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Um ano de Brumadinho: marcha de seis dias denuncia o crime da Vale

Cerca de 350 atingidos saíram de Belo Horizonte e seguirão até Brumadinho; na sexta (24), passarão por Betim, onde será realizado um seminário com a presença do ex-presidente Lula

Publicado: 20 Janeiro, 2020 - 15h32 | Última modificação: 20 Janeiro, 2020 - 15h39

Escrito por: Rogério Hilário, com informações do MAB e da Revista Fórum

Carol Garcia
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O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), com apoio dos movimentos sindical e sociais, deu início na manhã desta segunda-feira (20), à Marcha dos Atingidos: 1 ano do crime da Vale em Brumadinho”.  A marcha de seis dias para o crime da Vale que completa um ano no próximo sábado (25), começou, por volta das 9 horas, em Belo Horizonte, com manifestação na Praça do Papa, seguida de caminhada até a Praça Milton Campos. Foram feitas duas paradas. A primeira, em frente ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), na avenida Afonso Pena, e em seguida em frente à Agência Nacional de Mineração (ANM). Nas duas instituições, o MAB protocolou documentos questionando o Estado em relação ao rompimento da barragem que deixou 270 mortos, sendo que 11 ainda estão desaparecidos.

Trezentos e cinquenta atingidos percorrerão cerca de 300 quilômetros em caravana. “Pretende-se com a marcha, dar visibilidade e legitimidade nacional e internacional à luta dos atingidos e atingidas por barragens diante dos dois crimes da Vale; fortalecer a unidade e organização estadual e nacional entre atingidos na luta e resistência pelos seus direitos e na construção de um novo projeto energético popular; denunciar os crimes e o tratamento que as empresas privadas vêm fazendo sobre a sociedade brasileira especialmente aos atingidos por barragens; e reconhecer os atingidos e atingidas como defensores dos Direitos Humanos”, diz o MAB.

A marcha passará pelas cidades de Pompeu, Juatuba, Citrolândia, São Joaquim de Bocas, Betim, onde será realizado um seminário internacional que contará com a presença do ex-presidente Lula, e termina no sábado com atividades Brumadinho e no Córrego do Feijão.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Jairo Nogueira Filho, que participou das atividades do MAB nesta segunda-feira (20), “a resistência em um ano, a nossa luta é para reverter isso aqui em Minas Gerais, onde o governo do Estado governo de Romeu Zema, não tem feito nada. É um cúmplice da criminalidade da Vale, do que está acontecendo em Minas Gerais. O governo do Estado não toma nenhuma providência com relação ao crime da Vale.”

“O crime de Brumadinho está completando um ano, sem nenhuma solução. Como aconteceu em Mariana, há mais de quatro anos, cobramos solução para o que aconteceu em Brumadinho a Justiça de Minas não puniu ninguém, não prendeu ninguém. E parece que, se não fizermos mobilizações e luta, pode se repetir no Estado. Nós, do movimento sindical, além de todo apoio e solidariedade ao Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB) e às pessoas que tiveram perdas irrecuperáveis, estamos incomodados e muito tristes porque  foram trabalhadoras e trabalhadores que morreram assassinados neste crime da Vale. São mais de 270 trabalhadoras e trabalhadores que morreram no loca de trabalho, o que não é comum para a classe trabalhadora. A gente vai para o local de trabalho para ter dignidade e melhores condições para exercer nossas atividades, não para voltar em um caixão, como aconteceu em Brumadinho. Ainda temos 11 famílias, 11 companheiros e companheiras,  que não foram encontrados”, afirmou Jairo Nogueira Filho, ao falar em frente ao TJMG.

De acordo com o MAB, o objetivo da marcha é “dar visibilidade e legitimidade nacional e internacional à luta dos atingidos e atingidas por barragens diante dos dois crimes da Vale; fortalecer a unidade e organização estadual e nacional entre atingidos na luta e resistência pelos seus direitos e na construção de um novo projeto energético popular; denunciar os crimes e o tratamento que as empresas privadas vêm fazendo sobre a sociedade brasileira especialmente aos atingidos por barragens; e reconhecer os atingidos e atingidas como defensores dos Direitos Humanos”.