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União e resistência contra a reforma da Previdência marcam o Dia do Trabalhador

Centrais sindicais e movimentos sociais realizam atos antes e depois da 43ª edição Missa de São José Operário (do Trabalhador) em Contagem e convocam para a greve geral

Publicado: 02 Maio, 2019 - 12h11 | Última modificação: 03 Maio, 2019 - 10h45

Escrito por: Rogério Hilário, com informação do Sindimet

Fotos Lidyane Ponciano
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A luta contra a reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro, com a construção da greve geral em junho; homenagem aos quase 300 mortos e os milhares de atingidos pelo crime ambiental da Vale em Brumadinho; a defesa da democracia e o estado democrático de direito, tendo como tema principal a libertação de Lula; e o protesto contra as privatizações. Estas foram as pautas do Ato Público unificado das centrais sindicais e dos movimentos sociais realizado na manhã desta quarta-feira, 1° de maio, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, realizado na Praça da Cemig, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

A manifestação, coordenada pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte, Contagem e Região (Sindimet), Geraldo Valgas, antecedeu a 43ª edição da Missa de São José Operário (do Trabalhador), presidida este ano por Dom Otacílio Ferreira de Lacerda, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte. Após a celebração, os manifestantes seguiram em marcha até a Praça do Trabalhador, onde participaram de novo ato contra a retirada de direitos. Participaram também dos atos o deputado federal Rogério Correia (PT), a deputada estadual Marília Campos (PT) e o vereador Gilson Reis (PCdoB).

Para o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Jairo Nogueira Filho, a data é um marco da organização das lutas da classe trabalhadora. “Não é o que comemorar, pois são 14 milhões de desempregados. E o que o governo diz é que com a reforma vai ampliar a oferta de emprego. Disseram que a reforma trabalhista seria a solução, mas o índice de desemprego só cresceu depois dela. Agora querem, mesmo, é acabar com a aposentadoria. E, quem está aposentado, acreditando que tem direito adquirido, que saiba: não tem. Pois podem ser enquadrados no sistema de capitalização. Precisamos nos organizar a partir de hoje, com este grande ato. A partir do dia 4, sábado, instalaremos tendas da democracia para seguir debatendo com o povo sobre a reforma da Previdência. No dia 15, a educação fará uma greve nacional que faz parte da construção da greve geral, programada para junho.”

“A reforma da Previdência proposta pelo governo de Jair Bolsonaro pode apertar demais os direitos sociais e acabar gerando problemas maiores, com aumento de pobreza no médio e longo prazo”, disse Valgas. O presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos de Minas Gerais (FEM-CUT/MG), Marco Antônio de Jesus, questionou porque o governo não tem uma política para a criação de empregos. “Gostaria de saber como um homem vai conseguir trabalho depois dos 50 anos. Não temos nada para comemorar neste 1º de Maio, com mais de 13 milhões de desempregados e outros 30 milhões que desistiram de procurar emprego. O governo não tem política para combater o desemprego. Só vemos empresas fechando as portas. É preciso ter emprego e renda para o povo. A reforma não passará.”

“É a hora de ver quem realmente está do lado do povo. A reforma deve voltar para onde ela não deveria ter saído: pra casa do Paulo Guedes. Ele significa o fim da aposentadoria, retirada de direitos e o desmonte da seguridade social. Conversem com os amigos, vizinhos e familiares sobre a reforma. Vamos discutir o que está por trás dessa reforma. Não é reforma. É um desmonte dos nossos direitos. Nós não podemos deixar que o governo retire o salário das pessoas com deficiência e passe a pagar R$ 400. Nós não podemos permitir que o trabalhador rural só consiga se aposentar depois de contribuir por 20 anos para o INSS””, disse Valéria Morato, presidenta da CTB Minas e diretora do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG).

"Não vamos permitir a reforma da Previdência. É falácia que o governo está atacando privilégios. Como, se o Bolsonaro disse que quem ganha R$ 2 mil é rico? Vamos parar o pais em junho, com a greve geral. Estamos lutando pelo futuro de nossos filhos. E lutamos também contra as privatizações, que resultaram em empresas como a Vale. O lucro não pode ficar acima da vida”, disse Helberth Ávila Souza, diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região.

Sania Barcelos Reis, do Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal de Minas Gerais (Sindsep-MG), também enfatizou a importância da união de todas as categorias e dos movimentos sociais contra a reforma da Previdência e as pautas reacionárias do governo Bolsonaro. “Trabalhadoras e trabalhadores precisamos continuar unidos para lutar contra Bolsonaro. O povo tem que continuar nas ruas para esta não deixar essa reforma passar no Congresso.”

“Ainda estamos em luto por Brumadinho. São 37 corpos que ainda não foram encontrados. São mais de 300 mortos pela ganância da Vale, rios mortos, lavouras e cidades destruídas. É possível mudar a realidade de nosso país. Nós temos a capacidade de nos reerguer diante da atual realidade. Fomos todas e todos atingidos por esse modelo de privatização que mata. O dia que a classe trabalhadora se unir, a burguesia não vai resistir. Não podemos ter divisão, precisamos estar unidos para esta luta concreta. Seguiremos firmes para que o crime da Vale não fique impune. Firmes e unidos por um Brasil mais justo”, disse Joceli Andrioli, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Durante o ato na Praça da Cemig, movimentos sindical e sociais homenagearam Ubirajara Alves de Freitas, o Bira, sindicalista que morreu no dia 22 de fevereiro, aos 55 anos.  Selma, viúva de Bira, e seu filho Samuel receberam uma placa e um banner do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora e do Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte, Contagem e Região (Sindimet).

Em sua homilia, Dom Otacílio defendeu os direitos sociais, garantidos pela Constituição, que vêm sendo atacados, e a seguridade social que, na sua opinião, “vem sendo esfacelada”. Ele lembrou, também, que “o trabalho, um bem tão importante, não pode ser fonte de lucro e de exploração”.

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