Trabalhadoras e trabalhadores da Ebserh realizam ato no Dia Nacional de Lutas/Greve
Categorias entrarão em greve no dia 21, pois há três anos tentam negocias Acordos Coletivos de Trabalho (ACT’s) e recebem como resposta tentativas de retirada de direitos e redução de salários
Publicado: 15 Setembro, 2022 - 11h08 | Última modificação: 15 Setembro, 2022 - 11h31
Escrito por: Rogério Hilário, com informações de Sindsep/MG e Condsef | Editado por: Rogério Hilário
Trabalhadoras e trabalhadores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), coordenador e organizados pelo Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal de Minas Gerais (Sindsep/MG) realizaram ato e participaram de reunião no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, na quarta-feira, 14 de setembro. As atividades fizeram parte do Dia Nacional de Lutas/Greve. A categoria definiu, no dia 6 de setembro, durante plenária nacional, paralisar as atividades a partir do dia 21, contra o descaso da empresa que se recusa a negociar com os trabalhadores e ainda quer retirar direitos. As manifestações também aconteceram Juiz de Fora (HU/UFJF), Uberaba (HC/UFTM) e Uberlândia (HC/UFU). Desde quarta-feira, trabalhadoras e trabalhadores da Ebserh estão em estado de greve.
A greve abrangerá todo corpo dos trabalhadores, assistente administrativo, enfermeiros, técnico de enfermagem e demais colaboradores da Ebserh. O propósito da greve é pressionar a empresa para a resolução de três acordos coletivos que estão parados, sem resolução.
Há três anos, trabalhadoras e trabalhadores tentam negociar Acordos Coletivos de Trabalho (ACT's) e recebem como resposta a tentativa de retirada de direitos e redução de salários. Até a mediação no Tribunal Superior do Trabalho (TST) segue pendente.
Diante da falta de respeito, trabalhadoras e trabalhadores lotados nos hospitais administrados pela Ebserh, em Minas Gerais, resolveram iniciar o processo de construção de um movimento paredista.
Comunicado à empresa
Cumprindo requisitos formais que regem movimento paredista, um comunicado de deflagração de movimento paredista dos empregados públicos da Ebserh foi encaminhado pela Condsef/Fenadsef nessa quarta-feira, 14, ao presidente da empresa, Oswaldo de Jesus Ferreira. Serviços essenciais e inadiáveis à população serão mantidos, sendo a categoria consciente de suas responsabilidades.
No documento é informada a decisão tomada por maioria absoluta em plenária nacional, referendada por assembleias locais, pela realização de greve por tempo indeterminado a partir do dia 21 desse mês.
A decisão é o último recurso dos trabalhadores frente aos impasses instalados no processo de negociações com a empresa marcado pela ausência de avanços e retirada de direitos.
Negociações
Trabalhadoras e trabalhadores da Ebserh apresentaram ao governo uma pauta que inclui a manutenção das cláusulas sociais do ACT vigente e uma reposição inflacionária linear de 22,30%, referente aos três anos de congelamento salarial, incidindo sobre os salários e benefícios dos empregados. Também cobram o pagamento dos valores retroativos sobre salários e benefícios considerando os respectivos ACTs vencidos. Além do reajuste linear, a categoria busca um aumento de R$ 600 aos assistentes administrativos, uma vez que eles recebem os menores salários pagos pela Ebserh, o que provoca uma disparidade, e muitos não recebem insalubridade
A Ebserh ofereceu reajuste de 20% para os ocupantes dos cargos de Assistente Administrativo e Técnicos e, de 13%, para os cargos assistenciais sobre a tabela salarial vigente, sem retroatividade. Essa proposta, porém, é condicionada à retirada da insalubridade sobre o salário base. A proposta teve como principal objetivo dividir a categoria ao oferecer percentuais diferentes de reposição inflacionária dos salários, mas acabou surtindo um efeito contrário. A empresa insiste em reduzir o adicional de insalubridade do salário-base para o salário mínimo, o que irá diminuir o salário de todos os trabalhadores e seria usado como moeda de troca para a concessão do reajuste proposto.
Reunião com TST
A Assessoria Jurídica da Condsef/Fenadsef está agendando uma reunião com a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Delaíde Miranda, para tentar solucionar uma negociação em torno do ACT que vem se estendendo há mais de três anos.
Na última reunião de mediação dos Acordos Coletivos de Trabalho da Ebserh, a ministra do TST, Delaíde Miranda, chegou a apresentar uma contraproposta que inclui a manutenção das cláusulas sociais do atual ACT da empresa, reajuste integral linear para todos os empregados de 20%, com retroativo a partir de janeiro de 2022, além da manutenção da insalubridade da forma como se encontra. No entanto, a direção da empresa não concordou com nenhuma das propostas que foram apresentadas, nem pelas entidades, nem pelo TST, mantendo o impasse nas negociações.
COMUNICADO ÀS CATEGORIAS
EMPREGADA E EMPREGADO DA EBSERH, ESTÁ CARTA É PARA VOCÊS!
21 de setembro de 20-22 – AGORA É GREVE! Esse é o momento, esta é a palavra certa!
Após um longo e desgastante período de negociações junto à empresa, o conjunto de trabalhadoras e trabalhadores se organizou, se uniu e decidiu que o momento é esse, e que agora vamos para a MAIOR GREVE DA HISTÓRIA DA EBSERH! Ao longo desse período de negociações, diversos foram os enfrentamentos de propostas consideradas inaceitáveis pela força de trabalho. Propostas, inclusive, que tentavam colocar trabalhador contra trabalhador em uma espécie de guerra pela sobrevivência. Não obstante, tivemos que conviver com uma série de tentativas da empresa ao querer induzir empregadas e empregados a aceitar suas propostas – mandando vídeos e e-mails diretamente para o conjunto de trabalhadoras e trabalhadores.
Até fake news espalhadas ao vento foram propagadas por pessoas que sequer se identificavam. Tudo isso aconteceu no momento que enfrentávamos a maior pandemia da história recente. Momento esse em que até mesmo presenciamos nossos colegas de trabalho morrerem na busca de ajudar e a salvar vidas de pessoas que sequer conheciam. Se a empresa tivesse realmente ouvido as necessidades de trabalhadoras e trabalhadores, negociado com pautas que não retirassem direitos, muito possivelmente não estaríamos passando por esse verdadeiro constrangimento.
Agora, o momento é outro. Estamos em uma situação em que a força de trabalho da EBSERH se reuniu no Brasil inteiro. Recentemente, fizemos assembleias, plenária etc. E o resultado de tudo isso foi um só: para buscar a resolução dos ACTs 2021/2022 e 2022/2023 será, infelizmente, à base de GREVE! O dia 21 de setembro de 2022 está sendo construído por trabalhadoras e trabalhadores para marcar o início à MAIOR GREVE DA HISTÓRIA DA EBSERH!
Aderir à greve é também defender a EBSERH!
A recomposição das perdas salariais e a manutenção de nossas conquistas em benefícios e vantagens é o mínimo pelo que lutamos. Se você não concorda com a postura que a diretoria da empresa tem adotado, é hora de entrar nessa luta também. Não podemos ser coniventes com essas medidas. A greve é um direito do qual não podemos abrir mão.
Vamos JUNTOS! A hora é AGORA! Vem pra GREVE!
ESSENCIAIS PARA O POVO! INVISÍVEIS PARA O GOVERNO!