combate ao racismo estrutural. Conforme mencionou o presidente Lula, a doença no Brasil tem cor", ressaltou.