Trabalhadoras e trabalhadores da Ebserh entram em greve por tempo indeterminado
Profissionais que trabalham em hospitais administrados pela empresa cobram ACTs que não foram assinados por três anos
Publicado: 21 Setembro, 2022 - 17h51
Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Sindsep/MG | Editado por: Rogério Hilário
Trabalhadoras e trabalhadores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) no Estado, coordenados e organizados pelo Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal de Minas Gerais (Sindsep/MG), entraram em greve por tempo indeterminado nesta terça-feira, 21 de setembro, Dia Nacional de Paralisação pelo Piso da Enfermagem. Por força de uma liminar da ministra Delaíde Alves Miranda Arantes, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ficou determinada escala de 60% para a assistência (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas) e de 50% para a administração. As outras três unidades gerenciadas pela Ebserh no Estado (Juiz de Fora, Uberaba e Uberlândia) também aderiram à greve.
As categorias que compõem o quadro do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no Bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, realizaram ato em frente à unidade hospitalar pela manhã. À tarde, trabalhadoras e trabalhadores, que cobram da Ebserh o ACT 2022/2023, tendo como principal reivindicação a reposição das perdas salariais acumuladas nos últimos três anos, participaram de assembleia no local e realizaram novo protesto. Com faixas, palavras de ordem e narizes de palhaço, empregadas e empregados denunciaram o desrespeito da empresa e distribuíram uma carta aberta à população. Pela manhã, as faixas foram estendidas durante o fechamento dos semáforos na Avenida Alfredo Balena.
O movimento de trabalhadoras e trabalhadores da Ebserh recebeu o apoio de enfermeiros e técnicos de enfermagem de vários hospitais de Belo Horizonte, que também protestam contra a suspensão do piso da categoria, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 15 de setembro.
Há três anos, trabalhadoras e trabalhadores da Ebserh tentam negociar Acordos Coletivos de Trabalho (ACT's) e recebem como resposta a tentativa de retirada de direitos e redução de salários. O propósito da greve é pressionar a empresa para a resolução de três acordos coletivos que estão parados, sem resolução.
Diante da falta de respeito, trabalhadoras e trabalhadores lotados nos hospitais administrados pela Ebserh, em Minas Gerais, resolveram iniciar o processo de construção de um movimento paredista, aprovado em plenária nacional no dia 6 de setembro.
“Vamos ficar em greve por tempo indeterminado, pois nosso movimento foi considerado legal. A paralisação continua até a Ebserh se manifeste e apresente um percentual de aumento justo para as categorias. O movimento só vai se encerrar quando houver vitória nas negociações”, afirmou Otávio Augusto Martins Cardoso, diretor do Sindsep/MG.
“Os profissionais estão unidos e dispostos a lutar por seus direitos. Eles sentiram a inflação do período, sofrendo uma redução de quase 30% nos salários, desde 2019. Exigimos nada mais, nada menos, que a aplicação legal da CLT, que é a correção inflacionária”, disse William Martins da Silva, delegado sindical do Sindsep/MG e técnico em enfermagem do setor de Radiologia do Hospital das Clínicas.
Juiz de Fora
Em Juiz de Fora, trabalhadoras e trabalhadores se reuniram em frente ao Hospital Universitário – unidade Santa Catarina (HU/Ebserh/UFJF) e se lá saíram em passeata pelas ruas da cidade para denunciar à população o descaso da empresa com seus empregados. Está programada uma vigília, das 19 horas às 21 horas, quando trabalhadoras e trabalhadores darão um abraço no HU e com velas e orações farão uma homenagem aos profissionais que perderam a vida durante a Pandemia de Covid-19. Já nesta quinta-feira (22), segundo dia de greve, as atividades serão realizadas na unidade Dom Bosco do Hospital Universitário, seguida de nova passeata pela cidade.
Triângulo Mineiro
Em Uberaba, a mobilização começou cedo no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Em mais uma atitude arbitrária, a diretora do Sindsep/MG e da Condsef/Fenadsef, Jussara Griffo, foi impedida de entrar nas dependências da unidade hospitalar para negociar a escala de greve. Mas trabalhadoras e trabalhadores não se dobraram à atitude da empresa e realizaram um grande ato na portaria do Hospital das Clínicas. Já em Uberlândia, também houve ato na portaria no Hospital das Clínicas da Universidade Federal.
Vitória
Trabalhadoras e trabalhadores da Ebserh tiveram uma grande vitória um dia antes de deflagrarem a greve. O Tribunal Superior do Trabalho (TST), por meio da ministra Delaíde Arantes, rejeitou o pedido de liminar da empresa, que alegava que a greve deveria ser considerada abusiva, pois era uma retomada da paralisação de 2021, já objeto de dissídio de greve ajuizado pela própria Ebserh.
Negociações
Trabalhadoras e trabalhadores da Ebserh apresentaram ao governo uma pauta que inclui a manutenção das cláusulas sociais do ACT vigente e uma reposição inflacionária linear de 22,30%, referente aos três anos de congelamento salarial, incidindo sobre os salários e benefícios dos empregados. Também cobram o pagamento dos valores retroativos sobre salários e benefícios considerando os respectivos ACTs vencidos. Além do reajuste linear, a categoria busca um aumento de R$ 600 aos assistentes administrativos, uma vez que eles recebem os menores salários pagos pela Ebserh, o que provoca uma disparidade, e muitos não recebem insalubridade
A Ebserh ofereceu reajuste de 20% para os ocupantes dos cargos de Assistente Administrativo e Técnicos e, de 13%, para os cargos assistenciais sobre a tabela salarial vigente, sem retroatividade. Essa proposta, porém, é condicionada à retirada da insalubridade sobre o salário base. A proposta teve como principal objetivo dividir a categoria ao oferecer percentuais diferentes de reposição inflacionária dos salários, mas acabou surtindo um efeito contrário. A empresa insiste em reduzir o adicional de insalubridade do salário-base para o salário mínimo, o que irá diminuir o salário de todos os trabalhadores e seria usado como moeda de troca para a concessão do reajuste proposto.