Trabalhadoras e trabalhados dos Correios aprovam continuidade da Greve Geral
Movimento começa forte em Minas Gerais e no restante do Brasil com apoio de outras categorias dos serviços e empresas públicas
Publicado: 11 Setembro, 2019 - 16h15 | Última modificação: 11 Setembro, 2019 - 16h21
Escrito por: Rogério Hilário
Em meio a uma das maiores mobilizações da história da categoria, trabalhadoras e trabalhadores dos Correios decidiram, em assembleia realizada no início da tarde desta quarta-feira (11), em Belo Horizonte, pela continuidade da Greve Geral, iniciada às 22 horas de terça-feira (10), em todo o Brasil. A aprovação da manutenção do movimento foi feita por representantes de todos os setores da empresa no Estado e aconteceu em frente à Agência Central – Agência Juscelino Kubitscheck, na Avenida Afonso Pena, Centro da capital mineira. As mobilizações pela ampliação do movimento, que já nasceu forte em todo do Estado, seguiram por todo o dia e, amanhã, está marcada uma nova assembleia no mesmo local.
Todo o empenho para ampliar a adesão à paralisação, diálogo com a população sobre a importância dos Correios, ameaçado de privatização, juntamente com todas as empresas públicas, pelo ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro, e a luta contra extinção de benefícios - como vale-refeição, convênio de saúde etc -, proposta pela direção da ECT, e pela manutenção das cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalhado (ACT), que seriam retiradas com base na Reforma Trabalhista aprovada no governo ilegítimo de Michel Temer, também foram aprovados na assembleia, em que os ecetistas contaram com apoio de outras categorias dos serviços públicos privados, entre elas os bancários, representados por dirigentes do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região.
Antes da deliberação final do dia, trabalhadoras e trabalhadores saíram em passeata pelas vias da região Central, passando pelas avenidas Álvares Cabral e Augusto de Lima, a rua Espírito Santo e, novamente, seguindo pela Avenida Afonso Pena até a Agência Central. Dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Correios, Telégrafos e Similares de Minas Geras (Sintect-MG) também defenderam a unidade de todas as categorias do serviço público e das empresas públicas contra as pautas do governo Bolsonaro e a construção de uma Greve Geral com a adesão de toda classe trabalhadora.
“A greve nasceu forte e tende a crescer ainda mais nos próximos dias. A direção da empresa não em proposta para as negociações. Só fala em retirar direitos e, por isso, nós voltaríamos à estaca zero se não entrássemos em greve. Perderíamos o que está garantido no ACT, as cláusulas que existem deste que fomos aprovados em concurso e o que conquistamos, como tíquete-refeição, plano de saúde e outros benefícios, que são além da CLT, que, hoje, se resume à reforma trabalhista de Michel Temer. Nossa luta principal, no entanto, é contra as privatizações. Defendemos os Correios 100% público e de qualidade. Com a privatização, milhares serão demitidos e, com as perdas, a renda cairá muito. Outras categorias estão apoiando a luta, que é coletiva, não apenas de trabalhadoras e trabalhadores dos Correios. E queremos, com esta união, construir uma Greve Geral por tempo indeterminado”, afirmou Gilson José Cunha, diretor do Sintec-MG.
“Vamos fazer a nossa Greve Geral através de atos e mobilizações diárias. Ela atinge todas as regiões do Estado e podemos fortalecê-la ainda mais. Trinta e seis sindicatos estão envolvidos neste movimento que atinge todos os estados. Em São Paulo, cinco mil pessoas foram à assembleia; no Rio de Janeiro, três mil. Hoje e nos dias seguintes temos que ampliar, dialogar com a população sobre os motivos da paralisação e sobre a importância de um Correio estatal. Nossa luta é para abrir o diálogo com a direção da empresa, que não quer negociar, não tem proposta para negociação”, disse Robson Gomes Silva, presidente do Sintect-MG.
Queremos uma empresa 100% estatal e de qualidade e que pague salário digno e ofereça condições de trabalho e não jogue a população contra trabalhadoras e trabalhadores, com extinção da distribuição diária de correspondência. Houve uma redução do quadro de pessoal, pois os Correios não têm concurso público desde 2011. E nós acumulamos funções que seriam exercidas por três ou quatro pessoas. A população não sabe disso. E os Correios estão em todo o Brasil, em 5.570 municípios. As empresas que assumirem, se houver privatização, não atingirão todo o país, apenas as regiões que gerarem mais lucro. Por isso, queremos abrir o debate com a população sobre a importância da empresa, que existe há séculos. E vamos nos unir com petroleiros, eletricitários, bancários, com todas as categorias, para enfrentar esta pauta diabólica deste governo.”
“Com esta Greve Geral dos ecetistas acendemos uma fagulha para incendiar a classe trabalhadora e a população brasileira. O que este governo diabólico quer é finalizar o que Fernando Henrique Cardoso não conseguiu nos anos 1990 e início de 2000: entregar o patrimônio e a soberania da Nação. Temos que conversar com as pessoas sobre a importância dos Correios, de todas as empresas e dos serviços públicos. Queremos que o governo respeite as conquistas e o que foi construído pelo povo brasileiro. Nós estamos juntos e vamos pressionar este governo. Não vamos admitir a venda do patrimônio público do Brasil”, afirmou Helbert Souza, diretor do Sindicato dos Bancários.
“Os Correios estão em 5.570 municípios e o governo quer entregar uma estatal que é auto-sustentável e rende mais de R$ 20 bilhões por ano. Olhem bem, as empresas concorrentes, que trabalham apenas com encomendas, cobram três vezes mais. E quem entrega a correspondência? Os carteiros. E a direção não quer negociar. Quer, sim, retirar tudo que nos foi garantido nos concursos. A gente precisa nos unir, o momento é agora. Depois, não adianta chorar o leite derramado. O governo quis pagar pra ver e vê um Correio parado de ponta a ponta, em uma greve mais do que justa, em defesa de tudo que conquistamos a duras penas. O Paulo Guedes (ministro da Economia) diz que somos gafanhotos, que destruímos tudo. Só que estamos trabalhando para três, quatro pessoas. Temos que reagir e exigir: nenhum direito a menos e a manutenção de todas as cláusulas da nossa convenção”, disse Pedro Paulo.