Trabalhadoras e trabalhadores cobram do governo do Estado pagamento de salário
Categoria faz Ato Público e sai em marcha pelas ruas de Belo Horizonte. Educadoras e educadores só encerrarão greve após quitação integral da primeira parcela
Publicado: 19 Junho, 2018 - 15h14 | Última modificação: 26 Junho, 2018 - 11h07
Escrito por: Rogério Hilário
“Sem salário, sem trabalho”; “não tem arrego, você tira o meu direito e eu tiro seu sossego”; “Pimentel, seu traidor, pagar salário não é nenhum favor”. Assim, profissionais da educação do Estado de Minas Gerais deram o recado ao governador Fernando Pimentel, na manhã desta terça-feira (19), em Ato Público. A concentração começou em frente ao Palácio da Liberdade, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Educadoras e educadores, que paralisaram as atividades no dia 11 de junho contra o parcelamento dos salários, protestaram contra mais uma atitude de desrespeito do governo do Estado, que não honrou a escala divulgada na semana passada, depositou apenas R$ 1.500 da primeira parcela de trabalhadoras e trabalhadores, na última sexta-feira (15). Além disso, o pagamento de aposentadas e aposentados só deveria ser depositado, em parcelas de até R$ 1 mil, nesta terça-feira (19). Houve o reescalonamento do parcelamento. Dirigentes do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), anunciaram que a categoria só encerra a greve quando toda a primeira parcela da categoria for quitada.
Os manifestantes saíram em marcha e ocuparam as ruas do Centro da capital, para denunciar o descaso do governo do Estado com educadoras e educadores – outras categorias, com salários maiores, já receberam a primeira parcela. Muitos profissionais de educação, por não receber o pagamento no quinto dia útil, um direito garantido por lei, se encontram em estado de penúria, sem condições financeiras de comprar alimentos, pagar transporte e estão se endividando. O protesto se encerrou na Praça Sete, quando os manifestantes ocuparam todas as pistas da Avenida Afonso Pena.
“Hoje estamos aqui por falta de salários e porque somos tratados de forma diferenciada e desrespeitosa pelo governo do Estado, que, ao contrário do que anunciou, não pagou no dia 13 de junho outras categorias, mas só depositou, no dia 15, parte da primeira parcela de educadoras e educadores da ativa, limitando o valor a R$ 1.500. Aposentadas e aposentados ficaram para hoje (19 de junho) e o valor vai de R$ 500 a R$ 1 mil. Não entendemos a discriminação e o governo também não nos dá qualquer resposta. A situação já passou dos limites. Não voltaremos ao trabalho enquanto pelo menos a primeira parcela dos salários não for quitada na integralidade”, protestou Paulo Henrique Santos Fonseca, da Direção Estadual do Sind-UTE/MG.
Na manifestação e na sua luta pelo pagamento dos salários, trabalhadoras e trabalhadores em educação receberam o apoio a solidariedade da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), do Sindieletro-MG, da base CUTistas, dos estudantes e dos movimentos sociais, que foram representados no Ato Público.
“Todo governante promete que vai valorizar a educação e, na realidade, isso não acontece. É um absurdo ter que fazer greve para receber salário. É inadmissível trabalhar durante todo o mês e não receber salário no quinto dia útil. Como consequência, trabalhadoras e trabalhadores não têm dinheiro para transporte, para garantir sua alimentação e de sua família. O que está em jogo é dignidade, a sobrevivência das pessoas. Uma aposentada me disse que, por não conseguir pagar as prestações, está prestes a perder sua moradia. As demais categorias estão unidas em solidariedade aos educadores e na cobrança de uma solução pelo governo do Estado”, disse Jairo Nogueira Filho, secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG).
“Eletricitárias e eletricitários, organizados pelo Sindieletro-MG, estão juntos com educadoras e educadores e outras categorias neste enfrentamento do funcionalismo com o governo do Estado. O resultado é uma indignação com este desrespeito com trabalhadoras e trabalhadores. Assim também nos unimos contra sucateamento da Cemig, que coloca em risco a produção e a distribuição de energia e prejudica os consumidores. Nos últimos dois anos sofremos a perda de mais de 2 mil trabalhadoras e trabalhadores, algumas equipes foram extintas e, processos, perdidos pela empresa, resultaram em indenizações calculadas em R$ 31 milhões, e este valor quem vai pagar são a população”, afirmou Jefferson Leandro Teixeira da Silva, coordenador geral do Sindieletro-MG.
Para Jefferson da Silva, a educadoras e educadores merecem respeito não apenas por serem responsáveis pelo futuro do país. “Foi o grande debate proposto durante a greve de 2011, no enfrentamento com o governo, que levou à construção da unidade no grupo Quem Luta, Educa, que desmascarou o projeto dos tucanos em Minas Gerais e provocou a derrota da política neoliberal no Estado nas eleições de 2014. Nós escolhemos o nosso lado e o nosso projeto, quem ajuda a direita é quem mantém o projeto neoliberal e não paga salários. A greve de trabalhadoras e trabalhadores em educação é fundamental para Minas, para o bem público e qualidade do ensino público e gratuito. O Sindieletro se solidariza com a categoria, que tem que arrancar o fim do parcelamento de salários, o piso salarial e fazer outro grande debate nas eleições”, acrescentou o coordenador do Sindieletro-MG.
“Muitos vieram em caravanas, passaram a noite na estrada, por uma luta que não passava pelo nosso imaginário: pagamento de salário. É um desrespeito com uma categoria que foi fundamental na luta contra a PEC do congelamento dos investimentos, contra a reforma do ensino médio, que derrotou a reforma da Previdência, o que garante a aposentaria de milhões de pessoas. Uma categoria que inscreveu sua importância na sociedade, que, mesmo tendo os salários menores, não recebeu a primeira parcela no dia 13, quando todas as categorias deveriam ter recebido. Aposentadas e aposentados não receberam até agora. Não é possível trabalhar sem recebe salário. É inacreditável que o governo não publicou uma nota, não chamou o Sindicato para conversar nenhuma vez. O governo só conversa com os sindicatos pela imprensa. E fomos responsáveis pela derrota do choque de gestão, do projeto neoliberal em 2014. Por isso, a luta tem que ser no dia a dia, no coletivo e no fortalecimento do seu Sindicato. Viva a classe trabalhadora”, afirmou Beatriz Cerqueira, presidenta licenciada da CUT/MG.
Nota de esclarecimento do Sind-UTE/MG sobre informe do Governo do Estado
O Governo do Estado informou ao Sind-UTE/MG nesta segunda-feira, dia 25 de junho de 2018, que fará o pagamento da primeira parcela do salário dos/as aposentados/as e a segunda parcela dos salários da educação para quem está na ativa e também para aposentados nesta segunda-feira.
Conforme decisão do Congresso do Sind-UTE/MG, a categoria paralisou suas atividades até o pagamento da primeira parcela dos salários.
O Sindicato acompanhará para confirmar se o pagamento for feito e caso seja feito para toda a categoria orientará o retorno às atividades, conforme decisão da categoria em Congresso.
Portanto, o Sind-UTE/MG orienta à categoria que aguarde a confirmação do pagamento e a comunicação da entidade, mantendo-se paralisada e mobilizada.
O Sindicato informa também que fará a comunicação ao governo quando as atividades forem retomadas, resguardando assim todos e todas que atenderam ao chamado coletivo de luta pelo direito de recebimento dos salários.