Setor de ferro-ligas segue demitindo no Norte de MG Empresas abafam os altos-fornos
Publicado: 16 Abril, 2009 - 23h00
Escrito por: Eficaz Comunicação
LUCIANE LISBOA
As indústrias de ferro-ligas localizadas no Norte de Minas Gerais continuam sofrendo os impactos do desaquecimento da economia. A Rima Industrial, por exemplo, já demitiu a metade dos 834 funcionários que possuía na planta de Várzea da Palma. Na unidade de Capitão Enéas, as atividades foram totalmente suspensas e os 350 empregados tiveram os contratos de trabalho cancelados. As informações são dos sindicatos dos metalúrgicos dos dois municípios.
Conforme o presidente da entidade em Várzea da Palma, Geci de Souza Silva, na segunda-feira, a Rima fechou acordo de quebra de contrato de trabalho e de férias coletivas com todos os funcionários. "A escala de férias coletivas começa no próximo dia 5 e vai durar 20 dias. Aqueles que serão colocados em licença remunerada também começam (a ficar em casa) no dia 5. Mas, neste caso, o acordo vale por um mês", afirmou Silva.
Em Capitão Enéas a situação é ainda mais grave. Segundo o presidente do sindicato dos metalúrgicos local, Antônio Tavares, a companhia abafou os dois fornos e paralisou as atividades na planta.
"A direção da empresa fechou um acordo de suspensão de contratos por cinco meses. Antes disso, já havia demitido 50 funcionários. Estamos desesperados. Não sabemos o que vai acontecer depois que este prazo acabar", disse Tavares.
A Rima também suspendeu as atividades de mineração em Olhos D’Água e de carvoejamento em Buritizeiro e Riacho dos Machados. O grupo mantém as operações na fábrica de magnésio e autopeças em Bocaiúva. "A empresa argumenta que não tem mercado. Está tudo parado mesmo. E sem qualquer previsão de melhora", ressaltou Tavares.
De acordo com a Federação Sindical Democrática dos Metalúrgicos, o grupo Rima tem uma dívida com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) de R$ 88 milhões, além de outros débitos em atraso no exterior. A crise, que teria prejudicado os negócios fora do país, foi o argumento usado para efetuar os cortes e também provocar a suspensão de contratos.
Mais cortes - Além da Rima Industrial, outras indústrias de ferro-ligas localizadas no Norte de Minas também efetuaram demissões em função da retração econômica. A Italmagnésio, instalada em Várzea da Palma, já demitiu 230 pessoas e anunciou que vai dispensar mais 150 nos próximos dias.
"A empresa nos procurou para informar sobre as demissões. Também foram abafados dois de seus quatro fornos. Segundo a Italmagnésio, se a situação persistir, pode haver mais cortes e até uma paralisação total das atividades", salientou Silva.
Em março, empresários do setor na região estiveram em Belo Horizonte para reivindicar auxílio para a categoria junto ao governo do Estado. Eles alegaram que a produção estaria parada em função da falta de encomendas das siderúrgicas e das indústrias de fundição.
Fonte: Diário do Comércio